quinta-feira, 19 de setembro de 2019

ARENGA 589


Ridículo o estardalhaço que se faz em torno de eleição e dos bilhões desperdiçados com esta palhaçada. O destino do povo sobre o qual pesa o ônus de todos os custos sociais, qualquer que seja o resultado das urnas, é um só: ter de contribuir com mais da metade do valor de tudo que precisa comprar a fim de garantir despensa farta para a camarilha de parasitas proclamados vitoriosos pelo resultado de uma eleição totalmente inútil do ponto de vista do bem-estar social, uma vez que o mundo está se transformando num enorme corredor de hospital onde desvalidos clamam por um socorro que não vem. Cabe, então, indagar: para que servem a eleição e os governo se a injustiça assumiu tamanha magnitude que os injustos submetem os justos a tribunais tendenciosos? Sendo a juventude a maior prejudicada pelos desgovernos, em nome da sensatez ela deve fazer algo a respeito. Sair da apatia eterna em que sempre viveu, deixando-se levar obedientemente pela vontade obscena de verdadeiros monstros de cuja boca escorre baba de dragão e que existem unicamente para amealhar mais e mais riqueza. A parasitagem tem tido vida demasiadamente longa. Na página 27 de A Utopia, Thomas More se refere aos parasitas medievais da seguinte maneira: “Consideremos antes o que se passa sob nosso olhar; vejamos o grande número de nobres que, não satisfeitos com sua própria ociosidade, vivem preguiçosamente como zangões, do trabalho dos seus rendeiros, a quem esfolam até o osso, fazendo-os pagar rendas elevadíssimas ...”. Os parasitas são párias sociais porque o conceito de sociedade é incompatível com a avidez individualista destas figuras que apesar de desprezíveis, ditam as regras a serem seguidas por uma juventude que parece não ter vontade própria.

Despontam, todavia, jovens interessados em tais assuntos, o que é fato alvissareiro para quem sonha com um mundo sem tanta indiferença ante o sofrimento alheio. À medida que mais e mais jovens concluírem por si mesmos em vez de esperar que o tempo lhes convença de haver algo errado, sem sombra de qualquer dúvida, será o começo da mudança necessária para mostrar que a vida, se é um jogo, como afirma Jacob Petry, na página 21 de Poder e Manipulação, é um jogo de cartas marcadas a favor de falsos líderes dos quais, infelizmente, uma injustificada falta de interesse da juventude não lhe despertou ainda para a necessidade de descartá-los. O mesmo Jacob Petry, na página seguinte, observa que a humanidade se encontra envolvida por uma cultura morta, mais preocupada em ensinar sobre as revoluções Francesa e Russa, o Princípio de Arquimedes, a descoberta da América ou a teoria da evolução.

Este viés educacional não é mera coincidência. Faz parte da cultura de se dedicar atenção ao passado e ao presente, mas nunca ao futuro. Daí que o fato de se respirar, comer e beber veneno nada significa para jovens pais convencidos de ser necessário para a economia, como afirma a velharia e os jovens acreditam. Não é por outro motivo que o oráculo do atual presidente da república considera Paulo Freire inimigo do governo. O motivo de tal inimizade é ter Freire sugerido a inclusão no programa educacional de matéria que estimulasse nos jovens o raciocínio. Acontece que raciocinar abre brenhas nas trevas do conservadorismo bolorento, permitindo a penetração da luz de ideias novas das quais as mentalidades arcaicas fogem como o diabo foge da cruz. É por isto que os jovens são levados a saber o que pensaram Robespierre, Danton, Marat, Lênin, Stalin, ao tempo em que têm sua atenção desviada de coisas tão simples quanto o porquê da desarmonia se o ingrediente principal de qualquer sociedade é a harmonia. O raciocínio também levará à conclusão inquestionável da Impossibilidade de haver eleições corretas porque para tanto os eleitos teriam de ser escolhidos por um colegiado de sábios, uma vez ser a idoneidade moral a característica dos sábios. Entretanto, enquanto o raciocínio girar em torno de futebola, axé e igreja, descartada fica tal possibilidade, uma vez que a vilania, a sordidez, o ludíbrio da religiosidade e a estupidez das guerras caracterizam o comportamento da humanidade. Inté.




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