segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PENSAR É PRIVILÉGIO DO HOMEM


Olá, juventude envelhecida. Ói eu traveis nos pé docêis.
Como o barulho de alguma festa não me deixa dormir nesta madrugada de sábado, fiquei a pensar como a vida seria melhor se os jovens tivessem conhecimento do que seja vida social. Seria bom porque com a vivacidade própria dos jovens eles haveriam de aprimorar este conhecimento, de modo que depois de algumas gerações viríamos a ser uma sociedade civilizada. Entretanto, com a mentalidade de dar preferência a assuntos do tipo Programa do Ronco – Miss boniteza – Fashion Week – Fórmula Um – Futebola – Basquetebola – Voleibola, fica difícil elevar a mente a coisa menos rasteira. Para aumentar minha tristeza, ao ligar o rádio ouço a notícia de que Ronaldinho Gaúcho foi a estrela que mais brilhou na Bienal Do Livro. É simplesmente assustador! Livro tem a ver com o cérebro e ele fica na cabeça. Não nos pés. Os jovens estão tão velhos que caducam. Já estão querendo usar califon. Qualé, meu!
Sendo do tipo teimoso que não larga o osso, não desisto de abrir uma brechinha no monte de bobagem que vocês tem na cabeça para colocar uma pitada da sabedoria que a velhice me deu e que seria proveitoso vocês prestarem atenção na prosa de hoje porque vocês não sabem, como eu também não sabia quando era jovem, o que é vida social, e a falta deste conhecimento levará vocês ao destino horroroso previsto pele ciência e vocês nem sabem disto porque preferem a atividade doa pés. O conhecimento da vida social é mais importante do que o conhecimento que levou o homem à lua. Prova isso o fato de que o país que levou o homem lá é o mesmo país onde os cidadãos vivem com medo da própria sombra porque tem inimigos no mundo todo.
Não se pode desconhecer o fato de que para se viver em sociedade é necessário levar em conta a existência das outras pessoas. Nós que constituímos a sociedade humana precisamos uns dos outros e de cooperação para que haja harmonia. Uma sociedade na qual se possa viver com dignidade não pode existir onde se desconheça que antes do EU individual há o EU social e ele impõe limite ao meu EU individual pela necessidade de observar que não estou só, que há pessoas em volta e que estas pessoas, do mesmo modo que eu, também tem seu espaço, afazeres, lazeres e direito de exercê-los tanto quanto eu tenho direito às mesmas coisas. Como os interesses são desencontrados porquanto uns querem coisas diferentes de outros, faz-se necessário o conhecimento do que seja vida social para que se esteja convencido da vantagem na conciliação dos interesses para evitar perturbações que prejudicam a harmonia social.
Certo dia, na Praça do Gil, um domingo pela manhã, alguns jovens funcionavam uma parafernália sonora em frente a um hotel. Esta preocupação em levar algum esclarecimento aos jovens, porque deles depende o futuro, me fez reclamar com eles, até com alguma rispidez, fazendo-os ver a situação de quem dormia no hotel. Dada a cordialidade daqueles jovens que acataram minha observação e fizeram silêncio, concluí tratar-se de pessoas de boa índole e com boa dose de educação doméstica, a quem peço desculpa pelo modo de falar. Só lhes falta a educação social, o conhecimento do que seja vida social. Um sistema educacional como o nosso onde os pés rendem mil vezes o salários do professor que usa a cabeça não tem interesse em produzir cidadãos, mas seres esquisitos com aspecto de adulto e mente infantil.
Não aprendem na escola que a sociedade é um abrigo para cada um de nós e que precisamos protegê-la. Certamente as crianças perguntarão: Como proteger algo que não se vê? Só não vê se não tirar o pensamento da preocupação de saber se vai botar o pirce no beiço de baixo ou no de cima. Se prestar atenção na quantidade de objetos e atitudes de que depende o bem- estar de cada um, verá de quanta gente ele depende. Nós dependemos uns dos outros.
