Ridículo o estardalhaço que se faz em torno de eleição e dos bilhões desperdiçados
com esta palhaçada. O destino do povo sobre o qual pesa o ônus de todos os
custos sociais, qualquer que seja o resultado das urnas, é um só: ter de
contribuir com mais da metade do valor de tudo que precisa comprar a fim de
garantir despensa farta para a camarilha de parasitas proclamados vitoriosos
pelo resultado de uma eleição totalmente inútil do ponto de vista do bem-estar
social, uma vez que o mundo está se transformando num enorme corredor de
hospital onde desvalidos clamam por um socorro que não vem. Cabe, então,
indagar: para que servem a eleição e os governo se a injustiça assumiu tamanha
magnitude que os injustos submetem os justos a tribunais tendenciosos? Sendo a juventude
a maior prejudicada pelos desgovernos, em nome da sensatez ela deve fazer algo
a respeito. Sair da apatia eterna em que sempre viveu, deixando-se levar
obedientemente pela vontade obscena de verdadeiros monstros de cuja boca
escorre baba de dragão e que existem unicamente para amealhar mais e mais riqueza.
A parasitagem tem tido vida demasiadamente longa. Na página 27 de A Utopia,
Thomas More se refere aos parasitas medievais da seguinte maneira:
“Consideremos antes o que se passa sob nosso olhar; vejamos o grande número de
nobres que, não satisfeitos com sua própria ociosidade, vivem preguiçosamente
como zangões, do trabalho dos seus rendeiros, a quem esfolam até o osso,
fazendo-os pagar rendas elevadíssimas ...”. Os parasitas são párias sociais
porque o conceito de sociedade é incompatível com a avidez individualista
destas figuras que apesar de desprezíveis, ditam as regras a serem seguidas por
uma juventude que parece não ter vontade própria.
Despontam, todavia, jovens interessados em tais assuntos, o que é fato
alvissareiro para quem sonha com um mundo sem tanta indiferença ante o
sofrimento alheio. À medida que mais e mais jovens concluírem por si mesmos em
vez de esperar que o tempo lhes convença de haver algo errado, sem sombra de
qualquer dúvida, será o começo da mudança necessária para mostrar que a vida,
se é um jogo, como afirma Jacob Petry, na página 21 de Poder e Manipulação, é
um jogo de cartas marcadas a favor de falsos líderes dos quais, infelizmente, uma
injustificada falta de interesse da juventude não lhe despertou ainda para a
necessidade de descartá-los. O mesmo Jacob Petry, na página seguinte, observa
que a humanidade se encontra envolvida por uma cultura morta, mais preocupada
em ensinar sobre as revoluções Francesa e Russa, o Princípio de Arquimedes, a
descoberta da América ou a teoria da evolução.
Este viés educacional não é mera coincidência. Faz parte da cultura de se
dedicar atenção ao passado e ao presente, mas nunca ao futuro. Daí que o fato
de se respirar, comer e beber veneno nada significa para jovens pais
convencidos de ser necessário para a economia, como afirma a velharia e os
jovens acreditam. Não é por outro motivo que o oráculo do atual presidente da
república considera Paulo Freire inimigo do governo. O motivo de tal inimizade
é ter Freire sugerido a inclusão no programa educacional de matéria que
estimulasse nos jovens o raciocínio. Acontece que raciocinar abre brenhas nas
trevas do conservadorismo bolorento, permitindo a penetração da luz de ideias
novas das quais as mentalidades arcaicas fogem como o diabo foge da cruz. É por
isto que os jovens são levados a saber o que pensaram Robespierre, Danton,
Marat, Lênin, Stalin, ao tempo em que têm sua atenção desviada de coisas tão
simples quanto o porquê da desarmonia se o ingrediente principal de qualquer
sociedade é a harmonia. O raciocínio também levará à conclusão inquestionável da
Impossibilidade de haver eleições corretas porque para tanto os eleitos teriam
de ser escolhidos por um colegiado de sábios, uma vez ser a idoneidade moral a
característica dos sábios. Entretanto, enquanto o raciocínio girar em torno de
futebola, axé e igreja, descartada fica tal possibilidade, uma vez que a
vilania, a sordidez, o ludíbrio da religiosidade e a estupidez das guerras caracterizam
o comportamento da humanidade. Inté.
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