sábado, 4 de maio de 2019

ARENGA 569


Na introdução do livro 1889 o historiador Laurentino Gomes observa que as comemorações da Proclamação da República do Brasil são tímidas se comparadas com as comemorações à Declaração de Independência. Frisa que os estudantes brasileiros titubearão na resposta à pergunta sobre quem foi Benjamim Constant ou Quintino Bocaiúva ou Rui Barbosa ou Deodoro da Fonseca ou Floriano Peixoto, figuras que dão nomes a ruas e praças pelo país afora e que tiveram influência decisiva para a mudança de reinado para república. O historiador conclui seu pensamento a respeito do pequeno entusiasmo em relação à mudança de reinado para uma república mal-amada pelos brasileiros. Observando a sensatez na recomendação de Machado de Assis para se apurar bem apuradinha uma informação antes de acatá-la como verdadeira, e usando deste proceder em relação às observações do historiador, conclui-se que comemorar a Proclamação da República ou a Declaração de Independência têm a mesma falta de sentido que tem a fracassada sugestão saudosista do atual governo reacionário dependente de consultas ao oráculo para que fosse comemorado o golpe militar de triste memória que o governo americano mandou os militares brasileiros aplicarem contra os brasileiros e que tanto mal fez a este belo país de tristíssima sorte. Chegou-se ao cúmulo do antipatriotismo do governo “revolucionário” deixar a cargo do governo americano através do acordo MEC/USAID o direito de fazer o programa educacional da juventude brasileira, resultando desta aberração o amor roxo dos brasileiros pelo “American Way of Life” que os impede de morrer antes de fazer compras em Me Ame, festejar o Halloween e nominar em inglês seus estabelecimentos comerciais. Numa geringonça de vender água de coco verde na rua Francisco Santos se lê FAST COCO.   

Se o Brasil fosse independente suas autoridades não teriam de estar a correr frequentemente para os Estados Unidos a tomar a bênção e beijar a mão do presidente americano ao qual entregou um pedaço do Estado do Rio Grande do Norte denominado Base de Alcântara, localidade de onde se pretendeu participar da ridícula exploração do espaço sideral lançando um foguete que pipocou assim que foi encostada a brasa no pavio. Como ridículo é o quente por aqui, entregou a localidade ao patrão Donald Trump para que, como disse ele mesmo, economize muito dinheiro na palhaçada de explorar o espaço em vez de cuidar do planeta Terra. No que diz respeito à República, não há também o que comemorar porque o conceito de república envolve a ideia de coisa pública, de uma organização social onde absolutamente todos tenham acesso às benesses que os recursos públicos possam patrocinar. Sendo assim, merece comemoração, por acaso, uma república na qual a riqueza do país serve apenas a parasitas aboletados em palácios e seus chefões, os ricos donos do mundo? Não sendo independente e nem de fato republicano, não há realmente o que comemorar porque infelizmente nenhum destes dois fatos históricos encontram respaldo na realidade.

Por outro lado, o historiador ameniza o desconhecimento dos jovens brasileiros sobre a história de seu país quando afirma que os estudantes demorariam a responder sobre figuras importantes da Proclamação da República. Na realidade, os estudantes não demorariam a responder porque eles simplesmente não saberiam responder. E não saberiam por serem burros. É que o sistema educacional do sistema capitalista tem por objetivo emburrecer os jovens tornando-os mais interessados no resultado do exame de urina do jogador de futebola do que no futuro dos seus filhos. Daí a declaração de inimizade a Paulo Freire feita pelo governo atual chefiado por um militar em cujas mãos um revólver ficaria melhor do que uma caneta. Aculturados os jovens jamais, ficam as coisas ao saber dos malandros da política porque nada mais conveniente a malandros do que ser indiferente à malandragem. Como o método de ensino proposto por Paulo Freire sugere incentivar nos jovens a capacidade de raciocinar, e como raciocinando chega-se à conclusão de estar tudo errado, e como ao se descobrir estar tudo errado acaba a festa dos parasitas que vivem mil mordomias custeadas pela juventude afastada de conjecturas deste porte pelo pão e circo que transforma brutamontes intelectuais em celebridades, então, excomunga-se Paulo Freire por representar a possibilidade de se tornar o fim da malandragem dos malandros.

Uma vez capacitados os jovens a raciocinar por si mesmos em vez de serem teleguiados pelas ordens vindas dos meios de comunicação, teriam a lucidez temida pela cultura capitalista forjada nas Harvards do mundo, organismos diabólicos que apesar de não dispensarem a imagem de Cristo nas paredes, destinam-se a transformar pessoas inteligentes em fantoches propagadores da infâmia de ser a competição a melhor forma de se viver em sociedade. São exemplos perfeitos desta farsa o feioso Henry Kissinger e o Secretário de Estado Americano da cara de cavalo John Kerry diante do qual Michel Temer e José Serra posam ridiculamente embevecidos e subservientes como Abrão diante de deus dentro do fogo que queimava a erva que não se queimava. É, ou não ridículo o babaovismo destas duas tristes figuras? É entristecedor que a juventude de um país tão exuberante como o nosso aceite ser representada por pessoas desprovidas de amor próprio.

Mas a tristeza é suplantada pela convicção de que a evolução natural à qual nada escapa, inclusive o discernimento, por mais que demore trará à massa embrutecida de jovens alienados apreciadores de “celebridades” e “famosos” de merda perceber o engodo em que foi envolvida, induzida a botar fé em proteção divina e palavra de políticos em vez de ter fé em si mesma. Dia chegará em que a juventude será capaz de alcançar o sentido do que disse Paulo Freire quando afirmou que A CLASSE DOMINANTE BRASILEIRA JAMAIS ACEITARÁ QUE AS MAIORIAS SEJAM LÚCIDAS”. Então, juventude, vai permanecer eternamente de boca aberta enquanto ideias bolorentas lhe induzam ao erro de considerar inimigo quem na verdade é amigo? Marx por exemplo, inimigo para as ideias bolorentas, mostrou-se um grande amigo ao advertir os filósofos de que eles se limitam a analisar o mundo, quando o de que se necessita é modificar o mundo. Só há lucidez nesta afirmação porque realmente precisa ser modificado um mundo no qual seus líderes, como disse Maquiavel, precisam esconder a verdade de seus liderados através de uma educação, além de sede de riqueza, ensine religiosidade cujo ridículo pode ser visto nessa passagem bíblica de Êxodo 21:32 “Se um boi chifrar um escravo ou uma escrava, dar-se-ão trinta siclos de prata ao senhor dos escravos, e o boi será apedrejado”. A vida está a carecer de racionalidade. Inté.       




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