Só a
leitura das entrelinhas mostra a malandragem embutida na notícia. É por isso
que Lula é importante e famoso. Ele não sabe ler nas linhas, mas nas
entrelinhas ele é craque. Dizem que ele ficou tão poderoso depois de sair da
condição de pau-de-arara que obrigou Roberto Carlos a deixar a bestagem de ser
vegetariano. Eu, cá prá mim, não acredito nisso. Mas, aqueles que gostam das
coisas muito bem explicadinhas nos seus mínimos detalhes, esses poderão tirar a
prova dos noves fora indo à casa de Roberto Carlos e perguntando à cozinheira
real.
Fosse eu
professor, convidava meus alunos e alunas a ler as entrelinhas de algumas
notícias de jornal como estas duas, por exemplo:
NOTÍCIA 1 –
Jornal Folha de São Paulo, 9/6/14, reportagem de Tânia Cavalcante e Luiz Antônio
Santini, afirmando que a proibição de fumar em recintos coletivos reflete
preocupação do governo com a saúde das pessoas, principalmente dos jovens
inexperientes e mais facilmente cooptáveis pelo chamamento do hipnotismo
televisivo através das armadilhas embutidas nas propagandas convincentes.
NOTÍCIA 2 –
Revista ISTO É, 11/12/13, reportagem de Leonardo Attuc, compara Lula a Mandela
e afirma que Lula liderou um processo inédito de distribuição de renda e
inclusão social, e que os ricos ficaram ainda mais ricos.
Fosse eu
aluno, minha interpretação do conteúdo das entrelinhas da primeira notícia
seria pela existência de diversidade entre o que a notícia faz crer que é, e
aquilo que realmente é, que é o fato de nunca ter havido governo em qualquer
parte do mundo que se preocupasse com o povo sob qualquer aspecto. O governo
sempre esteve para o povo como o leão está para sua presa (aqui entre nós todo
fim de ano aparece um leaozão danado a exigir declarações de rendimento). Todo
governo tem uma fome leonina por dinheiro. Quando pinta alguém de coração mais
mole com pretensão a ser chefe de governo, os outros chefes de governo dão um
jeito de tirar ele do jogo que é para não melar a cultura do bem-bom dos
palácios onde o pé afunda no tapete, e o direito de ficar poderoso depois de
ser chefe de governo. Ainda que um coração mole chegue a chefe de governo, ele
não poderá se preocupar com o povo porque a obrigação dos governos é com os vários
interesses dos ricos donos do mundo. É para isso que eles queimam uma nota
preta prá botar a chave do cofre nas mãos de alguém a eles submisso. Desse
modo, os governos tem mesmo é que cuidar de proteger os donos dos mercados de
saúde, educação, e um mercado mais novo e também rendoso, o da segurança
privada. Esta é a atividade primordial dos governos que são obrigados a mandar
seus liderados para a guerra por ordem dos ricos donos da indústria bélica e da
indústria das negociatas. Quem se
preocupa com alguém nunca mandaria esse alguém morrer na guerra e ficaria com a
alma lavada depois de colocar uma rudia de flor no pé de um poste. Para os
ricos, o povo é só mais uma peça na engrenagem de sua máquina de produzir
riqueza, e, como toda peça de toda engrenagem, também é descartado quando não
presta mais para dar conta do seu trabalho. Se houvesse preocupação em relação
ao povo não haveria velho chorando no corredor do hospital depois de ter gasto
sua vida azeitando a máquina de produzir riqueza.
Do mesmo
modo, minha conclusão da leitura das entrelinhas da notícia número dois também
é pela completa divergência entre o que é e o que diz ser a notícia. Não há
como comparar Lula a Mandela porque nunca se soube, salvo se meu pouco
conhecimento não me deixa saber, que Nelson Mandela fosse alguma vez acusado de
ser ladrão como é o Lula no livro O Chefe. Pode ser mentira, mas que se diz, se
diz. Depois, afirma a notícia que Lula liderou um processo inédito de
distribuição de renda e inclusão social, e que os ricos ficaram ainda mais
ricos. Ora, debaixo da saia dessa notícia tem outra mentira cabeluda. É
impossível num país estagnado que os ricos fiquem ainda mais ricos ao mesmo
tempo em os pobres tivessem ficado menos pobres através de distribuição de
renda. Só quem tem renda são os ricos, e para distribuí-la é preciso que eles
consintam, o que nunca fariam. E não o fariam porque não podem fazê-lo por
terem sido sevados na cultura da riqueza em primeiro plano que os faz acreditar
ser insuportável a vida de quem não tem riqueza para mostrar na Revista Forbes.
Tocar em sua riqueza enfrenta a mesma garra com que defende a vida qualquer
requebrador de quadris. O que os jovens jornalistas não sabem ou não podem
falar é que isso aí que eles estão chamando de distribuição de renda é esmola
dada com o dinheiro alheio, do povo igualmente alheio, retirada do erário. Como
o erário não é renda, a notícia ou tem intenção de confundir, ou está equivocada.
Em vez de ser um bem como sugerem os jornalistas, como toda esmola, também esta
apelidada de “distribuição de renda” prejudica em vez de ajudar. A esmola
condena à pena de morte a dignidade do orgulho de ser homem ou mulher.
Esse
negócio de viver de fantasia vai acabar mal prá todo mundo. Não tem futuro uma
juventude tão vazia que tem por líderes os líderes que tem nestas
“celebridades” que não sabem fazer um “O” com um copo. Nossa sociedade está na mesma situação de um barco à deriva, com a diferença de que em vez da apreensão própria de náufragos, a população do imenso barco Brasil está a fazer gigantesca festa. Tá faltando juízo,e muito. Inté.
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