sábado, 21 de agosto de 2010

Exercício mental

O pensamento é uma coisa realmente extraordinária. Superando a velocidade da luz, pode nos levar no mesmo momento a qualquer lugar do mundo e até de outros mundos. Já aconteceu de pessoas cujo maior exemplo é Jesus Cristo serem condenadas pela sociedade de sua época em virtude da interpretação dada às idéias resultantes de seu pensamento. O pensamento, porém, independe de nossa vontade. Ele voa soberano pelo infinito e chega de volta trazendo muitas idéias na bagagem.

Ao ouvir notícia sobre a quantidade de africanos infectados pela AIDS, não usando preservativo por temor ao pecado que eles acreditam haver em evitar a concepção, imediatamente me ocorreu um pensamento sem nenhuma intenção de faltar com respeito a quem quer que seja. Nem podia ser de outra maneira porque o pensamento ocorreu sem que eu o convidasse e, portanto, se até os homens em sua infinita ignorância releva a circunstância da não intencionalidade, que dizer da religião em sua infinita sabedoria?

Não pude deixar de ligar aquela notícia à outra notícia ouvida pouco depois sobre a superpopulação mundial cujo crescimento já levou a ultrapassar os sete bilhões de pessoas. Observando a quantidade de água, comida, energia e lixo de um apartamento com apenas duas pessoas, dá bem para ter uma idéia do que sejam sete bilhões de pessoas a parasitar o planeta, inclusive num consumismo desnecessário que exige matéria prima retirada da natureza e produção de montanhas de lixo.

Considerando que a pouca quantidade de terra fértil está se tornando cansada e ainda tendo de produzir comida para os automóveis, necessitando cada vez mais do estímulo de produtos químicos que, por sua vez, contaminam as águas subterrâneas. Em função de toda esta desarrumação o planeta já dá mostras de cansaço. A solução perseguida pelos homens é procurar meios de conseguir produzir alimento em outro planeta quando seria infinitamente mais fácil produzi-lo aqui.

A indisposição de se agir no sentido de reverter esta situação perigosa deve-se à falta do hábito de pensar. As pessoas quando pensam é sobre futilidades. Pensassem elas sobre o resultado de tudo que a ciência está a nos prevenir e chegariam à conclusão da necessidade de se conter o crescimento populacional e mudar os hábitos perniciosos à natureza.

Porém, se a única maneira de evitar que o número de pessoas supere a capacidade de suporte do planeta é parar de nascer gente descontroladamente, o que pode ser feito levando-se em conta o número dos que morrem e os recursos necessários à sobrevivência. Estancar rigorosamente os nascimentos pode-se correr o risco de se formar uma população só de velhos. O equilíbrio pode ser alcançado estabelecendo-se metodicamente um número ideal de pessoas, além do qual não se poderia ir. Acontece que a única forma de fazer isto é exatamente o pecado de evitar a concepção, o que deixaria as pessoas entre três alternativas: a primeira seria não pecar, isto é, não evitar a concepção, e neste caso estar-se-ia condenando o planeta à morte.

A segunda opção seria viver em pecado. Isto é, evitar a concepção. Mas, e o castigo?

A terceira opção estará totalmente fora de cogitação porque é impossível anular a libido com que a natureza brindou todos os seres.

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