Os grilhões
mais difíceis de se romper são os da ignorância. Platão mostrou esta realidade com
o Mito da Caverna. Tomar o errado pelo certo como fazem os seres humanos só
podia resultar num rumo também errado. Que utilidade há em discutir se Jesus
teve os irmãos Tiago, José, Judas e Simão, como diz a bíblia em Mateus 13:55,
Marcos 31:55 – 6:3, João 2:12 – 7:3,5,10? Que vantagem há em argumentar que isto
descartaria a virgindade de Maria, caso em que ela não poderia estar no céu ao
lado de Jesus e de Deus? Que adianta o converseiro sobre Jesus ser apenas homem
ou também ser Deus, ou ser ambos, homem e Deus? Acresce-se a tais sandices o
desperdício de tampo em se ajuntar um Espírito Santo e com isso formar uma
Santíssima Trindade. Mas não para por aí. Passou-se a discutir se Deus apenas
criou o universo e deixou ele por sua conta própria ou se toma conta de tudo
nos mínimos detalhes. É realmente inexplicável que na situação em que se
encontram os seres humanos se perca tempo com tais sandices. A papagaiada de microfone,
por sua vez, sente-se feliz com acontecimentos do tipo dos jogadores de
futebola acidentados porque aí eles têm assunto para tagarelar imbecilidades.
Há uma semana se fala sobre esse assunto que deveria se restringir às famílias
enlutadas. Mas não! Precisa falar do estado de saúde do pai, da mãe, do avô, da
avó, do tio, da tia, do irmão, do primo e até do amigo do jogador acidentado.
Como urubus, os papagaios de microfone levam vantagem com a morte. Enquanto
isso, as atenções estão longe das causas das quais provém o mar de infelicidade
que toma conta do mundo e que outra coisa não é senão os governos. Eles existem
para a manutenção da ordem. Não havendo desordem não haveria necessidade deles.
O Estado (ou governo) e a religião foram criados como freio para a brutalidade
humana. Por que, então, não substituir a brutalidade pela compreensão de que se
todos se comportarem civilizadamente poder-se-ia dispensar tanto o Estado
quanto a Religião, com o que sobrariam fabulosos recursos que administrados corretamente
pelos próprios cidadãos a vida poderia ser vivida de modo agradável, com rios
cristalinos, ar e comida limpos, e com redução drástica das doenças e do
sofrimento?
Se a
humanidade foi sempre infeliz, a infelicidade pode ser superada desde que para
isso se volte o interesse de todos. Faz-se extremamente necessário sair do
engodo com que a papagaiada de microfone e os escritores assalariados envolvem
os seres humanos através de uma trama diabólica que inutiliza completamente o
raciocínio. Só a deturpação mental pode levar as pessoas a concordar com gastos
astronômicos em brincadeiras e roubalheiras enquanto a sociedade chafurda na
miséria. E o que é assombroso é a passividade com que a sociedade assiste suas
instituições se transformarem em antro de conluios os mais espúrios. Já passou
muito tempo do tempo de se tomar novos ares, repudiar as guerras, a competição
perversa e se pensar numa sociedade de seres que tenham motivos para serem
célebres e famosos pela intelectualidade, capacidade mental de contribuir para
o desenvolvimento espiritual da sociedade. Inté.
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