terça-feira, 10 de agosto de 2010

A PAIXÃO

Nosso pensamento hoje gira em torno desse negócio de paixão. Ela se faz acompanhar de sofrimento, e sofrimento é muito ruim. Ele, entretanto, o sofrimento, pode ser contido tal como o vazamento de uma torneira e é pena que só se aprende isto quando já não tem lá tanta utilidade.
A paixão é uma doença que maltrata muito. A pessoa apaixonada fica tão aérea como um zumbi. Vê a figura por quem se apaixonou em todos os lugares, até no banheiro. Esta doença se aloja no cérebro e desarruma todo o organismo e só o doente pode chegar à cura.
Fica mais fácil chegar à cura da paixão se o apaixonado levar em conta que todo ser de qualquer espécie busca sempre o seu bem-estar. A paixão faz o apaixonado acreditar que o seu bem-estar é a companhia de alguém que ele quer acima de tudo, inclusive como propriedade.
A busca constante pelo bem-estar tem o poder de levar pessoas a proezas incríveis, às vezes com perda da própria vida, quando se acredita ser a fama a realização do seu bem-estar.
Quando o bem-estar da pessoa por quem alguém se apaixonou seja coisa completamente diferente da companhia do apaixonado, instala-se um grande sofrimento que um dia desaparecerá como nuvem. Assim, se Maria pensa que só estará bem se estiver em companhia de José e José pensa que só estará bem se estiver em companhia de Marlene e Marlene pensa que seu bem-estar está na companhia de Antônio, teremos aí quatro sofredores.
O ser humano é gregário por natureza. Os primitivos sentiram a vantagem da união porque estando unidos eles poderiam melhor se defender de feras, podiam caçar animais maiores, melhores condições de cuidar da prole, etc. É condição natural a busca por companhia. Entretanto, é preciso sempre lembrar e respeitar a busca pelo bem-estar de cada pessoa. Não se pode forçar alguém a pensar de determinado jeito porque o pensamento independe da vontade até mesmo daquele que pensa.
Esta situação lembra bem a canção Cabocla Tereza, a história de um caboclo cujo bem-estar era a companhia de uma cabocla que com ele morava lá no alto da serra e que fugira com outro caboclo, o que levou o apaixonado a matar a cabocla Tereza.
Ao contar a história ao delegado, afirmou o caboclo apaixonado e assassino que eles viviam tão felizes, mas a cabocla não quis a felicidade. Esta é a lógica torta do apaixonado. Não há quem não queira felicidade. Apenas a felicidade da cabocla, a busca do seu bem-estar levou-a a acreditar que ela estaria melhor na companhia do outro caboclo.
Ainda hoje, infelizmente, pessoas matam outras pessoas, tirando-lhes o direito natural e inalienável da busca pelo bem-estar.

Um comentário:

  1. Ahhh, se é uma doença, quero contagiar-me! Há mto tempo não me apaixono e sinto falta! Acredito que o que dizes sobre a paixão não é culpa dela, mas do apaixonado...a paixão não é ruim, de forma alguma! se não fosse ela, seria muito mais difícil nos relacionarmos. Graças à luz que cega da paixão, podemos nos envolver com uma outra pessoa e não dar relevância à certos pontos de desagrado, até que esse sentimento vire amor e aí, já há um motivo maior para se aguentar os defeitos do próximo.
    Volto a ressaltar, a paixão produz sintomas iguais em todos, mas o recipiente ( o ser que a possui) que irá fazer bom ou mal uso dela, de acordo com sua personalidade.

    ResponderExcluir