sábado, 21 de junho de 2014

O REI E A PROFECIA


O velho rei-pai ergueu a taça com a água de tomar o remédio e fez o seguinte brinde ao jovem rei-filho: “Filho meu, filho meu, não te disse que um dia tudo isto seria teu?”

Nada justifica que a estas alturas dos tempos ainda haja no mundo forma monárquica de governo. Embora inexista uma forma ideal de governo porquanto todas se baseiam em excluir o povo da participação na distribuição da riqueza que ele produz, a monarquia é uma instituição anacrônica e descartada por levar ao exagero o direito privado sobre o bem público. Embora o povo nunca tenha deixado de ser depenado na medida da prodigalidade, luxo e enriquecimento dos governantes e seus asseclas, esta limpeza dos bolsos da sociedade é feita sob disfarce em todas as outras formas de governo, menos na mumificada monarquia que dispensa os arrodeios e passa de pai para filho o reino com os vassalos como se fosse uma fazenda e o gado como a que nosso pai passou para nós, comportamento que levou a sensibilidade do poeta a comparar povo a manada. Povo sob monarquia, então, ainda mais se identifica com manada.

Em época alguma o povo já recebeu o que merece em troca da contribuição que dá à sociedade. Jamais houve governo de qualquer forma que levasse em conta esse detalhe importante. É para não corrigir esta injustiça social que ainda não foi criada a forma ideal de governo, uma vez que não falta capacidade de fazê-lo como provam os muitos feitos já feitos pelo homem. Afirma-se ser preferível a democracia por ser a menos ruim de todas as outras formas de governo já experimentadas, razão pela qual o povo sempre se deu mal. É só porque ainda não se inventou uma forma boa de governo que o mundo está aos frangalhos e guerras pipocam por todo canto e pelos mais variados motivos, até em nome de Deus, quando, na verdade, tem por fim a satisfação mórbida que ainda alimenta o ser humano em sua ignorância e paixão por riqueza e poder. A falta de uma forma civilizada de governo se deve ao fato de não haver civilização suficiente entre as pessoas para dar origem a líderes verdadeiros e sentimento de irmandade entre os liderados, resultando daí que os postos de mando são ocupados por falsos líderes com objetivo de se locupletarem, razão pela qual estão sempre ao lado dos ricos donos do mundo para os quais o povo não é senão massa de parvos apenas suportáveis pela necessidade de colocar em funcionamento suas máquinas de produzir as bugigangas que os parvos são obrigados pela televisão a comprar.

Pois o povo está deixando de lado sua parvoíce e exigindo deixar dessas bestagens de gastar dinheiro com armas, guerras, brincadeiras, fazer compras em Me Ame, fazer turismo espacial, procurar planeta habitável pelo cosmos, a fim de se fixar a atenção aqui onde estamos para que se comece a pensar em corrigir as distorções das quais resultam as desarmonias reinantes consideradas coisas normais, mas que levarão a sociedade à ruína. E todas estas desarmonias tem como única origem a cultura escravocrata de tratar o povo porque a realidade é que a servidão nunca deixou de existir em todas as formas de governo que até aqui existiram. Não é diferente a situação atual do povo a sacrificar sua vitalidade na produção de riqueza para regozijo dos ricos donos do mundo daquela outra situação em que o povo sacrificava sua vitalidade também para regozijo dos ricos donos do mundo daquela época que se divertiam com o espetáculo de pessoas sendo comidas por leões, uma vez que inexistiam as máquinas para comê-las.  Ora de uma forma, ora de outra forma, mas o papel do povo sempre foi o de escravo, e esta é a razão das distorções que levam a sociedade humana a viver em conflito.

Há cerca de vinte anos escrevi do modo como não sei escrever um troço intitulado AOS JOVENS, alertando a juventude para a necessidade de substituir a velharia que marca o rumo de caminhar a sociedade. Pois, qual não é minha surpresa de ler hoje a notícia de que o senador Pedro Simon declara afastar-se da política partidária para dedicar-se ao seu ideal de uma sociedade civilizada, o que só será possível, como afirma, com outro tipo de política a ser implantada pelos jovens, acredita o honestíssimo político. Que coincidência! Não é outro o mote que anima este mal amanhado blog senão uma educação para as crianças da qual resulte em jovens espertos e dignos do nome de homem e mulher, diferentemente dessa massa amorfa de idiotas a jogar privada para cima, requebrar os quadris e adorar “celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo. Pois não é outra a idéia do professor Pedro Simon, nome que honra os brasileiros, promover encontro com jovens, coisa fácil para ele como professor, e alertá-los para o perigo de uma convulsão social se não houver logo uma mudança que, segundo o próprio senador, só a juventude tem força para implantar. Fico admirado de coincidir com a idéia do doutor Pedro Simon a minha idéia de iletrado de que só ensinando cidadania às crianças haverá uma juventude que preste para salvar seus descendentes de uma derrocada total.

Só falta aos jovens o convencimento de valer a pena lutar por um mundo melhor. A vida como é vivida só não é repudiada porque não se sabe haver outro tipo de vida. Mas há. Há um tipo de vida em que as pessoas se estimam em vez de se odiarem mutuamente. Para se chegar a esse tipo de vida onde inexiste medo de sair às ruas e onde os sofrimentos se limitam aos inevitáveis, para tanto basta haver vontade de assim viver por pelo menos metade da população, o que só será possível quando mais da metade da população estiver convicta de ser efêmero o tempo das brincadeiras e mais consistente o tempo da realidade de enfrentar as dificuldades que a vida apresenta logo depois de deixar a proteção dos pais.  Mas como não há nenhuma forma de governo interessada em esclarecer a juventude, está aí o monumento de dignidade Pedro Simon disposto a comprar esta briga. Boa sorte professor Simon. Dentro da minha insignificância, luto a mesma luta de Vossa Excelência por uma forma de governo moderna e capaz de colocar a verdade no lugar das mentiras. O jovem Edward Snowden declarou em entrevista que no Senado Americano um general respondia com mentiras às perguntas que os senadores lhe faziam e estes acatavam as respostas como se fossem verdades, mesmo sabendo serem mentiras. Estamos cansados de assistir a isto nas CPIs. Na última delas, vimos um sujeito com um olho mais baixo do que o outro falar mentiras que confirmaram a mentira da presidente da república ao afirmar apuração rigorosa que haveria de doer em quem tivesse de sentir dor pela roubalheira de Pasadena.

A única esperança de salvação para esta sociedade de babacas ridículos é botar esperança numa juventude diferente destes idiotas que nem cuidam da própria saúde física, que dirá da mental. Custa nada sonhar, né não? Inté.

 

 

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