Considerando
que a vida se resume a uma constante repetição de executar tarefas, e
considerando também a conclusão que levou grandes pensadores à afirmação de que
todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito, o que não
é verdade porque há quem nasce nas calçadas, o que lembra a seguinte historiazinha
rolada no Aerobar entre goles de uísque sobre uma prisão inusitada de alguém:
Uma prostituta pariu na rua e ajuntaram pessoas para ajudar. Ao ver o
burburinho, um policial perguntou àquele sujeito o que se passava, e ele
respondeu “foi a puta que pariu”. Mas se é impossível total igualdade entre os
seres humanos, não é necessário ser tão grande a desigualdade a ponto de haver
pessoas destinadas à execução das tarefas consideradas indignas, na verdade
muito mais dignas do que as tarefas consideradas nobres tais como administrar o
destino da humanidade incapaz de fazê-lo por si mesma, atribuição considerada
privilégio dos “bacanas” ao longo da história humana, mas que resultou em
fracasso tão grande que a humanidade se encontra no estado em que se encontra.
Há, por exemplo, benefício social do trabalho do pedreiro e há malefício do
trabalho do economista porque do primeiro resulta abrigo e do segundo resulta o
convencimento de haver vantagem no compra-compra. Entretanto, os economistas
consideram os pedreiros “material”. Para disfarçar, acrescentam “humano”. “Material
humano” é como denominam os trabalhadores em sua babação de ovo dos ricos donos
do mundo. Entretanto, se não pode nem deve haver total igualdade entre os seres
humanos, também não deve haver quem seja considerado apenas um material ou
coisa. Da mesma forma os políticos. Do trabalho de varrer rua resulta mais
benefícios sociais do que do trabalho dos políticos, “excelências” que
parasitam a sociedade enquanto tiram proveito dela. A desarrumação social em
que viveu a humanidade desde sempre deve-se apenas à indiferença dos seres
humanos quanto ao seu próprio destino. Uma vez constatada a realidade de não
haver ninguém capaz de conduzir os seres humanos como deveria, não devem eles
se deixar conduzir por aproveitadores, como vem fazendo desde sempre. Apesar da
sábia afirmação por todos conhecida de ter a conclusão resultante da análise executada
por várias pessoas maiores chances de corresponder à realidade do que a
conclusão de apenas uma pessoa, mesmo sabendo disso os seres humanos quedam de
longe a esperar as ordens dos “bacanas”, na verdade, malandros acomodados em
palácios aproveitando o que de melhor se pode ter, inclusive construir luxuosos
prédios de apartamentos em áreas proibidas.
E do
trabalho dos papagaios de microfone, o que resulta dele para o povo? A resposta
fica por conta do que diz o amigo e ensaísta Edmilson Movér. Para ele, o povo
se tornou dependente da tecnologia eletrônica de forma absoluta. Realmente, não
se vê um humano em algum momento livre de ocupação que não esteja envolvido com
algum aparelho eletrônico, graças ao trabalho nefasto da papagaiada de
microfone a criar nas pessoas a necessidade desnecessária de futucar telefone.
Decorre, portanto, da bobagem de se deixar conduzir feito boiada a
intranquilidade de absolutamente todos os seres humanos. Os que não estão
aflitos cuidando de proteger o que já tem e em ter ainda mais o que proteger,
estarão aflitos por não terem ainda o que proteger. Os padrões que orientam o
comportamento humano precisam de reciclagem. Nunca chegará a humanidade a bom
termo enquanto não houver unanimidade em torno da necessidade de mudar de rumo.
E não precisa maior evidência desta necessidade do que ter a vulgaridade se
tornado motivo para fama e celebridade. Inté.
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