terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O PORQUÊ DA VIOLÊNCIA

Não se trata de presunção querer explicar a violência. Apenas repito o que aprendi nos ensinamentos que pessoas inteligentes deixaram nos livros. Eles nos mostram que nossos males decorrem da infantilidade humana. Como as crianças, os adultos também adoram soltar foguete e destruir coisas. Verdade que esta infantilidade diminui dia-a-dia, porém, ainda nos mantém tão longe da realidade da vida quanto nossos antepassados ao acreditar ser a terra quadrada. O desconhecimento da realidade (inocência) que leva a criança a enfiar o dedo na tomada elétrica, também faz os adultos se estabelecerem sobre um arsenal nuclear na certeza de ser este o procedimento correto para se ter paz. Como dormir em paz ao lado de bombas atômicas?
A estupidez da humanidade levou o sábio Leonardo da Vince a dizer as seguintes palavras sobre nós (ou contra nós?). Foram estas as duras palavras do mestre: “Os que se acomodam ante os desmandos não passam de condutores de comida, os únicos rastros que deixam de sua passagem pelo mundo são latrinas cheias”.
Devíamos nos envergonhar de merecer tal reprimenda por aceitarmos os desmandos do mundo! Somos indiferentes ao sofrimento de nossos irmãos, pessoas com os mesmos sentimentos e necessidades que nós! Com a desculpa de livre arbítrio todos pensam que podem ficar tranquilos quanto à indiferença com que contemplam crianças berambulando pelas ruas. Crianças que nunca ouviram uma palavra de carinho! Criança não pode ficar na rua sozinha!
Conselhos sábios não devem esperar por pedidos. Os mestres do saber nos mostram que nossa sociedade é ruim porque o comportamento atual das pessoas é exatamente o contrário daquele comportamento que levou as pessoas a sentirem necessidade de viver juntas. A cooperação entre elas lhes facilitaria a vida. Mas eis que a competição substituiu aquela cooperação inicial de modo tão violento que ainda justifica a expressão de ser o homem o lobo do próprio homem. É por isto que nossa sociedade é vítima de uma infelicidade maior a cada dia. Nenhuma sociedade pode ser normal com desavenças entre seus membros.
Um destes conselhos sábios nos dá o filósofo Sam Harris, no livro Carta a Uma Nação Cristã, pág. 16. Ao constatar que mais da metade do povo de seu país ainda pensa que o universo foi criado há apenas seis mil anos, quando a ciência prova a existência de coisas com centenas de milhares de anos. Não deixa de ser estranho tal comportamento. Não parece coisa de quem pensa acreditar mais em algo de que só se tem notícia do que em algo cientificamente provado.
Quem se dedicar a pensar sobre o assunto de maneira independente, acabará concordando com o filósofo. Inocência é o contrário de experiência, e é notória a superioridade da experiência sobre a inocência quando se trata de se construir alguma coisa. Não há outra explicação por termos uma sociedade tão mal construída senão a ingenuidade de acreditar que para se ter paz é preciso preparar-se para a guerra. Só a aceitação de desmandos faz com que se encare sem indignação a ocorrência de disparos ouvidos em meio a uma programação de rádio, mas que era a inaceitável realidade de alguém sendo morto na rua, em frente à estação que transmitia o programa.
O comportamento da sociedade atual é o mesmo da Idade Média, quando as pessoas que compunham a fina-flor da sociedade tinham como única preocupação apenas caçar e cobrar impostos para gastar em festas. Não é demais repetir, portanto, ser o resultado da falta de amadurecimento mental, ou seja, a inocência da realidade que nos cerca, a causa de tanto choro.
Um mundo que gasta montanhas de dinheiro em armas para ter paz, já por este comportamento demonstra insanidade. Demonstra insanidade ainda maior ao alimentar a fonte da violência que é a exclusão social. Isto significa que a inexperiência nos leva ao comportamento irracional do cachorro correndo atrás do próprio rabo. Fazemos a guerra para obter a paz e acabamos com a paz ao produzir miséria e a violência. Então, o que dizer de tal construção, senão ruim?
A próxima geração terá oportunidade de constatar se o filósofo tem razão. Se as coisas estiverem bem quando forem adultas as crianças que as mães carregam hoje em seus ventres, aí estará provado o erro do filósofo por não acreditar que a proteção divina salvaria as pessoas dos eventos funestos anunciados pela ciência. Porém, e se o filósofo estiver certo?

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