quarta-feira, 29 de junho de 2016

ARENGA 282


Os meios de comunicação no mundo inteiro estão a fazer um bafafá dos diabos em torno da União Europeia. Em se tratando de Europa, local habitado por um povo bárbaro, mas tido como civilizado por ser ainda maior a barbárie nos outros lugares, a palavra união sugere tratar-se de algo positivo. Entretanto, tudo se refere exclusivamente à materialidade em que foi reduzida a atividade de viver. Nesse bolodório infernal sobre União Europeia nada tem de união. Não se trata de uma elevação espiritual capaz de levar à concretização da irmandade tão falada do lado de dentro das igrejas, mas inexistente do lado de fora. A tal da União Europeia, na verdade, é uma desunião. Trata-se de atividade mercantil pura e simples. Um processo cujo objetivo é tão somente acumular riqueza através da astúcia e habilidade na prática comercial da qual resulta ganhador e perdedor, prática adotada pelo sistema capitalista que encontra mérito na brutalidade da mesma competição das selvas onde o mais forte destrói e mais fraco. Como falar de união num procedimento orientado pela cultura bárbara da disputa, do cada um por si? A natureza humana exige o contrário desse comportamento bárbaro presente no falatório da papagaiada de microfone em torno de Bolsa de Valores, perspectivas de empresários, Mercado Financeiro, cotação de moedas, coisas desse tipo. Todos estes assuntos visam exclusivamente rechear cada vez mais as contas nos infernos fiscais, maldição contra a qual nenhum escritor assalariado nem papagaio de microfone se insurge. Ao contrário, garantem e assinam embaixo os papagaios de microfone e os escritores assalariados da Economia Política que os bancos, esta excrescência capitalista, beneficiam a sociedade com o argumento de que eles irrigam a economia ao levar dinheiro para onde há necessidade dele. Na prática, o que se vê é exatamente a sociedade irrigando a fortuna do colarinho branco dos banqueiros, cada um deles embolsando mais de um bilhão a cada mês, lucros tão exorbitantes que tiveram seu nome mudado para “spread” para não dar muito na pinta.

As notícias da União Europeia nada significam para o povo mais ligado nas brincadeiras e notícias sobre “famosos” e “celebridades”, sem se dar ao trabalho de refletir sobre o malefício resultante da disputa ferrenha por dinheiro. Dela resulta o mundo cão. O mundo inteiro foi tomado por uma epidemia de babaquismo que leva as pessoas a procedimentos estúpidos como encontrar motivo de apreciamento em quem não tem relevo espiritual. Ao contrário, quanto maior o egoísmo, a falta de noção do que seja viver em sociedade, maior o apreciamento merecido por estas tais de “celebridades”, na verdade, sanguessugas sociais. O povo argentino, por exemplo, enquanto tem a atenção voltada para Maradona e Messe, foi roubado por empresários numa montanha de dinheiro que esconderam na Suíça. A Operação Lava Jato é mais uma entre as bilionésimas comprovações de que o papel de povo no mundo inteiro é ter o cangote à disposição da canga e a visão limitada pelo tapa-olho mental que lhe põem os papagaios de microfone e os escritores assalariados a mando de seus patrões, os ricos donos do mundo e seus cupinchas travestidos de autoridades. Cá entre nós, segundo o jornal Folha de São Paulo, a massa apreciadora de igreja e futebola que está abandonando os planos de saúde por falta de dinheiro vai ser obrigada a pagá-los para parentes e aderentes até de ex-deputados.

Do tipo de união da União Europeia resulta em que noventa e nove por cento da população do mundo vive apenas com um por cento da riqueza do mundo, ficando todo o restante dela (noventa e nove por cento) para um grupinho de apenas um por cento da população que teve a boca entortada pela cultura do cachimbo da usura, incapaz de perceber estar cavando a própria sepultura ao sevar feras famintas de vingança por milênios de maus-tratos, vingança que já se manifesta de várias maneiras, sendo a cepação de cabeça e o tiroteio por jovens contra outros jovens uma amostra dela. Entretanto, a impossibilidade de pensar em outra coisa que não em dinheiro não deixa perceber o que está acontecendo. As pessoas se perguntam abismadas o porquê de tanta brutalidade. A resposta escapa à percepção dos adoradores de igreja e brincadeiras como mostram estes infelizes pais que choram a perda de seus filhos esperando providência das autoridades.

Enquanto for buscada na riqueza a felicidade só encontrada onde há paz, reinará a infelicidade das cabeças cepadas fora do corpo; dos cadáveres de criancinhas atirados às praias geladas; de milhões de peregrinos a peregrinar mundo afora; da necessidade de se esconder atrás de muralhas como nos tempos bárbaros, muralhas que haverão de se mostrar tão inúteis quanto as de Jericó, que Jacó e seis anjos tocadores de trombeta derrubaram e passaram os habitantes de lá a fio de espada, barbaridade citada na bíblia como exemplo do poder de um Deus bom. Iludida, a humanidade pauta sua vida nas mentiras que lhes são incutidas desde o aleitamento materno. Entre os atores de Hollywood espalhou-se a mentira da existência de divindades especializadas em levar à fortuna pretendentes ao sucesso nas artes cênicas. Foi o bastante para que surgisse uma religião chamada Cientologia que, segundo o amigão Google, graças aos donativos de milionários atores como John Travolta, Bred Pitt, Tom Cruise e vários outros, acumulou uma grande fortuna. Adultos tão facilmente enganáveis como são todos os componentes da humanidade, incapazes de pensar por si mesmos e organizarem uma sociedade suficientemente madura para compreender que o bem-estar de cada um depende do bem-estar coletivo, e que o bem-estar coletivo não está nas recomendações dos papagaios da economia, paus-mandados dos ricos donos do mundo, que garantem vantagens no compra-compra, na produção de carros e nas viagens em torno do mundo, não obstante o perigo de ser despedaçado por uma bomba dos enlouquecidos por tanta injustiça. Sem elevar a espiritualidade, jamais será encontrada a paz e o bem-estar. Inté.    

 

 

 

 

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