Embora não
devesse, a atividade política é mais obscura do que parece ser. Algo de muito
estranho estará por trás da notícia de que Bill Clinton lê Paulo Coelho, de que
Obama acha Lula “O cara”, e que Luza ganha fortuna dando lição às pessoas do
mundo “civilizado”, inclusive de ter sido contratado para escrever uma coluna
no jornal “New York Times” comentando assuntos de política internacional. São
coisas estranhas da política porque Lula não escaparia de um baita zero no
Enem. Aposto um centavo furado como numa escrita ele perderia de longe prá mim.
Em se tratando de política, adota-se o demérito em lugar do mérito, o errado em
vez do correto. Enfim, despreza-se a lógica. Já vi um prefeito dizer a um
competente médico sanitarista que ele fora preterido por ter a escolha o
critério político como base em vez da competência do candidato. Está aí na
imprensa a notícia de que um ministro do STJ julgou a favor de empresa que
tinha negócio com o filho daquele ministro. Pode-se apostar um tostão furado como
o julgamento foi distorcido para beneficiar a tal empresa. Considerando a
realidade de depender da política o bem-estar social, não deveria ela se pautar
pela sinceridade, bom senso, atitudes corretas, sobretudo baseadas na
honestidade e honradez? Se assim é, e ninguém pode dizer o contrário sem estar
mentindo, por qual motivo não é assim que é? Algum parafuso falta na cuca da sociedade
que assiste indiferente as prioridades às quais os responsáveis pela execução
da política destinam os recursos públicos. São montanhas de dinheiro que o povo
simplesmente entrega aos políticos sem nem mesmo saber disso, o que é uma
situação deveras curiosa. De onde então sairia a grana grossíssima que paga os
palácios, a pose das autoridades, milhares de homens em armas aquartelados à
espera da oportunidade de brigar, as armas para a briga, os milhares de
espetáculos anuais de “famosos” e “celebridades” país afora, de passagens “de
graça” para velhos, se dinheiro não dá em árvores?
Como todos
os mistérios, também o mistério de haver tanto dinheiro aparentemente sem que
se saiba de onde vem, ele vem, na verdade, de cada pessoa. Se estas pessoas não
sabem disso é porque a papagaiada de microfone leva a atenção delas para outros
lugares. Não é outro o motivo pelo qual a papagaiada de microfone há mais de
uma semana papagaia sobre o desastre que vitimou jogadores de futebola, o que
deveria se restringir aos familiares das vítimas. É com tais subterfúgios que
ao longo da história dos seres humanos os acomodados no bem-bom patrocinado pelo
dinheiro arrecadado tem mantido afastado de si o olhar da sociedade. Quando a
inocência era maior do que na atualidade, porque a inocência decresce,
infelizmente mais devagar do que devia, multidões tinham seu olhar desviado
para um espetáculo no qual leões comiam pessoas vivas tiradas dessa mesma
multidão. Não tem outra finalidade a alta conta em que é elevado o esporte.
Tenho um sobrinho magrelo e com cento e noventa e cinco centímetros de altura.
Por várias vezes quando estamos juntos já ouvi pessoas exclamarem “Que menino
alto! Deveria ser jogador de basquete”. Ele diz já andar de saco cheio por que o
negócio dele é estudar. O esporte está tão enraizado na mente das pessoas que
não lhes ocorre outra coisa fora dele. Aí estão crianças transformadas em marginais
morrendo feito moscas no veneno nas mãos da polícia ou de outras
crianças/marginais, mas à papagaiada de microfone faz alarde sobre a mote dos
jogadores, o que é realmente lamentável, mas não mais do que a morte de
milhares de jovens desprezados pela sociedade. Inté.
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