sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PAZ

O pensamento nos leva ao raciocínio que nos distingue dos outros animais considerados inferiores, embora tenhamos as mesmas necessidades e muita semelhança uma vez que todos precisamos matar para viver. Pensar nos leva a outros ambientes e aguça a capacidade de raciocinar.
Estava a pensar sobre o quanto necessitamos de paz e como alcançá-la. Ocorreu-me, também, ser equivocado o método pelo qual as pessoas que mais falam em paz, os religiosos, tentam encontrá-la. Como toda pessoa sensata, os religiosos também querem a paz. Entretanto, cada um deles busca a sua própria paz e se satisfaz com ela sem observar que esta paz não será duradoura porque assim como não se pode encontrar um ponto confortável em meio a um lamaçal, também não se pode encontrar paz em meio à violência. Como pode alguém estar em paz diante do quadro triste de alguém que sofre? O sofrimento não admite explicação. Ele precisa de alívio.
Gostaria eu imensamente de lutar junto aos religiosos pela paz. Mas, por outro método. Um método que visasse a paz de todos os seres humanos e que levasse em conta o princípio irrefutável de que a paz depende de um estado de espírito impossível de existir onde há a inquietação proveniente do estado de miséria.
A natureza exige que todo ser vivente busque seu bem-estar, o qual, para ser alcançado, depende de um ambiente tranqüilo. A tranqüilidade é condição necessária à existência da paz e só pode haver tranqüilidade onde não haja miséria e fome. A extinção da miséria e da fome só poderá ser alcançada com recursos materiais porque apenas com o dinheiro é possível ter acesso a abrigo contra as intempéries naturais, alimentação, saúde, educação e lazer. Sem estas mínimas coisas necessárias não haverá a tranqüilidade necessária ao bem-estar e sem ele não pode haver paz.
Por tudo isto, e com uma vontade imensurável de ver a paz substituir as guerras que sempre acompanharam a humanidade, é que devemos nós, pessoas sensatas, refletir e agir no sentido de dar a todas as pessoas a tranqüilidade necessária e um nível educacional baseado nos ensinamentos de Anísio Teixeira, Paulo Freire (o educador) e tantas outras pessoas que defendem o princípio lúcido de ser a educação o único caminho para uma vida social saudável. Porém, como educar seres humanos orientados apenas por instinto como as feras? A resposta é simples. Basta nos empenharmos todos na perseguição deste objetivo, colocando maior interesse em alcançá-lo do que em festas e em reis mambembes que recebem inexplicavelmente um endeusamento e enriquecimento por parte da sociedade apenas por cantar, dar pontapé em bola ou aparecer na televisão.
São fonte inesgotável de violência estas pobres crianças que tem a rua como lares não sabem onde andam seus pais e recebem desprezo da sociedade no lugar de uma palavra de carinho. Violência também há na atitude indiferente de quem passa em seus automóveis, indiferentes à sena sinistra de crianças fazendo malabarismos na frente dos carros para receber alguns centavos que nem sempre recebem, pessoas estas mais preocupadas com o resultado de determinada prática esportiva do que com a possibilidade de estar diante de futuros inimigos perigosos para seus filhos.
Afirma-se mentirosamente que para ter a paz é necessário estar-se pronto para a guerra. Da guerra sempre resultam derrotados e a derrota gera uma frustração que se transformará em ódio que gerará mais guerra.
A paz é privilégio de espíritos mais esclarecidos. A guerra, de instinto primitivo e ainda animalesco. Quanto mais se recua no tempo, mais ignorância e mais guerras.
Se as guerras ainda existem está na hora de acabar com elas. Mudança de um para outro ambiente social não é nenhuma novidade na nossa História. A substituição do ambiente feudal pelo ambiente capitalista foi uma guinada de cento e oitenta graus.
Assim, por que não mudar deste ambiente de choro para um ambiente de paz? Existem alguns países onde a educação proporcionou a seus habitantes um nível mais elevado de bem estar e onde a violência é exceção em vez da regra. Por que não ir até lá, constatar se é verídica a afirmação e os métodos que usaram a fim de também alcançarmos um padrão de vida mais civilizado? Acompanhar os métodos que produzem melhor qualidade de vida só nos faria bem. Não se trata de copiar sua cultura, porém, sua educação, constatada a veracidade de viverem melhor do que nós
Para extinção da miséria basta exigir das autoridades o cumprimento da obrigação de garantir a todas as pessoas aquelas mínimas condições materiais necessárias ao mínimo de bem-estar garantido pela Constituição. Só depois disto teríamos ambiente para se pensar em paz e em orações.




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