terça-feira, 2 de julho de 2019

ARENGA 583


É dito que governar é exercer um poder moderador sobre a massa bruta de povo para evitar que sua brutalidade a destrua. Mas isso é falso porque a atividade de governar é exercida por pessoas tão brutas quanto as demais. Aí está a brutalidade das guerras como prova irrefutável desta realidade. Também se diz que governar é abrir estradas o que é falso porque as estradas são uma forma de esfolar o rabo do povo na cobrança de pedágio e multas. Quem acertou na mosca foi Maquiavel quando demonstrou que governar é a arte de enganar a massa bruta de povo. Daí ter ele afirmado ser mais conveniente ao governante ser temido em vez de amado. Os gastos fantásticos que os governos fazem para estimular o pão e circo, se se tratasse de seres pensantes, seria o bastante para revelar à humanidade que a verdadeira intenção de todos os governos do mundo é manter a massa bruta de povo na condição de massa tão bruta a ponto de acreditar que toupeiras em termos de sociabilidade sejam famosos e célebres. Governar, na verdade, é elitizar a classe de governantes de forma tão espetacular que a troco de brincadeiras a massa bruta de povo a sustenta a pão de ló enquanto amarga necessidade de tudo.

A sociedade humana vive um impasse impossível de ser superado enquanto se mantiver dentro da cultura de se acreditar ser possível chegar a bom termo uma sociedade cujos membros desconhecem a existência de um interesse coletivo a ser cultivado e se dedicam apenas a seus interesses individuais, deixando o bem-estar social a cargo de um sistema econômico que transfere noventa e nove por cento da riqueza por todos produzida para apenas um por cento dos membros da coletividade. Este sistema econômico é tão sem pé nem cabeça que órgãos da nossa imprensa defendem os ladrões do dinheiro público das grandes empreiteiras alegando não poder prejudicá-los sob pena de prejudicar a economia.

Entre nós, o exercício da política atingiu tamanha distorção que é o Brasil quem vai mostrar ao mundo a necessidade de ser implantada uma cultura política baseada na verdade, sem intelectuais que em troca da despensa abastecida se rebaixam ao papel de moleques de recados que induzam o povo a erro. Inté.







  

4 comentários:

  1. Belo texto meu caro Zé...

    Nada surpreendente diante do
    descaso com a educação, da censura e do totalitarismo disfarçado de conservadorismo disciplinar, a que moldes uma sociedade tão diversa se enquadra na padronização estratégica, todas as esfera do domínio das massas estão escancarados, os leitores de roda pé estão afoitos, e os pseudo intelectuais da política brasileira continuam a vender ilusões, afrouxar as leis para manter os privilégios do alto escalão e a escalada da elite sob os braços dos trabalhadores, em meio as manobras para o aumento do fundo eleitoral, em um país onde o auxílio moradia de juízes daria para triplicar as bolsas de pesquisa científica a pergunta que não cala é, onde vamos parar ?

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    1. Obrigado, Nélio. Desculpe o atraso. É agradável comunicar com jovens inteligentes e politizados porque da política depende o futuro de vocês e seus descendentes. Fico feliz também com seus votos de recuperação porque estou realmente muito abalado. Agradeço ainda a defesa contra a censura do desconhecido. Em se tratando de você não temo digitar uma letra por outra. Obrigado. Obrigado e Obrigado.

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  2. Caro Zé, é uma honra receber sua resposta, desde que comecei acompanhar seu blog divulgo a grupo seleto de amigos que comungam de ideias semelhantes, seus inscritos são de grande inspiração, estamos passando por tempos difíceis, e a leitura e reflexão são o melhor remédio para enxergar o horizonte, desejo muita saúde e progresso na sua recuperação, grande abraço !!!

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  3. Honrado fico eu, Nelio. É muito bom contar com um companheiro na empreitada de buscar um mundo sem tanta indiferença ao sofrimento alheio. Grande abraço.

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