sexta-feira, 5 de julho de 2019

ARENGA 584


A fome, a peste e a guerra fazem parte do plano de deus, segundo consta na página 11 do livro Homo Deus, de Yuval Harari. Se é assim, não pode ser outro senão masoquismo o sentimento que move a humanidade ao erguer templos para bajular tal deus. A religiosidade não pode ter outra explicação senão o desenvolvimento de um gene religioso, como afirma o ensaísta Edmilson Movér. Guerras foram travadas por disputas religiosas, igrejas desabam, rajadas de metralhadoras e bombas pipocam sobre fieis a deus, mas infiéis ao sentimento de harmonia e irmandade que deveriam orientar os seres humanos obrigados a viver em comunidade. O ser humano é tão inocente que lamenta a morte de outra pessoa como se a sua não estivesse vindo ao seu encontro a cada tique-taque do relógio. São incapazes de construir uma sociedade menos infeliz do que as sociedades em que têm vivido desde que deixaram o isolamento primitivo. O livro no qual se apegam os seres humanos como a palavra do seu deus é repleto da brutalidade das guerras que até hoje os infelicitam. Entretanto, absolutamente nada pode convencer estas criaturas tão inocentes que desconhecem a realidade de não terem o que festejar, não obstante a quantidade de festas. Não pode haver maior demonstração de infantilidade do que um adulto tocar fogo numa bomba para ouvir o estrondo. Das reuniões para adorar o deus planejador de fome, guerras e pestes resultariam benefícios reais se fosse discutida a realidade de ser o dinheiro o único elemento capaz de proporcionar bem-estar, e de estar errado, portanto, haver pessoas sem acesso ao dinheiro.

Caso a humanidade não se autodestrua antes, o que é provável acontecer, a realidade observada por Thomas Paine de que o tempo convence mais que a razão fará com que os seres humanos venham a ser convencidos da realidade de viverem uma grande farsa, um engodo monumental. Verão que seus líderes são falsos. Que a religiosidade, os milagres e as festas têm o objetivo de desviar sua atenção da realidade de viverem tais líderes uma vida faustosa enquanto seus liderados mal conseguem sobreviver.

Um instante de meditação basta para se perceber que a humanidade é iludida por uma casta de seres ainda mais brutos do que aqueles que lhes são obedientes. São aqueles que determinaram o comportamento do qual resultou uma sociedade humana que valoriza toupeiras mentais em detrimento de genialidades. E não é possível haver perspectiva de um horizonte diferente enquanto o povo pensar que o bem-estar de seus filhos depende de deus, que esporte é importante e ser indiferente à realidade de estar a riqueza do mundo nas mãos de apenas um por cento da humanidade. Assim, a única possibilidade de terem as crianças de hoje um futuro menos infeliz é que elas venham a alcançar o convencimento de estar tudo errado antes que dos erros resulte a hecatombe que apesar de já prenunciada é negada pelos brutos guias da humanidade em sua cegueira de Midas na busca por ouro. A juventude que é a força viva do mundo só tem a perder em se deixar levar feito bosta n’água por falsos líderes que imbecilizam os jovens de forma tão espetacular que o Yahoo considera célebres toupeiras mentais. Inté.  

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