segunda-feira, 12 de maio de 2014

ARENGA VINTE E OITO


Entre todos os seres vivos existentes, o termo “humano” distingue uma categoria à qual as reviravoltas da natureza impuseram um processo evolutivo tão complexo que foi capaz de permitir a estes seres fisicamente mais fracos bolar artimanhas capazes de subjugar outros seres muito mais fortes, o que se deve ao desenvolvimento de um órgão chamado cérebro, órgão tão complexo que coordena todas as funções das quais depende a vida, e ainda por cima detém um negócio esquisito denominado poder mental, tão extraordinário quanto desconhecido, que se manifesta esporadicamente aqui e acolá produzindo efeitos chamados de milagre em virtude da ignorância que atribui a forças misteriosas vindas de entes fluidos, portanto invisíveis, a quem resolveram chamar de divindades. Tudo que escapa a uma explicação lógica ainda não alcançada pelos parcos conhecimentos científicos até agora incapazes de promover bem-estar entre os componentes da sociedade humana, qualquer coisa desconhecida é tida como vindo das divindades.

O poder atual do cérebro, tão poderoso que produz “milagres”, nem sempre foi tão poderoso assim. Era igualzinho ao poder do cérebro dos outros animais hoje denominados de inferiores por sua incapacidade de produzir idéias. Porém, deixou esta igualdade e embarcou na canoa furada da evolução, trocando pelo turbilhão nervoso e doentio do corre-corre, a sua paz de bicho cujos sofrimentos não podiam ser maiores que os atuais em virtude da ausência de sentimento. A história do desenvolvimento mental do ser humano, se bem pensada, vai dar numa contradição porque a palavra “evolução” tem sentido de “prá frente”. Considerando o fato lógico e compreensível de que ninguém quer ter seu sofrimento progredindo senão prá trás, o termo evolução está indicando um progresso da involução porquanto a humanidade está mais bruta que a animalidade do tempo em que não havia idéias, mas apenas instinto. Do processo de evolução do poder mental resultou um ambiente com predominância de mortes e lágrimas em lugar da praz e da alegria justificada porque a alegria festiva em que vivem os seres humanos é falsa. O fato é que a humanidade está num processo tão acentuado de decadência que está à beira da extinção, o que não indica motivo para alegria. É de se perguntar: E por que a humanidade se encontra desse jeito? Simplesmente porque o processo de evolução não podia levar em conta a predominância dos seres menos evoluídos mentalmente sobre os mais evoluídos, e esta inversão de valores colocou a humanidade em posição inferior aos bichos. E a evolução não podia prever esta situação porque ela é natureza e natureza não tem rumo. Assim, sem rumo, a quantidade assumiu a predominância sobre a qualidade e seres inferiores são travestidos de “celebridades” e “famosos” ao lado de desprezados cérebros privilegiados que afirmam em sua sensatez estar errado gastar em brincadeira o dinheiro de aliviar o choro de quem chora no corredor do hospital, e a explicação de chegar a humanidade ao ponto em que chegou se deve unicamente à situação absurda de seguir a orientação dos menos aptos às atitudes inteligentes e desprezar a orientação de seres tão privilegiados no ramo de produzir boas idéias que mostram como evitar ingerir veneno, ouvir barulho e brigar.

Também está errado o emprego do termo “humano” para representar a generalidade da espécie humana porque ela se compõe de duas espécies de seres tão diferentes espiritualmente uma da outra quanto a água do esgoto e a potável. E, por mais esquisito que seja, é exatamente o grupo da podridão que realmente detém o poder de mando. São os espécimes menos avançados em sociabilidade que decidem o destino da sociedade humana, embora também faça parte dela seres de infinita sabedoria cuja voz não se faz ouvir porque ficou convencionado que o poder de mando cabe ao grupo maior em quantidade, o que elimina a qualidade. Como noventa e nove e meio por cento dos seres humanos estão no grupo do esgoto mental, são eles os responsáveis pelo destino da humanidade e o resultado desta condução é este cenário de mortes e sofrimento que conhecemos e que acreditamos erradamente sermos obrigados a viver. Estaria a humanidade fadada ao sofrimento? Não. Não está. Além não estar, não deve ao sofrimento se acostumar. Ao contrário, devemos nos livrar de todos os sofrimentos decorrentes do fato de se viver em grupo por ser esta a melhor forma de se viver. Percebe-se a necessidade do ajuntamento ao contemplar quanta coisa existe em cada casa, na rua, nas cidades e no mundo que utilizamos e das quais não podemos prescindir. Outras pessoas fizeram com que a luz acenda ao acionarmos o interruptor, que água saia da torneira, enfim todas as coisas que nos possibilitam a vida com menores transtornos. Embora incógnitos, verdadeiros batalhões de outros seres humanos contribuem assim ou assado para o conforto de cada um individualmente.

Entretanto, se precisamos uns dos outros, está completamente errado ser o grupo liderado por quem promove desarmonia entre seus membros. A liderança da sociedade humana, como afirmou um dos raros espécimes do grupo de pureza mental, antes da existência de Cristo, o poder de mando ou liderança deve ser exercido por quem tem capacidade de produzir idéias luminosas. Entretanto, o que temos é o predomínio das mentes mais conturbadas onde habita a perversidade e o crime sobre outras onde a inteligência e a sabedoria se propõem a orientar em direção à paz e harmonia sem as quais não se pode falar em civilização. É tempo, portanto, de se refletir sobre tudo isso porque já chega de choro e insensatez. Inté.   

 

 

 

 

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