O velho
rei-pai ergueu a taça com a água de tomar o remédio e fez o seguinte brinde ao
jovem rei-filho: “Filho meu, filho meu, não te disse que um dia tudo isto seria
teu?”
Nada
justifica que a estas alturas dos tempos ainda haja no mundo forma monárquica
de governo. Embora inexista uma forma ideal de governo porquanto todas se
baseiam em excluir o povo da participação na distribuição da riqueza que ele
produz, a monarquia é uma instituição anacrônica e descartada por levar ao
exagero o direito privado sobre o bem público. Embora o povo nunca tenha
deixado de ser depenado na medida da prodigalidade, luxo e enriquecimento dos
governantes e seus asseclas, esta limpeza dos bolsos da sociedade é feita sob
disfarce em todas as outras formas de governo, menos na mumificada monarquia
que dispensa os arrodeios e passa de pai para filho o reino com os vassalos
como se fosse uma fazenda e o gado como a que nosso pai passou para nós,
comportamento que levou a sensibilidade do poeta a comparar povo a manada. Povo
sob monarquia, então, ainda mais se identifica com manada.
Em época
alguma o povo já recebeu o que merece em troca da contribuição que dá à
sociedade. Jamais houve governo de qualquer forma que levasse em conta esse detalhe
importante. É para não corrigir esta injustiça social que ainda não foi criada
a forma ideal de governo, uma vez que não falta capacidade de fazê-lo como
provam os muitos feitos já feitos pelo homem. Afirma-se ser preferível a
democracia por ser a menos ruim de todas as outras formas de governo já
experimentadas, razão pela qual o povo sempre se deu mal. É só porque ainda não
se inventou uma forma boa de governo que o mundo está aos frangalhos e guerras
pipocam por todo canto e pelos mais variados motivos, até em nome de Deus,
quando, na verdade, tem por fim a satisfação mórbida que ainda alimenta o ser
humano em sua ignorância e paixão por riqueza e poder. A falta de uma forma
civilizada de governo se deve ao fato de não haver civilização suficiente entre
as pessoas para dar origem a líderes verdadeiros e sentimento de irmandade
entre os liderados, resultando daí que os postos de mando são ocupados por
falsos líderes com objetivo de se locupletarem, razão pela qual estão sempre ao
lado dos ricos donos do mundo para os quais o povo não é senão massa de parvos
apenas suportáveis pela necessidade de colocar em funcionamento suas máquinas
de produzir as bugigangas que os parvos são obrigados pela televisão a comprar.
Pois o povo
está deixando de lado sua parvoíce e exigindo deixar dessas bestagens de gastar
dinheiro com armas, guerras, brincadeiras, fazer compras em Me Ame, fazer
turismo espacial, procurar planeta habitável pelo cosmos, a fim de se fixar a
atenção aqui onde estamos para que se comece a pensar em corrigir as distorções
das quais resultam as desarmonias reinantes consideradas coisas normais, mas
que levarão a sociedade à ruína. E todas estas desarmonias tem como única
origem a cultura escravocrata de tratar o povo porque a realidade é que a servidão
nunca deixou de existir em todas as formas de governo que até aqui existiram.
Não é diferente a situação atual do povo a sacrificar sua vitalidade na
produção de riqueza para regozijo dos ricos donos do mundo daquela outra
situação em que o povo sacrificava sua vitalidade também para regozijo dos
ricos donos do mundo daquela época que se divertiam com o espetáculo de pessoas
sendo comidas por leões, uma vez que inexistiam as máquinas para comê-las. Ora de uma forma, ora de outra forma, mas o
papel do povo sempre foi o de escravo, e esta é a razão das distorções que
levam a sociedade humana a viver em conflito.
Há cerca de
vinte anos escrevi do modo como não sei escrever um troço intitulado AOS
JOVENS, alertando a juventude para a necessidade de substituir a velharia que
marca o rumo de caminhar a sociedade. Pois, qual não é minha surpresa de ler
hoje a notícia de que o senador Pedro Simon declara afastar-se da política
partidária para dedicar-se ao seu ideal de uma sociedade civilizada, o que só
será possível, como afirma, com outro tipo de política a ser implantada pelos
jovens, acredita o honestíssimo político. Que coincidência! Não é outro o mote
que anima este mal amanhado blog senão uma educação para as crianças da qual
resulte em jovens espertos e dignos do nome de homem e mulher, diferentemente
dessa massa amorfa de idiotas a jogar privada para cima, requebrar os quadris e
adorar “celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo. Pois
não é outra a idéia do professor Pedro Simon, nome que honra os brasileiros, promover
encontro com jovens, coisa fácil para ele como professor, e alertá-los para o
perigo de uma convulsão social se não houver logo uma mudança que, segundo o
próprio senador, só a juventude tem força para implantar. Fico admirado de
coincidir com a idéia do doutor Pedro Simon a minha idéia de iletrado de que só
ensinando cidadania às crianças haverá uma juventude que preste para salvar
seus descendentes de uma derrocada total.
Só falta
aos jovens o convencimento de valer a pena lutar por um mundo melhor. A vida
como é vivida só não é repudiada porque não se sabe haver outro tipo de vida.
Mas há. Há um tipo de vida em que as pessoas se estimam em vez de se odiarem
mutuamente. Para se chegar a esse tipo de vida onde inexiste medo de sair às
ruas e onde os sofrimentos se limitam aos inevitáveis, para tanto basta haver
vontade de assim viver por pelo menos metade da população, o que só será
possível quando mais da metade da população estiver convicta de ser efêmero o
tempo das brincadeiras e mais consistente o tempo da realidade de enfrentar as
dificuldades que a vida apresenta logo depois de deixar a proteção dos pais. Mas como não há nenhuma forma de governo interessada
em esclarecer a juventude, está aí o monumento de dignidade Pedro Simon
disposto a comprar esta briga. Boa sorte professor Simon. Dentro da minha
insignificância, luto a mesma luta de Vossa Excelência por uma forma de governo
moderna e capaz de colocar a verdade no lugar das mentiras. O jovem Edward
Snowden declarou em entrevista que no Senado Americano um general respondia com
mentiras às perguntas que os senadores lhe faziam e estes acatavam as respostas
como se fossem verdades, mesmo sabendo serem mentiras. Estamos cansados de
assistir a isto nas CPIs. Na última delas, vimos um sujeito com um olho mais
baixo do que o outro falar mentiras que confirmaram a mentira da presidente da
república ao afirmar apuração rigorosa que haveria de doer em quem tivesse de
sentir dor pela roubalheira de Pasadena.
A única
esperança de salvação para esta sociedade de babacas ridículos é botar
esperança numa juventude diferente destes idiotas que nem cuidam da própria saúde
física, que dirá da mental. Custa nada sonhar, né não? Inté.
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