sábado, 18 de junho de 2016

ARENGA 277




Os grilhões mais difíceis de se romper são os da ignorância. Platão mostrou esta realidade com o Mito da Caverna. Tomar o errado pelo certo como fazem os seres humanos só podia resultar num rumo também errado. Que utilidade há em discutir se Jesus teve os irmãos Tiago, José, Judas e Simão, como diz a bíblia em Mateus 13:55, Marcos 31:55 – 6:3, João 2:12 – 7:3,5,10? Que vantagem há em argumentar que isto descartaria a virgindade de Maria, caso em que ela não poderia estar no céu ao lado de Jesus e de Deus? Que adianta o converseiro sobre Jesus ser apenas homem ou também ser Deus, ou ser ambos, homem e Deus? Acresce-se a tais sandices o desperdício de tampo em se ajuntar um Espírito Santo e com isso formar uma Santíssima Trindade. Mas não para por aí. Passou-se a discutir se Deus apenas criou o universo e deixou ele por sua conta própria ou se toma conta de tudo nos mínimos detalhes. É realmente inexplicável que na situação em que se encontram os seres humanos se perca tempo com tais sandices. A papagaiada de microfone, por sua vez, sente-se feliz com acontecimentos do tipo dos jogadores de futebola acidentados porque aí eles têm assunto para tagarelar imbecilidades. Há uma semana se fala sobre esse assunto que deveria se restringir às famílias enlutadas. Mas não! Precisa falar do estado de saúde do pai, da mãe, do avô, da avó, do tio, da tia, do irmão, do primo e até do amigo do jogador acidentado. Como urubus, os papagaios de microfone levam vantagem com a morte. Enquanto isso, as atenções estão longe das causas das quais provém o mar de infelicidade que toma conta do mundo e que outra coisa não é senão os governos. Eles existem para a manutenção da ordem. Não havendo desordem não haveria necessidade deles. O Estado (ou governo) e a religião foram criados como freio para a brutalidade humana. Por que, então, não substituir a brutalidade pela compreensão de que se todos se comportarem civilizadamente poder-se-ia dispensar tanto o Estado quanto a Religião, com o que sobrariam fabulosos recursos que administrados corretamente pelos próprios cidadãos a vida poderia ser vivida de modo agradável, com rios cristalinos, ar e comida limpos, e com redução drástica das doenças e do sofrimento?

Se a humanidade foi sempre infeliz, a infelicidade pode ser superada desde que para isso se volte o interesse de todos. Faz-se extremamente necessário sair do engodo com que a papagaiada de microfone e os escritores assalariados envolvem os seres humanos através de uma trama diabólica que inutiliza completamente o raciocínio. Só a deturpação mental pode levar as pessoas a concordar com gastos astronômicos em brincadeiras e roubalheiras enquanto a sociedade chafurda na miséria. E o que é assombroso é a passividade com que a sociedade assiste suas instituições se transformarem em antro de conluios os mais espúrios. Já passou muito tempo do tempo de se tomar novos ares, repudiar as guerras, a competição perversa e se pensar numa sociedade de seres que tenham motivos para serem célebres e famosos pela intelectualidade, capacidade mental de contribuir para o desenvolvimento espiritual da sociedade. Inté.

 
 

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