sábado, 25 de junho de 2016

ARENGA 280


No tempo em que viveu Joaquim Osório Duque Estrada, autor da letra do nosso Hino Nacional, ainda não havia certeza de que depois de passadas as fases da entrega do Pau Brasil e dos minérios, e se deixar superar na produção da cana de açúcar e borracha, nosso país continuaria eternamente uma despensa à disposição de quem quer que deseje algo nela guardada. É possível até que nem de longe se imaginaria que o pronunciado instinto de rato demonstrado no início de nossa história haveria de se tornar ainda mais forte do que no próprio rato. Assim, a inocência com que cantávamos PÁTRIA AMADA, BRASIL na escola primária era a mesma inocência do nosso ufanista compositor ao encerrar sua poesia com esta frase poética que até home não deixa de ser apenas fantasia como são as poesias. Na realidade, nosso Brasil é a pátria mais desamada em todo o mundo. Os responsáveis por pelos seus cuidados são seus maiores vilões. São como pais que abusam das filhas. Suas ações são tão vis que um homem da estatura moral do general Charles de Gaulle afirmou que o país onde nascemos, crescemos, vivemos e formamos nossa cultura e sentimento de patriotismo não é um país sério. Nosso compositor ufanista sentiria a mesma tristeza que sentem aqueles que conseguiram sair da vala comum da ignorância onde chafurda o barulhento povo brasileiro religioso, festeiro e soltador de bomba, povo de tão triste destino que encara com naturalidade seus representantes bradarem contra a prisão de um ladrão do seu dinheiro por ser ele marido de uma senadora, enquanto que o certo seria prender também sua mulher porquanto a mulher só desconhece o que faz o marido (e apenas por algum tempo) no que se refere às puladas de cerca. Só tem motivos para tristeza essa nossa pátria. Seus filhos, como macacos, preferem imitar as coisas do estrangeiro, sem se incomodar com o absurdo de conviverem suas crianças com escorpiões nas escolas. O desapego desse povo imbecil à sua cultura é tão grande que mesclaram sua linguagem com uma infinidade de estrangeirismos. Se no tempo do nosso compositor ufanista era de bom tom falar francês, atualmente o chique é o inglês. Constitui motivo de orgulho dar conhecimento no ambiente em que vive de conhecer as mais famosas lojas de Me Ame e nome das principais ruas de Nova Iorque. Triste povo. Triste país e não menos triste pátria desamada. Inté.

 

 

 

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