Do ponto de
vista da organização social, a justiça deve prevalecer sobre a legalidade. A
lei, para existir, basta caneta e papel nas mãos de alguém capaz de escrever.
Não passa, portanto, do campo da materialidade. A justiça, entretanto, envolve
aspectos espirituais, exigindo mentes espiritualmente evoluídas para que possa
existir. A necessidade de força policial para manter pessoas nas filas é um
ótimo exemplo da distinção entre o legal e o justo. A lei estabelece que uma
pessoa não transgrida o direito de outra pessoa. Mas, quando um número demasiadamente
grande de pessoas necessita entrar ou sair de um ambiente, vê-se um
comportamento idêntico ao do gado que depois de passar uma noite preso no
curral, ao ser solto, precisava que um de nós, a cavalo e brandindo o chicote,
cuidasse para que as reses não avançassem com tal brutalidade que derrubassem a
cancela ou causassem ferimentos a si mesmas. Também as pessoas, desrespeitando
o direito de quem chegou primeiro, causam um reboliço tão grande que demanda
necessidade de serem contidas. Diferentemente, se tais pessoas fossem imbuídas
do senso de justiça, não haveria necessidade do cassetete brandido pelo
policial sisudo para fazê-las passar ordenadamente pela porta, do mesmo jeito
como eu brandia meu chicote de vaqueiro para fazer o gado passar ordenadamente
pela cancela. Desta forma, a lei pode ser comparada ao chicote e a justiça à
ordem uma vez que sendo levada em conta o fato de passar primeiro pela porta
aquele que se encontra mais perto dela, o que pode ser tomado como justo, ou
ato de justiça, dispensa a necessidade do chicote, ou da lei, ficando
evidenciado nisso daí a materialidade da lei e a abstração e superioridade da
justiça uma vez que havendo predomínio da justiça a lei se torna dispensável
porque sua função é exatamente fazer com que haja justiça. Esta é a razão pela
qual a lei por si só é insuficiente para fazer existir a ordem social
necessária a um ambiente de paz, ao contrário do sentimento do que é justo e
injusto. Prova isso sobejamente o tamanho da injustiça existente no mundo não
obstante o tamanho da quantidade de leis, inclusive leis impedindo a existência
da justiça como está acontecendo com a perseguição à operação Lava Jato uma vez
que o objetivo desta é o bem-estar social que só pode existir onde há justiça.
O Túmulo do Soldado Desconhecido é um grande exemplo da diferença entre lei e
justiça. É legal a monstruosidade de jovens serem tirados de suas famílias para
matar outros jovens nas guerras até serem mortos por outros jovens também
retirados de suas famílias para matar e morrer nas guerras destinadas a
satisfazerem a ambição de governantes na brutal avidez de conquistar poder e
riqueza. Entretanto, há justiça nisso? Apesar de tal injustiça, pais assistem
em silêncio os responsáveis pela morte de seus filhos depositarem uma rudia de
flor no pé de um poste de cimento em homenagem à lembrança de seus filhos
mortos por ordem daquela mesma autoridade. Na vida, o que não faltam são fatos
anormais tidos como normais em função da recusa em se pensar sobre ela, a vida.
Inté.
Será necessário haver tanta pobreza, choro, sofrimento? Que jovens pobres tenham que se endividar para estudar? Estará certa a conduta tradicional de terem as pessoas de trabalhar para sustentar as autoridades vivendo em palácios e com todas as suas necessidades pagas, inclusive riqueza pessoal para levar quando deixarem seus postos de trabalho? Há necessidade de tantas autoridades? Que tal matutarmos sobre estas coisas? Este é o objetivo deste blog. Nenhum mal haverá de fazer.
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