Sem meditar
sobre sua vida, o ser humano em nada se diferencia da fera. Portanto, a
atividade meditativa deve ser a principal ocupação do ser humano. Mas para que
da meditação se colham bons frutos é preciso usar de sabedoria a fim de que os
pensamentos envolvam questões relacionadas com o bem-estar social por ser ele mais
importante do que o bem-estar individual, uma vez que a instituição Estado tem
por objetivo primeiro a organização social, devendo, para o bom cumprimento de
sua obrigação, colocar o interesse coletivo acima do individual, o que nem de longe
é o caso do nosso infeliz Brasil. Embora seja inegável haver ainda na
personalidade do ser humano em geral o ranço da barbárie dos primeiros tempos, entre
nosso povo este ranço é mais acentuado do que nos povos que por se acharem
civilizados procuram mitigá-lo com o perfume da desfaçatez. Parece que o
filósofo Thomas Paine pensava no infeliz Brasil quando meditou sobre o
seguinte: “A sociedade, em qualquer
estado, é uma bênção, enquanto o governo, mesmo no seu melhor estado, não é
mais que um mal necessário; e, em seu pior estado, é um mal intolerável.
Porque, quando sofremos ou ficamos expostos, por um governo, às mesmas misérias
que poderíamos esperar em um país sem governo, a nossa calamidade fica maior
ainda quando refletimos que somos nós que fornecemos os meios pelos quais
sofremos”.
É
exatamente a falta de reflexão que impede a malta humana de perceber não passa
de burro de carroça nas mãos dos governos. Aqui entre nós, de acordo com as
informações da imprensa deste nosso desgraçado país, seus habitantes
frequentadores de igreja, axé e futebola se encaixam perfeitamente nas meditações
de Thomas Paine porque fornecem os meios para que suas autoridades lhes
imponham maiores sofrimentos do que as outras partes do mundo padecem. Depois
de considerarem as autoridades brasileiras não ser hediondo o crime de deixar o
Estado à mingua por roubar o dinheiro público, passaram a esponja sobre as
manchas que maculavam os praticantes destes crimes, de modo que tais ladrões passam
a ser considerados cidadãos tão honestos quanto as pessoas que vivem do seu
trabalho. Desta forma, uma vez que a razão de ser do Estado Brasileiro é
facilitar a vida de canalhas e uma vez que a reação do povo a tal situação é
batucar panelas, pintar a cara e dar pulinhos, tem-se de ser adepto do deputado
Justo Veríssimo, genial criação do saudoso Chico Anísio. É o cúmulo da aberração social a indiferença
com que é recebida a notícia de ter sido preterida a educação proposta por
Paulo Coelho em favor de uma educação militar. A culpa pela indiferença da
juventude em relação a tais assuntos cabe ao sistema educacional que prepara as
crianças para serem um adulto preocupado apenas com as inutilidades deus e
dinheiro, e não prepara os adultos para a inevitável velhice, o que os faz
acreditar não ter fim a vitalidade, gastando-a exclusivamente nos malabarismos
físicos, sem nenhuma preocupação com os espirituais, os mais importantes da
vida, como perceberão um dia, quando já será tarde demais. Inté.
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