Quando eu
era tão inocente a ponto de acreditar no trabalho honesto, esta ilusão me levou
a tentar obter recompensa no árduo trabalho de produzir café. As terras
escolhidas em nossa região pelo Instituto Brasileiro do Café eram muito ácidas
e precisavam de correção com calcário dolomítico. Na época, havia grande alarde
em torno dos benefícios oriundos do uso de soja. Era leite de soja prá lá,
carne de soja prá cá, enfim, acreditava-se que soja fizesse milagres em
benefício da saúde, do mesmo modo como também já se creu nos milagres
provenientes do confrei, kiwi e em tudo que diz a papagaiada de microfone. Como
ainda não contava eu com o aprendizado dos Grandes Mestres do Saber e não passava
de mais um espécime de povo, fiz pequena plantação de soja para consumo próprio
depois de devidamente elevado o Ph da pequena área para o nível ideal. Eis que
um prestimoso senhor da vizinhança, que era tão povo quanto eu, também embalado
pelos encantos da soja, tentara produzi-la sem sucesso em virtude da acidez do
solo onde fez a plantação. Ao ver minha plantação exuberantemente viçosa e com
esplêndida floração, o bondoso e inocente senhor ficou tão encabulado que disse
que eu fazia milagre.
Todos os
milagres têm o mesmo fundamento: O desconhecimento da causa que produziu o
efeito. Prova-se esta realidade fazendo um arco íris igualzinho àquele que para
quem ainda é povo representa o sinal que Deus colocou no céu para se lembrar da
promessa feita a Noé de nunca mais provocar dilúvio. O arco íris só aparece
quando há nuvens de chuva e sol concomitantemente, estando, pois, relacionado à
humidade e claridade. Sob luz solar, segurando-se firmemente uma mangueira
aspergindo água sob fortíssima pressão, de modo a pulverizar esta água em
gotículas na forma de neblina, o reflexo da luz do sol nas gotículas formará um
belo arco ires. A humanidade vive um mundo de inverdades nas quais baseia seu
comportamento, razão de tanta infelicidade porquanto da mentira nada se pode
obter de bom. As inverdades são implantadas nos seres humanos através de um
ritual de magia negra patrocinado pelos ricos donos do mundo e executado pela
papagaiada de microfone e escritores assalariados. Esta realidade pode ser
percebida nos pronunciamentos que o senhor doutor Delfim Neto faz na rádio
Bandeirantes AM de São Paulo, indicando procedimentos corretos para uma
administração pública correta. Entretanto, sendo uma administração pública
correta aquela que leva paz e tranquilidade à sociedade que administra, o que
não pode ocorrer sem que haja entre os componentes desta sociedade um
comportamento de respeito e estima entre elas, posto que somos antes de tudo
seres sociais, conclui-se que o senhor Delfim Neto está a jogar conversa fora
porque sua atuação prática é no sentido do individualismo antissocial por pertencer
ele à mesma escola do senhor Henry Kissinger, para o qual a competição em vez
da cooperação é a melhor maneira de se viver. Os meios de comunicação, por
pertencerem aos ricos donos do mundo, têm a mesma prática de falar o inverso
daquilo que é, como, por exemplo, ser socialmente benéfico o agribiuzinesse, os
bancos, o compra-compra, beber refrigerante, tomar remédio por conta própria,
ser chique conhecer o “American Way of Life”, haver vantagem no futebola de
várzea porque resulta em bons jogadores, haver justificativa para gastar em
estádios monumentais para brincadeiras. Há verdade nisso daí? Não há! E se não
há por que é dito que há? Por que os
meios de comunicação nada veem de estranho alguém ganhar bilhões para chutar
bola e um professor ganhar a micharia que ganha? Se a juventude quer um futuro
para seus filhos, basta que tire da futucação de telefone dez minutos por dia para
refletir sobre o que é que justifica tanta falsidade. Inté.
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