Cumprindo a
sina de papagaio que a execrável classe dos ricos donos do mundo traçou para
eles, os papagaios de microfone se mostram em polvorosa, garantindo cada um deles
as excelências de suas estações na perfeição com que papagaiarão sobre os jogos
olímpicos. Antes de encurtarem os calções das jogadoras de vôlei, realmente valia
a pena ver um pedacinho da bunda delas. Embora menos apreciáveis, não deixa de
haver beleza também na dança no gelo e nos saltos ornamentais. Mas tal curtição
não vale o preço social que infelicitará ainda mais os chorões da televisão e
dos corredores de hospital. Segundo a imprensa, trinta e sete bilhões de reais
foram consumidos nestas brincadeiras, dinheiro suficiente para aliviar um
montão de choros.
Sendo o
povo constituído de individualidades, e cada individualidade possuída da
personalidade do carneiro, e tendo o carneiro a sina de conformismo que a
natureza lhe deu, entende-se o motivo pelo qual os pais concordam em trocar por
brincadeiras a tranquilidade de boas escolas para onde seus filhos pudessem ir
e voltar para casa sem precisar serem levados ao hospital onde não encontrarão
vaga. Em vez disso, levam suas inocentes criancinhas para lhes ensinar a se
tornarem ridículas e tão bobas quanto eles, esperneando e gritando num tremendo
alvoroço quando a bola bate na rede. Pior ainda é que se acomodam ao lado de
alguém que talvez esteja com a barriga arrodeada de dinamites. No mesmo
diapasão da insanidade com que a papagaiada de microfone louva o festejamento,
também os capachos dos ricos donos do mundo, as autoridades em sua servidão, dizem
ao povo babão que pode ir às arenas das brincadeiras na maior tranquilidade do
mundo ao tempo em que afirmam não ser possível descartar totalmente a
possibilidade de ato terrorista, no que estão corretas porque garantir tal
coisa equivaleria a dizer a determinada pessoa que ela jamais será vítima do desconforto
que viaja na ponta do ferrão afiado da mosquita. Como povo não pensa, jamais
lhe ocorrerá o seguinte: Estando um milhão de pessoas confinadas em determinado
ambiente ao qual chega o conhecimento de haver lá dentro uma cobra de cuja
picada não se escapa, estariam aquelas pessoas tão a gosto de modo a terem a
tranquilidade necessária para curtir o pedacinho da bunda das jogadoras caso
não lhes tivessem aumentado o calção? Portanto, só a estultice própria das
autoridades justifica a controvérsia de garantirem tranquilidade ao tempo em
que não descartam a viabilidade de um terrorista cepador de cabeça aprontar lá
dentro alguma das suas pataquadas. Inté.
Muito bom!
ResponderExcluir