sábado, 11 de novembro de 2023

ARENGA 708

 

O que fizemos nós seres humanos para termos um destino tão ingrato a ponto de por ignorância provocarmos nosso próprio extermínio e que não obstante a capacidade de raciocinar, como disse o historiador, vivermos a destruir o que construímos? Como entender que desperdice em armas caríssimas o dinheiro da saúde, segurança, moradia e alimentação, se os carentes destes bens tandem à violência e ao desassossego?

Nada é a resposta para esta pergunta. E é justamente por nada temos feito que somos tão infelizes e estúpidos a ponto de sermos indiferentes às causas de nossa infelicidade embora elas estejam bem aí à vista nas figuras de aproveitadores da nossa ignorância.

Quando deixamos de nos interessar pela política, pelo modo como se administra a riqueza pública, também deixamos o campo livre para que esta riqueza que é a única responsável pelo bem-estar social e garantia da sustentabilidade fosse apropriada e desperdiçada por pessoas de nenhum senso comunitário para as quais é possível uma comunidade na qual a maioria apenas produz para uma minoria tão frívola e perdulária desperdiçar como faziam aqueles perdulários despreocupados que antecederam a Revolução Francesa, no dizer do historiador Eduard Mac Nall Burns.

A vida jamais será possível sem que seja encarada a realidade de ser o dinheiro o único provedor de tudo aquilo que ela demanda. Assim, portanto, não há de se permitir que parasitas tenham permissão para a posse de quantidade de dinheiro infinitamente maior do que as necessidades. A infelicidade decorre unicamente da burla engendrada pelos aproveitadores e ajuntadores de riqueza que afasta das pessoas esta realidade e as conduz para os céus e um deus inventado para evitar o conhecimento da verdade.

Da falsidade que envolveu os seres humanos por obra de enganadores inescrupulosos e perversos resultou tamanha deturpação da nobre atividade política que dela não participa por justificado motivo ninguém de nobreza de caráter e que não vise a locupletação.

Livros volumosos, os tais de “Best-Sellers”, ou seja, ótimos de vendagem, tergiversam esbanjando intelectualidade inútil, mas sem tocar no assunto de ter a humanidade se deixado conduzir por maus caminhos ao deixar-se levar pelo berrante sobrado pela imensa papagaiada de microfone que mundo afora, em obediência a ordens de Midas que por mil e uma artes demoníacas se apossaram da mente humana e a tornou incapaz de agir contra sua própria ignorância e destruição.    

  

 

 

    

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