O amigo e
ensaísta Edmilson Movér nos lembra da observação que fez o Grande Mestre do
Saber John Locke de que o caráter das pessoas pode ser conhecido através de
suas ações. De acordo com esta observação do grande pensador, conclui-se que
todos os grupos humanos integrantes de todas as sociedades do mundo, se
quiserem viver de modo menos grosseiro, limitado a ter obrigações sem direitos,
precisam participar ativamente da administração de suas sociedades uma vez que
as ações das autoridades encarregadas desta tarefa demonstram caráter da mais
ordinária qualidade, razão pela qual é uma babaquice ainda maior do que o mau
caratismo das autoridades deixar a cargo delas a administração da imensa
fortuna ajuntada pelos impostos e ficar de longe envolvido com festas e
brincadeiras para as quais as autoridades não deixam faltar dinheiro. A
presença constante das festas demonstra o lado negativo do caráter das
autoridades porque visam levar para os terreiros das brincadeiras a tenção das
pessoas, mantendo-as eternamente enganadas com a conversa de que o amanhã será
melhor. Delfim Neto quando era dono da economia desse país de triste sorte, há
mais de cinquenta anos, garantiu e assinou embaixo que o povo devia esperar o
bolo crescer para depois ser dividido. Daqui a mais cinquenta anos o povo
continuará a esperar, e mais cinquenta, e mais cinquenta. Até hoje, velho e
mais feio do que nunca, continua Delfim Neto a dizer o que fazer através da
Rádio Bandeirantes AM de São Paulo. Afinal, povo existe para ser enganado. Aí
estão como prova os palácios, os mármores, as frotas de carros frequentemente
renovados, o acúmulo de várias aposentadorias, o direito de justificar roubos
com um simples “nego as acusações”. Apesar desta evidência, os chorões da
televisão não só se satisfazem como até ficam orgulhosos quando as autoridades
participam de homenagem a seus filhos mortos pela violência cuja existência se
deve à falta da grana preta por elas consumida. Povo é isso aí!
Interessante
é notar que o mesmo filósofo citado lá no alto pelo ensaísta também disse que o
povo tem pleno direito de escorraçar autoridades irresponsáveis. Considerando
que nenhuma autoridade no mundo pode ser responsável sob pena de cair no
desagrado dos ricos dono do mundo, seus patrões e senhores absolutos, como se
pode ver da seguinte história contada por Rubens Valente na página 196 do livro
Operação Banqueiro: “O senhor
Daniel Dantas administrava os recursos dos fundos de pensão sob forte suspeita,
confirmada à medida que o tempo passava, de havê-los conseguido de forma
espúria, pelas graças governamentais. Além disso, as provas de abuso da posição
de administrador, tirando vantagens em proveito próprio, iam se avolumando de
forma acelerada. Tal situação precária, então, deveria ser acompanhada minuto a
minuto, governo a governo, necessitando de uma alta dosagem de influência
política para se sustentar, bem como uma verdadeira ‘armada de guerra’ de
advogados contratados a peso de ouro e um time de investigadores para violar
direitos e a vida de quem ousava atravessar o seu caminho”. Então? Se
as autoridades existem para servir aos ricos donos do mundo, como prova a perseguição
que vitimou os doutores Protógenes Queiroz e o Juiz Fausto de Sanctis por se
insurgirem contra os crimes do senhor Daniel Dantas contra o povo, deve este,
segundo o filósofo, botar as autoridades prá correr. Em 1964 jovens brasileiros
inexperientes foram trespassados à bala por autoridades também brasileiras por
ordem dos ricos donos do mundo, seus patrões e senhores, o que se pode ver na
página 129 do livro O Grande Irmão, de Carlos Fico: “... o Secretário de Estado, Dean Rusk, consultou Gordon sobre uma
estratégia que lhe pareceu adequada: a escolha de um presidente para o Brasil”. É este o
destino do povo enquanto lhe permanecer a burrice extrema da submissão ou do
recurso às armas como meio de escorraçar as autoridades malfazejas como lembrou
o filósofo em vez de usar da inteligência que todos têm para fazer a
reviravolta de modo bonito e sem sofrimento, salvando do caos, inclusive,
aqueles que lhe causa os sofrimentos uma vez que seu Deus lhe recomenda perdoar
os inimigos. Inté.
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