sábado, 15 de junho de 2019

ARENGA 577


Embora vivendo em comunidade, os seres humanos não cogitam de uma vida comunitária. O grupo-célula da sociedade, a família, tem como único objeto de preocupação seu mundinho particular, embora insignificante em relação à grandiosidade do mundo da sociedade humana. E a intelectualidade dos intelectuais em nada contribui para a sensatez de uma orientação no sentido de mostrar a necessidade de uma fraternidade universal como única forma de superar a irracionalidade ainda predominante no ser humano de forma tão acentuada que por interesses individualistas e mesquinhos a opinião pública é convencida a seguir caminho que leva a um destino oposto àquele que corresponderia aos seus verdadeiros interesses. São falsos, negligentes, ou mesmo criminosos, intelectuais que se omitem da tentativa de mostrar à humanidade ter sido ela transformada em joguete nas mãos de falsos líderes, seres infinitamente inferiores aos criminosos trancafiados nos presídios. Aqueles monstros, de cuja boca escorre baba de dragão, destroem os verdadeiros líderes a fim de assegurar seus privilégios conquistados por meio de artifícios capciosos que transformam seres humanos em irracionais que uma vez castrados da capacidade pensar por si mesmos, comportam-se do mesmo modo da manada, indiferente ao destino. Por conta da irracionalidade, não percebendo serem opostos aos seus os interesses dos ricos empresários, a massa bruta de povo os nomeia para postos da administração pública onde irão usar em benefício próprio o poder que o povo lhes atribuiu para cuidar de seus interesses. É intrigante o desinteresse dos intelectuais em tais questões uma vez de delas decorrerão malefícios generalizados para todos indistintamente. Entre nós que somos parte dos maiores sofredores do mundo, apesar da alegria fogo-de-palha, os malefícios já forçam jovens a abandonarem seus país, forçados por uma alegada pobreza ao tempo em que fortunas imensuráveis são desbaratadas de diversas maneiras, inclusive canalizada para as contas bancárias da maldita classe de agiotas, ante total indiferença de um povo extasiado por espetáculos circenses endeusados por papagaios de microfone e levados a efeito por esportistas, carnavalescos e representantes de deus. O grande número de estádios para esportes já pode ser acrescentado ao de farmácias e igrejas como indicadores do atraso mental do bicho povo que constitui a humanidade graças à apologia que fazem as Forças Ocultas das atividades esportivas em detrimento das meditativas, o que leva a ralé intelectual na qual se enquadra com perfeição a raça humana à crença de ser a vida em si mesma a coisa mais importante da vida, razão pela qual se deixa levar pelo som da estranha palavra gol que faz coro com as palavras deus, “famosos” e “celebridades”. Entretanto, a realidade da vida passa longe destas futilidades porque a vida só tem sentido se acompanhada do bem-estar que só pode ser alcançado por meio de uma elevação espiritual jamais encontrada nas igrejas, na mediocridade mental das “celebridades” ou nos festejamentos generalizados. Os envolvidos em tais atividades têm a vida como o bem primordial enquanto que o mentalmente evoluído sabe que a intensidade de um mal-estar é capaz de conduzir à opção pela morte.

Sendo a ralé intelectual incapaz de pensar, acredita ser eterna a vitalidade para o requebramento de quadris e é incapaz de perceber a existência dos mal-estares antes de serem por eles atingidos. Quando isto acontece é maior o infortúnio para os seres não pensantes por ser mais intenso o desconforto de quem é apanhado de surpresa por uma adversidade do que aquele que já contava com sua aproximação.

Apesar de se encontrar na atividade de pensar o divisor de águas entre o ser humano e a besta, é preciso pensar sobre como superar a insanidade humana capaz de trocar por dinheiro o ambiente do qual depende sua existência. É preciso repensar tudo que já foi pensado porque uma conclusão resultante de silogismo iniciado por premissa falsa leva resulta em generalização de inverdade. É o que acontece com a conclusão a que chegou o sistema econômico mundial de depender de haver emprego para quem dele precise o bem-estar social uma vez ser impossível haver empregos suficientes, sem contar com a realidade de ser o emprego uma trama diabólica por meio da qual, para sobreviver, o necessitado abre mão de sua vitalidade. Não obstante a nobreza da atividade de pensar, faz-se necessário pensar corretamente sob pena de, como já foi dito, tirar conclusões erradas. Um exemplo: No livro Os Filhos do Imperador, da escritora Claire Messud, consta o seguinte pensamento atribuído ao também escritor Anthony Powell: “Se você cultiva corretamente seu mito pessoal, pouco mais importa na vida. O substancial não é o que acontece com as pessoas, mas o que elas pensam que lhes acontece”. Isto é completamente falso porque q vida é realidade, enquanto que os mitos são fantasias. Quando os jovens inocentes da Juventude de Fé cultivam o mito deus, pensam que o beijo do papa no pé do infeliz seja capaz de prevenir a infelicidade, incorrem em grave erro porque sendo inócuo o gesto, a infelicidade os alcançará algum dia. Inté.















   




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