O escritor Ernest Hemingway faz referência a este inevitável e necessário entrosamento entre os seres humanos no livro Por Quem os Sinos Dobram. Diz ele que ao perguntar por quem os sinos dobram a resposta seria que eles dobram também pela pessoa que está perguntando. (Perguntar por quem os sinos dobram equivale a perguntar quem foi que morreu. Era costume haver um sino repicando durante todo o dia quando morria alguém com alguma relevância social).
A afirmação do escritor de morrer um pouco de cada um quando morre alguém faz sentido levando-se em conta que as pessoas são as células do corpo social porque a sociedade é um organismo vivo que exerce influência sobre o nosso comportamento. Não cumprimentar uma pessoa tem efeito que provoca reação na prática. A sociedade é a força resultante da união das pessoas e o nível de conhecimento destas pessoas determina o da sociedade. Nós os seres humanos estamos para a sociedade humana assim como as células do nosso corpo estão para o nosso corpo. Se a morte de uma delas afeta o nosso organismo, do mesmo modo, a morte de um de nós afeta o corpo social ou sociedade em função de nossa interdependência.
Quando jovens inocentes arrebentam seus tímpanos e sistema nervoso com o som do carro ou o estrondo da moto eles também produzem o mesmo resultado danoso nas pessoas em volta. Elas não se incomodam porque também desconhecem o resultado negativo que o barulho produz. Agora, imagine a situação de quem sabe e é obrigado a suportar a tortura de ter sua saúde estragada sem poder cumprir o instinto primário da autodefesa de seu bem estar espezinhado pelo barulho. Neste exato momento escrevo sob marretadas provenientes de obra em algum apartamento no prédio. A vida seria melhor sem tanta ignorância.
Ante a inocência de vocês, sinto obrigação de mostrar um caminho com menos pedregulho do que este por onde vocês caminham e que lhes indicaram por maldade. Qualquer pessoa ficaria agradecida por receber tal aviso e pior para vocês se continuarem nesta indiferença indolente à deseducação que os leva a preferir quem dá pontapé a quem escreve livros.
Sociedades que investiram na formação de cidadãos em vez de barulhentos vivem infinitamente melhor do que nós. Tá na hora de pensar, ainda que de mansinho prá começar. A novidade pode dar dor de cabeça ao desenferrujar o cérebro. Vamos ficar no fácil, mas vamos aprender a pensar: Podemos começar pela situação absurda de estar o governo gastando bilhões na festa da corrupção do futebola e declara não haver dinheiro para aumentar a prevenção contra o surto violento de dengue que a ciência está anunciando vai arrasar com vocês. Vamos lá! Esqueça a academia e o pirce por um momento e aprenda a pensar que não dói, embora a pergunta exige muita concentração e esforço mental. Lá vai a pergunta, preparem-se: Um jogo de futebola onde houvesse noventa por cento de chance de ter dengue, alguém iria?
Qualquer jovem teria pergunta a fazer a um bailarino da bola. Entretanto, estando diante de um profissional cuja formação exigiu adquirir conhecimentos científicos durante anos, teria uma pergunta a fazer? Digamos que diante de um advogado, teria curiosidade de lhe perguntar por que a imprensa diz que estão roubando o erário e nem os ladrões são presos nem a imprensa responde por calúnia? Diante de um profissional da saúde, perguntaria se as pessoas usassem água e sabão em lugar de papel higiênico haveria menos problemas de hemorróidas? A um engenheiro, perguntaria por que os apartamentos modernos se assemelham a uma moradia coletiva a ponto de se tomar conhecimento do que se passa no outro apartamento e por que a água do banho só corre para o lado onde o ralo não está? Ou ainda por que pias e vasos sanitários deixam voltar o meu cheiro para dentro de casa? Estando com um político, pergunta-lhe por que há tanto barulho e sujeira na cidade? Estando com um técnico da Embasa, pergunta-lhe que tipo de água estamos bebendo? A um religioso, perguntaria qual a superioridade do ser humano sobre os outros animais, se também comemos outros bichos e nascemos de um mesmo processo no qual até os movimentos do macho de bicho e de homem são iguais na hora da forniquexa que produz a proliferexa? Inté.





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