Embora vivendo em comunidade, os
seres humanos não cogitam de uma vida comunitária. O grupo-célula da sociedade,
a família, tem como único objeto de preocupação seu mundinho particular, embora
insignificante em relação à grandiosidade do mundo da sociedade humana. E a
intelectualidade dos intelectuais em nada contribui para a sensatez de uma
orientação no sentido de mostrar a necessidade de uma fraternidade universal
como única forma de superar a irracionalidade ainda predominante no ser humano
de forma tão acentuada que por interesses individualistas e mesquinhos a
opinião pública é convencida a seguir caminho que leva a um destino oposto
àquele que corresponderia aos seus verdadeiros interesses. São falsos,
negligentes, ou mesmo criminosos, intelectuais que se omitem da tentativa de
mostrar à humanidade ter sido ela transformada em joguete nas mãos de falsos
líderes, seres infinitamente inferiores aos criminosos trancafiados nos
presídios. Aqueles monstros, de cuja boca escorre baba de dragão, destroem os
verdadeiros líderes a fim de assegurar seus privilégios conquistados por meio
de artifícios capciosos que transformam seres humanos em irracionais que uma
vez castrados da capacidade pensar por si mesmos, comportam-se do mesmo modo da
manada, indiferente ao destino. Por conta da irracionalidade, não percebendo
serem opostos aos seus os interesses dos ricos empresários, a massa bruta de
povo os nomeia para postos da administração pública onde irão usar em benefício
próprio o poder que o povo lhes atribuiu para cuidar de seus interesses. É intrigante
o desinteresse dos intelectuais em tais questões uma vez de delas decorrerão
malefícios generalizados para todos indistintamente. Entre nós que somos parte
dos maiores sofredores do mundo, apesar da alegria fogo-de-palha, os malefícios
já forçam jovens a abandonarem seus país, forçados por uma alegada pobreza ao
tempo em que fortunas imensuráveis são desbaratadas de diversas maneiras,
inclusive canalizada para as contas bancárias da maldita classe de agiotas,
ante total indiferença de um povo extasiado por espetáculos circenses endeusados
por papagaios de microfone e levados a efeito por esportistas, carnavalescos e
representantes de deus. O grande número de estádios para esportes já pode ser
acrescentado ao de farmácias e igrejas como indicadores do atraso mental do
bicho povo que constitui a humanidade graças à apologia que fazem as Forças
Ocultas das atividades esportivas em detrimento das meditativas, o que leva a
ralé intelectual na qual se enquadra com perfeição a raça humana à crença de
ser a vida em si mesma a coisa mais importante da vida, razão pela qual se
deixa levar pelo som da estranha palavra gol que faz coro com as palavras deus,
“famosos” e “celebridades”. Entretanto, a realidade da vida passa longe destas
futilidades porque a vida só tem sentido se acompanhada do bem-estar que só
pode ser alcançado por meio de uma elevação espiritual jamais encontrada nas
igrejas, na mediocridade mental das “celebridades” ou nos festejamentos
generalizados. Os envolvidos em tais atividades têm a vida como o bem
primordial enquanto que o mentalmente evoluído sabe que a intensidade de um
mal-estar é capaz de conduzir à opção pela morte.
Sendo a ralé intelectual incapaz de pensar,
acredita ser eterna a vitalidade para o requebramento de quadris e é incapaz de
perceber a existência dos mal-estares antes de serem por eles atingidos. Quando
isto acontece é maior o infortúnio para os seres não pensantes por ser mais
intenso o desconforto de quem é apanhado de surpresa por uma adversidade do que
aquele que já contava com sua aproximação.
Apesar de se encontrar na atividade
de pensar o divisor de águas entre o ser humano e a besta, é preciso pensar
sobre como superar a insanidade humana capaz de trocar por dinheiro o ambiente
do qual depende sua existência. É preciso repensar tudo que já foi pensado
porque uma conclusão resultante de silogismo iniciado por premissa falsa leva
resulta em generalização de inverdade. É o que acontece com a conclusão a que
chegou o sistema econômico mundial de depender de haver emprego para quem dele
precise o bem-estar social uma vez ser impossível haver empregos suficientes,
sem contar com a realidade de ser o emprego uma trama diabólica por meio da
qual, para sobreviver, o necessitado abre mão de sua vitalidade. Não obstante a
nobreza da atividade de pensar, faz-se necessário pensar corretamente sob pena
de, como já foi dito, tirar conclusões erradas. Um exemplo: No livro Os Filhos
do Imperador, da escritora Claire Messud, consta o seguinte pensamento
atribuído ao também escritor Anthony Powell: “Se você cultiva corretamente seu
mito pessoal, pouco mais importa na vida. O substancial não é o que acontece
com as pessoas, mas o que elas pensam que lhes acontece”. Isto é completamente
falso porque q vida é realidade, enquanto que os mitos são fantasias. Quando os
jovens inocentes da Juventude de Fé cultivam o mito deus, pensam que o beijo do
papa no pé do infeliz seja capaz de prevenir a infelicidade, incorrem em grave
erro porque sendo inócuo o gesto, a infelicidade os alcançará algum dia. Inté.
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