No tempo em que viveu Joaquim Osório Duque
Estrada, autor da letra do nosso Hino Nacional, ainda não havia certeza de que
depois de passadas as fases da entrega do Pau Brasil e dos minérios, e se
deixar superar na produção da cana de açúcar e borracha, nosso país continuaria
eternamente uma despensa à disposição de quem quer que deseje algo nela
guardada. É possível até que nem de longe se imaginaria que o pronunciado instinto
de rato demonstrado no início de nossa história haveria de se tornar ainda mais
forte do que no próprio rato. Assim, a inocência com que cantávamos PÁTRIA
AMADA, BRASIL na escola primária era a mesma inocência do nosso ufanista
compositor ao encerrar sua poesia com esta frase poética que até home não deixa
de ser apenas fantasia como são as poesias. Na realidade, nosso Brasil é a
pátria mais desamada em todo o mundo. Os responsáveis por pelos seus cuidados
são seus maiores vilões. São como pais que abusam das filhas. Suas ações são
tão vis que um homem da estatura moral do general Charles de Gaulle afirmou que
o país onde nascemos, crescemos, vivemos e formamos nossa cultura e sentimento
de patriotismo não é um país sério. Nosso compositor ufanista sentiria a mesma
tristeza que sentem aqueles que conseguiram sair da vala comum da ignorância
onde chafurda o barulhento povo brasileiro religioso, festeiro e soltador de
bomba, povo de tão triste destino que encara com naturalidade seus
representantes bradarem contra a prisão de um ladrão do seu dinheiro por ser
ele marido de uma senadora, enquanto que o certo seria prender também sua
mulher porquanto a mulher só desconhece o que faz o marido (e apenas por algum
tempo) no que se refere às puladas de cerca. Só tem motivos para tristeza essa
nossa pátria. Seus filhos, como macacos, preferem imitar as coisas do
estrangeiro, sem se incomodar com o absurdo de conviverem suas crianças com
escorpiões nas escolas. O desapego desse povo imbecil à sua cultura é tão
grande que mesclaram sua linguagem com uma infinidade de estrangeirismos. Se no
tempo do nosso compositor ufanista era de bom tom falar francês, atualmente o
chique é o inglês. Constitui motivo de orgulho dar conhecimento no ambiente em
que vive de conhecer as mais famosas lojas de Me Ame e nome das principais ruas
de Nova Iorque. Triste povo. Triste país e não menos triste pátria desamada.
Inté.
Será necessário haver tanta pobreza, choro, sofrimento? Que jovens pobres tenham que se endividar para estudar? Estará certa a conduta tradicional de terem as pessoas de trabalhar para sustentar as autoridades vivendo em palácios e com todas as suas necessidades pagas, inclusive riqueza pessoal para levar quando deixarem seus postos de trabalho? Há necessidade de tantas autoridades? Que tal matutarmos sobre estas coisas? Este é o objetivo deste blog. Nenhum mal haverá de fazer.
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