sábado, 2 de julho de 2016

ARENGA 283


Os meios de comunicação no mundo inteiro estão a fazer um bafafá dos diabos em torno da União Europeia. Em se tratando de Europa, local habitado por um povo bárbaro, mas tido como civilizado por ser ainda maior a barbárie nos outros lugares, a palavra união sugere tratar-se de algo positivo. Entretanto, tudo se refere exclusivamente à materialidade em que foi reduzida a atividade de viver. Nesse bolodório infernal sobre União Europeia nada tem de união. Não se trata de uma elevação espiritual capaz de levar à concretização da irmandade tão falada do lado de dentro das igrejas, mas inexistente do lado de fora. A tal da União Europeia, na verdade, é uma desunião. Trata-se de atividade mercantil pura e simples. Um processo cujo objetivo é tão somente acumular riqueza através da astúcia e habilidade na prática comercial da qual resulta ganhador e perdedor, prática adotada pelo sistema capitalista que encontra mérito na brutalidade da mesma competição das selvas onde o mais forte destrói e mais fraco. Como falar de união num procedimento orientado pela cultura bárbara da disputa, do cada um por si? A natureza humana exige o contrário desse comportamento bárbaro presente no falatório da papagaiada de microfone em torno de Bolsa de Valores, perspectivas de empresários, Mercado Financeiro, cotação de moedas, coisas desse tipo. Todos estes assuntos visam exclusivamente rechear cada vez mais as contas nos infernos fiscais, maldição abençoada pelos escritores assalariados e a papagaiada de microfone ao garantirem que os bancos, excrescência capitalista, beneficiam a sociedade com o argumento de que eles irrigam a economia ao levar dinheiro para onde há necessidade dele. Na prática, o que se vê é exatamente a sociedade irrigando a fortuna do colarinho branco dos banqueiros, cada um deles embolsando mais de um bilhão a cada mês, lucros tão exorbitantes que tiveram seu nome mudado para “spread” para não dar muito na pinta.

As notícias da União Europeia nada significam para o povo mais ligado nas brincadeiras e notícias sobre “famosos” e “celebridades”, sem se dar ao trabalho de refletir sobre o malefício resultante da disputa ferrenha por dinheiro. Dela resulta o mundo cão. O mundo inteiro foi tomado por uma epidemia de babaquismo que leva as pessoas a procedimentos estúpidos como encontrar motivo de apreciamento em quem não tem relevo espiritual. Ao contrário, quanto maior o egoísmo, a falta de noção do que seja viver em sociedade, maior o apreciamento que a sociedade dispensa ao parasitismo social encarnado nas “celebridades” e nos “famosos”. A imprensa noticia que o povo argentino enquanto tem a atenção voltada para Maradona e Messe, foi roubado por empresários numa montanha de dinheiro que esconderam na Suíça. A Operação Lava Jato põe a nu a realidade de que o papel de povo é ter o cangote à disposição da canga graças à limitação mental imposta pelos papagaios de microfone e os escritores assalariados a mando de seus patrões, os ricos donos do mundo e das autoridades. A imprensa dá conta de que pessoas abandonam os planos de saúde por falta de dinheiro. Entretanto, estas mesmas pessoas são obrigadas a pagar planos de saúde não só para as autoridades, mas também para seus parentes. Da união do tipo da União Europeia resultam muralhas protegendo gatos pingados de abastados das multidões de necessitados, muralhas estas que terão o mesmo destino das de Jericó. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

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