domingo, 24 de julho de 2016

ARENGA 291


A humanidade precisa mudar o rumo de sua prosa. Nada do que é dito é o que realmente é, e nesta falta de sintonia entre o que se diz e aquilo que realmente é está a causa da infelicidade humana. Embora a humanidade não saiba, ela é extremamente infeliz. Atente-se para o modo como vivem os seres humanos e chegar-se-á à conclusão de haver pouca diferença do modo como vivem os irracionais. Como a arte de pensar, ou a filosofia, virou um converseiro que nada tem a ver com a qualidade de vida humana, haverá quem diga não serem infelizes os irracionais em sua vida de irracional, no que estará mais do que certo, mas a vida de irracional só é boa para os irracionais, e não para humanos. Enquanto não acertar os ponteiros de modo que a fala coincida com a realidade só haverá desencontros entre os seres humanos em função de comportamentos também desencontrados como são os gastos estupendos em festas enquanto as coisas realmente sérias estão na bancarrota. Está tudo errado. Até mesmo pessoas que pensam dizem coisas que se analisadas direitinho deixa ver que faltou mais pensamento sobre o dito.

O filósofo de fala aprumada e contundente Arnaldo Jabor, por exemplo, em seu comentário do dia 28/07/2015 na Rádio CBN, intitulado O Governo Só Fala Do Futuro Com Ideias Do Passado, afirma que se o caos está instalado em nosso país deve-se ao sistema político a que o PT nos levou. Quando foi feito este comentário, o PT era governo e a desarrumação ou caos social em que se encontrava o país poderia fazer crer ser realmente do PT a responsabilidade pela esculhambação. Entretanto, a História do Brasil mostra que nossa política sempre foi esculhambada desde o começo e nunca deixou de ser, razão pela qual se equivoca o comentarista ao atribuir nossa eterna desordem apenas ao PT esconjurado pelo governo atual. No que o substituiu, entretanto, não observa mudança alguma na forma tradicional de governar. Não fosse a proteção do STF e muitos dos membros do novo governo não escapariam ação saneadora da Lava Jato. Portanto, não faz sentido a fala do filósofo porque tanto o governo do PT quanto o atual, os que já foram e os que virão, governaram, governam e governarão apenas a favor dos ricos donos do mundo. A propósito, está aí na imprensa a seguinte notícia: Alckmin perdoa dívidas de R$ 116 mi de acusada de cartel. Já é tempo de se perceber que o modelo de administração praticada no mundo inteiro faz o povo de peteca. Também, quem manda povo ser sinônimo de asno? Nada poderá dar certo enquanto se viver uma cultura para a qual há seres humanos superiores e outros tão inferiores que não precisam comer.

Desde há muito os pensadores evitam focar seus pensamentos nesta falsa premissa que norteia as ações humanas. Eubulides de Mileto, por exemplo, muito tempo antes de Cristo, inventou um negócio chamado O Paradoxo do Mentiroso, que consiste numa confusão dos diabos girando em torno de algo mais ou menos assim: Um cara diz que é mentiroso. Se ele é mentiroso realmente, estaria dizendo a verdade, ficando tudo embaralhado porque uma afirmação não pode ser verdade e mentira ao mesmo tempo. Desta confusão concluíram outros pensadores pela impossibilidade de haver perfeição, e daí afirmaram a inexistência de um ser onisciente porque isto seria a perfeição. Ora, para se concluir a inexistência de tal ser basta consultar a bíblia para se perceber que o único ser tido como onisciente, Deus, por várias vezes precisava ser informado de algo que não sabia ou não tinha certeza.

De outra feita, por volta de oitocentos anos atrás, o filósofo São Tomás de Aquino também inventou uma confusão danada chamada de Teoria das Cinco Vias para explicar a existência de Deus. A quarta via, por exemplo, se atém à perfeição das coisas do universo como testemunho da presença de Deus, o que não faz sentido porque não há perfeição alguma no fato de se ter apego à vida e a destruição dela pelo câncer.

A única coisa de que precisam os seres humanos para terem uma vida sem tantos sofrimentos desnecessários é apenas refletir sobre seu comportamento irracional que produz cheias, secas, guerras, jovens alucinados, cabeças cepadas fora do corpo, infernos fiscais abarrotados de riqueza, multidões vagando mundo afora em função de pobreza. Vai ser burro assim na Caixa Prego, pô. Inté.       

 

 

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