Comparar a
imprensa ao espelho que reflete a alma da sociedade é uma boa comparação. As
notícias mostram a alma da nossa sociedade em desespero a clamar por um
exorcismo da imoralidade e de tudo quanto é ruim e da preferência dos
brasileiros, colocando paz e felicidade no lugar do demônio que infelicita esta
pobre nação desde que os primeiros estrangeiros das bundas brancas colocaram
aqui seus pés em forma de pé-de-cabra, portando muita religiosidade e muitas
imagens de santo. A aflição maior da alma social é ver sua juventude se tornar
completamente imprestável para qualquer coisa que não seja brincadeira,
recusando-se, inclusive, a aceitar a maturidade, tornando-se adultos com tão
pequeno desenvolvimento mental que não chega a ser suficiente para lhes
permitir distinguir já não serem mais crianças, razão pela qual vivem a brincar
de soltar bombas e requebrar os quadris do mesmo modo como faz uma doce e
inocente menininha colocando as duas mãozinhas na cintura. Esta infantilidade
levou os adultos a aprenderem a rebolar, coisa que eles fazem com orgulho, para
tristeza e lamento da alma de nossa sociedade de idiotas que por não poderem
ser mais idiotas, esburacam as orelhas, o nariz e os beiços para colocar
objetos de metal nos buracos.
É tamanho o
envolvimento com brincadeiras que os adultos não alcançam o enorme significado
escondido em uma simples notícia de jornal dando conta do impasse em que estará
a presidente Dilma no caso de ter de comparecer ao encerramento da Copa do
Mundo se o Brasil for o vencedor. Como a única coisa que os brasileiros sabem
fazer além de roubar, imitar, e não ter vergonha, é jogar futebola, é grande a
possibilidade de ganhar, o que deixará a presidente anfitriã deste monumental
desperdício de dinheiro público no dilema de cumprir seu dever de comparecer ao
congraçamento final, mas se aparecer por lá será com certeza xingada, vaiada,
espinafrada. Esta situação que nada significa para os comedores de hóstias e
soltadores de bombas, no entanto, expressa o perigoso descompasso no
relacionamento entre líder e liderados, do que resultam todos os motivos pelos
quais sofre a alma de nossa sociedade. Ela se ressente enormemente de ver
inimizade entre o povo e sua líder maior porque o natural, a forma como a
natureza determinou, não é assim. O líder é sempre bem-vindo à presença de seus
liderados e até nos filmes se tem o exemplo de que o líder está sempre junto a
seus liderados para o que der e vier. Quanto maior a dificuldade dos liderados,
maior a presença do líder. Como se explica, então, uma situação em que a líder
teme seus liderados? Disto se queixa a alma social do Brasil nas pessoas que
conseguiram por esforço próprio sair do meio da manada porque só com muito
esforço individual se deixa de ser conduzido mentalmente visto que o sistema de
educação não quer nem saber disto por ser mais conveniente aos senhores donos
das negociatas na rendosa indústria da educação.
O
entendimento desta situação e iniciativa para reverter isso daí é o único
caminho de salvação da derrocada total desta sociedade de manada por ser uma
situação insustentável esta de completo afastamento entre governantes e seus
governados. O governo permanece enclausurado num mundo fantasioso onde nada
falta e tudo sobra, e os pés afundam nos tapetes que só faltam voar pelo
ambiente mágico dos palácios, tão mágico que transforma analfabeto em doutor,
pobre em milionário, milionário em bilionário, antigos desafetos em amigos aos
abraços, e criminosos em inocentes. Ao contrário, o povo vive às turras com
bandidos e a polícia. É deste divórcio entre governo e governados que nasce um
ambiente de brutalidade e sofrimento como o vivido, quando uma parte da
população vive de esmola da cesta básica paga pelo trabalho da outra parte, e,
juntas, requebram os quadris no axé e no futebola enquanto adoram
“celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo.
Se a
juventude não despertar para o imbróglio em que está sendo envolvida, estará
pavimentando o caminho por onde suas criancinhas rechonchudas caminharão para
um Armagedon. Um despertar é necessário, e consiste apenas em prestar atenção
às coisas e aos acontecimentos à volta. Não é preciso se dedicar ao estudo
porque quem não sabe a diferença entre “come” e “comer”, como não sabem os
jovens, é por não saber ler. Assim, um simples momento de reflexão sobre os
acontecimentos vivenciados no dia a dia é suficiente para perceber estar tudo
errado. Mas esta percepção só poderá aparecer quando o desenvolvimento mental
acompanhar o desenvolvimento físico. No momento em que isto acontecer,
perceber-se-á a realidade de se viver num mundo ilusório. Só assim se explica
tanta alegria a ponto de se gastar muitos bilhões para fazer festa, com total
escárnio dos que lamentam suas dores de carentes.
Os
bailarinos de axé e comedores de hóstias não sabem, e jamais saberão enquanto
suas companhias preferidas forem “celebridades” e “famosos” que preferem Copa a
escola e hospital vivendo num país de doentes e analfabetos. Passada essa fase
de estupidez homérica, tomarão conhecimento de um ensinamento que ensina ser a
propaganda a arte de explorar a estupidez humana. Prova ser verdade esta
afirmação o fato de fazer a propaganda com que as pessoas são tomadas por um
impulso irresistível de “ir às compras”, principalmente quando se pode tornar
pública a chiqueza de comprar em Me Ame. É exatamente esta estupidez que alimenta a
ilusão de se estar sendo bem governado. O governo se distanciou tanto do povo
que o contato entre ambos é feito através de propaganda. Como ninguém é contra
si mesmo, situação até prevista na lei que dá direito a não ser obrigado o
fazer prova contra si próprio, o governo propaga que ele é que é o bom, e o faz
com o dinheiro dos que ouvem a sua propaganda de ser o tal e que ficam
convencidos de ser mesmo.
Trata-se de
uma situação desgraçada que precisa ser pensa e repensada até ser modificada.
Não pode dar certo este modo tradicional de se administrar a riqueza pública
porque o instinto de rato que a todos afeta, uns com maior intensidade como os
brasileiros, outros com menor, mas todos os seres humanos sentem saudade do
tempo em que se procurava precaver da escassez de alimento, tempos em que não
havia necessidade de se respeitar a integridade física alheia. É esta saudade
da brutalidade que impele à enganação para dela tirar proveito, razão dos
conflitos que a todos infernizam, sendo, portanto, necessário surgir uma
juventude que se contente apenas com os buracos que a natureza botou em seu
corpo e use o tempo de fazer novos buracos em coisa mais digna perante seus
descendentes como matutar numa forma de se reverter o quadro desolador atual
para o bem-estar tanto dos governados e seus descendentes quanto dos
governantes e seus descendentes porque num ambiente de paz as pessoas dos
governados não precisariam ter medo das ruas e as pessoas dos governantes não precisariam
ter medo da sombra fantasmagórica da guilhotina do governador de São Paulo. Mas
como saco tem limite, arengaremos depois de desopilá-los. Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário