quinta-feira, 30 de maio de 2019

ARENGA 574


Que futuro pode ter uma sociedade na qual as atividades mais rendosas são agiotagem do sistema financeiro, roubo, prostituição, tráfico de drogas, atividade esportiva, e as pessoas mais importantes são as menos importantes, e quem não se encaixa neste rol é obrigado a viver com mil reais por mês? Não obstante ser esta a realidade brasileira, as pessoas que integram esta sociedade ridicularizada no mundo é também a sociedade mais alegre do mundo. Na verdade, a sociedade humana foi tomada por tamanha imbecilidade que pessoas morrem aos montes tentando chegar no topo do Monte Everest apenas para mostrar que chegou lá. Entretanto, na sociedade brasileira, a imbecilidade é ainda maior porque a imbecilidade dos trogloditas das bundas brancas que se acham civilizados não os impede de merecer algum respeito de seus falsos líderes obrigados a tapearem seus liderados com um mínimo de bem-estar social para disfarçar a falsidade. Já os falsos líderes da ridícula sociedade brasileira dispensam esta preocupação e dizem abertamente na cara de uma juventude inútil que não lhes interessa a opinião pública, e agem de acordo com este desinteresse promulgando leis que impedem investigações sobre suas atividades criminosas.

Diante de uma árvore de pau-brasil no Jardim Botânico no Rio de Janeiro, depois de passar pelo busto de D. João VI, vi-me diante de uma árvore de pau-brasil com um galho serrado junto ao tronco, deixando à mostra sua exuberante e resistente madeira negra. Fui, então, tomado por uma ponta de nostalgia ao lembrar de ter sido aquela madeira nobre a primeira das riquezas daqui levadas. Caio Prado Júnior afirma no livro Formação Econômica do Brasil Contemporâneo que o Brasil tinha por única serventia fornecer tabaco, açúcar, ouro, diamantes, algodão e café para o comércio europeu". É realmente triste a realidade de ter o brasileiro por destino levar ferro no rabo enquanto, satisfeito, faz oração, requebra os quadris no axé e se emociona no futebola. Os versos musicalizados “povo marcado, povo feliz” não dizem aos brasileiros da sua condição de manada. Apenas lhes dizem para levantar os braços e balançá-los ao ritmo do som da música. Os milicos de 1964 obrigaram Caetano Veloso a trocar a palavra brasileiro por batuqueiro no verso NA BARRIGA DA MISÉRIA NASCI BRASEILEIRO da música Partido Alto, que também diz ter deus dado pernas cumpridas ao brasileiro para correr atrás de bola e fugir da polícia. Não pode haver mais perfeita alusão a esta sociedade medíocre de juventude tão estúpida que lota igrejas mendigando proteção a um deus tão imprestável que nem é capaz de fazer cumprir sua ordem para que se comesse o pão com o suor do rosto porque os ladrões da política, dos bancos e das empresas comem-no com o suor do rosto alheio, como lembra Gabriel Deville em seus comentários sobre o marxismo. Inté.




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