quarta-feira, 20 de julho de 2016

ARENGA 290


Cumprindo a sina de papagaio que a execrável classe dos ricos donos do mundo traçou para eles, os papagaios de microfone se mostram em polvorosa, garantindo cada um deles as excelências de suas estações na perfeição com que papagaiarão sobre os jogos olímpicos. Antes de encurtarem os calções das jogadoras de vôlei, realmente valia a pena ver um pedacinho da bunda delas. Embora menos apreciáveis, não deixa de haver beleza também na dança no gelo e nos saltos ornamentais. Mas tal curtição não vale o preço social que infelicitará ainda mais os chorões da televisão e dos corredores de hospital. Segundo a imprensa, trinta e sete bilhões de reais foram consumidos nestas brincadeiras, dinheiro suficiente para aliviar um montão de choros.

Sendo o povo constituído de individualidades, e cada individualidade possuída da personalidade do carneiro, e tendo o carneiro a sina de conformismo que a natureza lhe deu, entende-se o motivo pelo qual os pais concordam em trocar por brincadeiras a tranquilidade de boas escolas para onde seus filhos pudessem ir e voltar para casa sem precisar serem levados ao hospital onde não encontrarão vaga. Em vez disso, levam suas inocentes criancinhas para lhes ensinar a se tornarem ridículas e tão bobas quanto eles, esperneando e gritando num tremendo alvoroço quando a bola bate na rede. Pior ainda é que se acomodam ao lado de alguém que talvez esteja com a barriga arrodeada de dinamites. No mesmo diapasão da insanidade com que a papagaiada de microfone louva o festejamento, também os capachos dos ricos donos do mundo, as autoridades em sua servidão, dizem ao povo babão que pode ir às arenas das brincadeiras na maior tranquilidade do mundo ao tempo em que afirmam não ser possível descartar totalmente a possibilidade de ato terrorista, no que estão corretas porque garantir tal coisa equivaleria a dizer a determinada pessoa que ela jamais será vítima do desconforto que viaja na ponta do ferrão afiado da mosquita. Como povo não pensa, jamais lhe ocorrerá o seguinte: Estando um milhão de pessoas confinadas em determinado ambiente ao qual chega o conhecimento de haver lá dentro uma cobra de cuja picada não se escapa, estariam aquelas pessoas tão a gosto de modo a terem a tranquilidade necessária para curtir o pedacinho da bunda das jogadoras caso não lhes tivessem aumentado o calção? Portanto, só a estultice própria das autoridades justifica a controvérsia de garantirem tranquilidade ao tempo em que não descartam a viabilidade de um terrorista cepador de cabeça aprontar lá dentro alguma das suas pataquadas. Inté.

 

 

 

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