quarta-feira, 8 de junho de 2016

ARENGA 273


Considerando que a vida se resume a uma constante repetição de executar tarefas, e considerando também a conclusão que levou grandes pensadores à afirmação de que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito, o que não é verdade porque há quem nasce nas calçadas, o que lembra a seguinte historiazinha rolada no Aerobar entre goles de uísque sobre uma prisão inusitada de alguém: Uma prostituta pariu na rua e ajuntaram pessoas para ajudar. Ao ver o burburinho, um policial perguntou àquele sujeito o que se passava, e ele respondeu “foi a puta que pariu”. Mas se é impossível total igualdade entre os seres humanos, não é necessário ser tão grande a desigualdade a ponto de haver pessoas destinadas à execução das tarefas consideradas indignas, na verdade muito mais dignas do que as tarefas consideradas nobres tais como administrar o destino da humanidade incapaz de fazê-lo por si mesma, atribuição considerada privilégio dos “bacanas” ao longo da história humana, mas que resultou em fracasso tão grande que a humanidade se encontra no estado em que se encontra. Há, por exemplo, benefício social do trabalho do pedreiro e há malefício do trabalho do economista porque do primeiro resulta abrigo e do segundo resulta o convencimento de haver vantagem no compra-compra. Entretanto, os economistas consideram os pedreiros “material”. Para disfarçar, acrescentam “humano”. “Material humano” é como denominam os trabalhadores em sua babação de ovo dos ricos donos do mundo. Entretanto, se não pode nem deve haver total igualdade entre os seres humanos, também não deve haver quem seja considerado apenas um material ou coisa. Da mesma forma os políticos. Do trabalho de varrer rua resulta mais benefícios sociais do que do trabalho dos políticos, “excelências” que parasitam a sociedade enquanto tiram proveito dela. A desarrumação social em que viveu a humanidade desde sempre deve-se apenas à indiferença dos seres humanos quanto ao seu próprio destino. Uma vez constatada a realidade de não haver ninguém capaz de conduzir os seres humanos como deveria, não devem eles se deixar conduzir por aproveitadores, como vem fazendo desde sempre. Apesar da sábia afirmação por todos conhecida de ter a conclusão resultante da análise executada por várias pessoas maiores chances de corresponder à realidade do que a conclusão de apenas uma pessoa, mesmo sabendo disso os seres humanos quedam de longe a esperar as ordens dos “bacanas”, na verdade, malandros acomodados em palácios aproveitando o que de melhor se pode ter, inclusive construir luxuosos prédios de apartamentos em áreas proibidas.

E do trabalho dos papagaios de microfone, o que resulta dele para o povo? A resposta fica por conta do que diz o amigo e ensaísta Edmilson Movér. Para ele, o povo se tornou dependente da tecnologia eletrônica de forma absoluta. Realmente, não se vê um humano em algum momento livre de ocupação que não esteja envolvido com algum aparelho eletrônico, graças ao trabalho nefasto da papagaiada de microfone a criar nas pessoas a necessidade desnecessária de futucar telefone. Decorre, portanto, da bobagem de se deixar conduzir feito boiada a intranquilidade de absolutamente todos os seres humanos. Os que não estão aflitos cuidando de proteger o que já tem e em ter ainda mais o que proteger, estarão aflitos por não terem ainda o que proteger. Os padrões que orientam o comportamento humano precisam de reciclagem. Nunca chegará a humanidade a bom termo enquanto não houver unanimidade em torno da necessidade de mudar de rumo. E não precisa maior evidência desta necessidade do que ter a vulgaridade se tornado motivo para fama e celebridade. Inté.

    

 

 




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