Apesar de
se considerarem adultos, o comportamento dos seres humanos não é diferente ao
das crianças de jardim infantil cuja falta de discernimento requer severa
fiscalização sob pena de graves incidentes e acidentes. Esta necessidade de
fiscalização levou a humanidade a inventar uma instituição denominada deus.
Como não serviu para nada, inventaram outra chamada Estado, com poder
coercitivo capaz de inibir os comportamentos desastrosos das crianças grandes.
Mas se esqueceram do detalhe de não haver ninguém com o discernimento
necessário para desempenhar tão importante missão por ser comum a toda a humanidade
a mentalidade de criança, o que se deve à lembrança do tempo em que ainda não
se raciocinava e que se faz muito presente para permitir à raça humana
elevar-se muito acima dos irracionais. Vez em quando, é verdade, pinta algum
espécime da espécie humana espiritualmente acima do normal. Mas como é a
maioria que decide o rumo a seguir por todos, a influência destes gatos
pingados espiritualmente privilegiados é anulada pelo peso da irracionalidade
generalizada e eles são perseguidos como inimigos da sociedade. Daí ter
fracassado também a instituição Estado de forma tão retumbante que veio a ser
preciso dividi-lo em várias sub instituições para que se fiscalizassem
mutuamente. Tudo em vão porque em razão da imaturidade, a posse do poder que a
sociedade atribuiu aos fiscais os encheu de tamanha soberbia que passaram a
usar esse poder contra a sociedade que contava com eles para sua proteção e organização.
É, pois, a imaturidade que dá o caráter destruidor da humanidade em vez da
estupidez como afirmou o historiador Henry Thomas, porque as crianças destroem
sem serem estúpidas.
E é
interessante observar que mesmo pessoas intelectualmente ilustres se mostram
tão infantis quanto as crianças grandes em geral. Um exemplo: Ao discorrer
sobre o grave problema social da solidão o escritor Leandro Karnal, na página
13 do livro O DILEMA DO PORCO ESPINHO cita episódios mitológicos da bíblia
entre eles a história sobre Saulo de Tarso como se fossem fatos reais. É a
seguinte a história desse cara: Descrente como eu das coisas divinas, foi
abordado por deus de forma estúpida assustando o cavalo que em função do susto
jogou o infeliz cavaleiro no chão. Recomposto Saulo, deus o convenceu a deixar
de ser como eu e passar a ser seguidor dele. Acontece que ao se comportar como
vira-folha e pregar a palavra de deus, o que era proibido, Saulo foi morto por
um soldado. Se a infantilidade faz crer que deus seja sinônimo de bondade e a
morte sinônimo de maldade, Saulo teria se dado mal ao decidir seguir deus. A
afirmação de Martinho Lutero de que a fé dispensa a razão objetivava justamente
evitar que fossem examinadas à luz da racionalidade as bobagens divinas. A
bíblia que para os inocentes contém a palavra de deus é um livro
verdadeiramente idiota que a infantilidade faz com que seja o mais vendido no
mundo, embora seja o menos lido. É que as crianças grandes acreditam que dele
emana a proteção divina para suas casas não obstante a infelicidade geral e as
balas perdidas que causam as mortes que têm como providência manifestação de
solidariedade das autoridades civis e eclesiásticas para conforto dos
familiares.
A inocência
também faz com que as crianças grandes se considerem obra prima de um deus de
infinita sabedoria, quando, na realidade, não passam de uma tosca máquina rústica
com dois buracos no alto por onde entram alimentos e dois em baixo por onde
saem bosta e mijo, como também acontece com a hiena. Quanto mais posudo o ser
humano, quanto mais engalanado e mais convencido de sua grandeza, menor o
discernimento e maior seu enquadramento na expressão SEPULCRO CAIADO empregada
por Cristo para comparar os fariseus ao mausoléu que apesar de ser belo por
fora guarda podridão por dentro. Para piorar, a podridão do lado de baixo é menor
que a do lado de cima, a espiritual, presente na personalidade de absolutamente
todos os falsos líderes que ditam as regras a serem observadas pela sociedade
humana. Estes crápulas aproveitam dos desprotegidos para prejudicá-los,
principalmente usando do secular pão e circo para manter o povo tão ludibriado
que concorda com os desmandos por eles impostos e acredita realmente ser motivo
de fama e celebridade o fato de alguém cantar bobagens, praticar bem um esporte
ou aparecer muito em público por conta de sensualidade. Graças à ingenuidade,
criminosamente, os enganadores montaram uma parafernália através da qual imensa
papagaiada de microfone faz a cabeça dos “adultos” incapacitando-os de fazer
distinção entre falso e verdadeiro, como, por exemplo, que as autoridades
constituídas para proteção praticam extorsão e sua ação se limita a deixar cair
para o povo migalhas de sua mesa farta onde se banqueteiam com lagostas e
vinhos caros. Para mascarar esta realidade o Estado criou entidades de
assistência social onde a muito custo os pobres encontram algum alívio para
seus sofrimentos físicos e se sente agradecido às autoridades por esta benesse
enquanto paga para elas atendimento de luxo.
Para que o
mundo deixe de ser um vale de lágrimas, basta que a humanidade amadureça para
poder raciocinar. Inté.
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