sexta-feira, 10 de junho de 2016

ARENGA 274




Embora não devesse, a atividade política é mais obscura do que parece ser. Algo de muito estranho estará por trás da notícia de que Bill Clinton lê Paulo Coelho, de que Obama acha Lula “O cara”, e que Luza ganha fortuna dando lição às pessoas do mundo “civilizado”, inclusive de ter sido contratado para escrever uma coluna no jornal “New York Times” comentando assuntos de política internacional. São coisas estranhas da política porque Lula não escaparia de um baita zero no Enem. Aposto um centavo furado como numa escrita ele perderia de longe prá mim. Em se tratando de política, adota-se o demérito em lugar do mérito, o errado em vez do correto. Enfim, despreza-se a lógica. Já vi um prefeito dizer a um competente médico sanitarista que ele fora preterido por ter a escolha o critério político como base em vez da competência do candidato. Está aí na imprensa a notícia de que um ministro do STJ julgou a favor de empresa que tinha negócio com o filho daquele ministro. Pode-se apostar um tostão furado como o julgamento foi distorcido para beneficiar a tal empresa. Considerando a realidade de depender da política o bem-estar social, não deveria ela se pautar pela sinceridade, bom senso, atitudes corretas, sobretudo baseadas na honestidade e honradez? Se assim é, e ninguém pode dizer o contrário sem estar mentindo, por qual motivo não é assim que é? Algum parafuso falta na cuca da sociedade que assiste indiferente as prioridades às quais os responsáveis pela execução da política destinam os recursos públicos. São montanhas de dinheiro que o povo simplesmente entrega aos políticos sem nem mesmo saber disso, o que é uma situação deveras curiosa. De onde então sairia a grana grossíssima que paga os palácios, a pose das autoridades, milhares de homens em armas aquartelados à espera da oportunidade de brigar, as armas para a briga, os milhares de espetáculos anuais de “famosos” e “celebridades” país afora, de passagens “de graça” para velhos, se dinheiro não dá em árvores?

Como todos os mistérios, também o mistério de haver tanto dinheiro aparentemente sem que se saiba de onde vem, ele vem, na verdade, de cada pessoa. Se estas pessoas não sabem disso é porque a papagaiada de microfone leva a atenção delas para outros lugares. Não é outro o motivo pelo qual a papagaiada de microfone há mais de uma semana papagaia sobre o desastre que vitimou jogadores de futebola, o que deveria se restringir aos familiares das vítimas. É com tais subterfúgios que ao longo da história dos seres humanos os acomodados no bem-bom patrocinado pelo dinheiro arrecadado tem mantido afastado de si o olhar da sociedade. Quando a inocência era maior do que na atualidade, porque a inocência decresce, infelizmente mais devagar do que devia, multidões tinham seu olhar desviado para um espetáculo no qual leões comiam pessoas vivas tiradas dessa mesma multidão. Não tem outra finalidade a alta conta em que é elevado o esporte. Tenho um sobrinho magrelo e com cento e noventa e cinco centímetros de altura. Por várias vezes quando estamos juntos já ouvi pessoas exclamarem “Que menino alto! Deveria ser jogador de basquete”. Ele diz já andar de saco cheio por que o negócio dele é estudar. O esporte está tão enraizado na mente das pessoas que não lhes ocorre outra coisa fora dele. Aí estão crianças transformadas em marginais morrendo feito moscas no veneno nas mãos da polícia ou de outras crianças/marginais, mas à papagaiada de microfone faz alarde sobre a mote dos jogadores, o que é realmente lamentável, mas não mais do que a morte de milhares de jovens desprezados pela sociedade. Inté. 

  

 

 

 

 
 


 

 

 

 

 

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