segunda-feira, 19 de junho de 2017

ARENGA 428


Se é importante pensar, mais importante ainda é pensar sobre o que pensar. O pensador Marx, por exemplo, apesar de muito ter contribuído com a evolução social ao mostrar a antissociabilidade do capitalismo, desperdiça pensamentos ao supor que o proletariado fosse capaz de organizar uma sociedade justa ou organizada, o que jamais poderia acontecer tendo em vista que proletariado é povo, e, em função das tais Forças Ocultas que a Operação Lava Jato está desocultando, foi o povo reduzido à condição de nada mais do que material humano ou massa desprovida da espiritualidade inerente à capacidade de formar uma sociedade organizada como pensava o filósofo Carl Marx. A incapacidade de racionar do povo fica suficientemente provada no fato de ter o próprio povo se divido em duas categorias antagônicas de explorados e exploradores, o que vai de encontro à realização do objetivo primeiro dos seres vivos que é poder satisfazer suas necessidades, a cooperação e não a competição da exploração deveria orientar o comportamento humano caso se pensasse corretamente. “Todo mundo pensa”, afirma-se de modo geral. Entretanto, é uma afirmação feita sem que antes se tivesse pensado a respeito porque o pensar de “todo mundo” é insignificante em relação à concretização da aspiração universal de ser realizada a vontade existente em cada indivíduo de poder viver de modo agradável, o que só pode acontecer se atendidas de modo satisfatório as necessidades indispensáveis a uma vida digna como deve e pode ter cada um dos seres humanos se os recursos públicos a todos servissem.  Devaneios filosóficos existem aos montes sem nenhuma ligação com a realidade da vida, e a religiosidade é a fonte maior de pensamentos não só inúteis, mas também prejudiciais aos seres humanos por se tratar de embuste do qual apenas os ateus escapam porque não se pode ser ateu sem conhecer a verdade de que  todas as crenças religiosas se apoiam na ideia de um Deus de bondade infinita cuja história é totalmente desmentida pela realidade que os religiosos desconhecem simplesmente por abominarem tudo que se refere à antirreligiosidade. Por trás desse tal de Deus que eles afirmam de bondade infinita há um rastro de infinitas maldades e sofrimentos inimagináveis ao submeter seres humanos a métodos bárbaros de tortura antes de queimá-los vivos. O horror a tudo que diz respeito à antirreligiosidade não permite que os religiosos tomem conhecimento do que há por trás da Inquisição, Reforma Religiosa e Cruzadas, quando a igreja matava pessoas em cruel perversidade para se apoderar dos seus bens.

 A denominação MUNDO CÃO para definir o estado de miserabilidade em que vivem os seres humanos se justifica exclusivamente pelo fato de se ignorar a verdade de não depender de Deus o alívio dos sofrimentos evitáveis, mas sim do uso correto dos recursos materiais aprisionados por apenas um por cento da humanidade. A falta deles é responsável pelo estado de caos, realidade que aparece em matéria jornalística do escritor religioso frei Leonardo Boff, na qual não se menciona a falta de Deus como causa de sofrimentos. É o que se vê na seguinte passagem da reportagem no jornal Le Monde Diplomatic Brasil: “No texto analítico que escreveu para esta edição, Leonardo Boff aponta as “quatro sombras que pesam sobre nós e que originaram e originam a violência”. São elas o NOSSO PASSADO COLONIAL elitista e dependente da matriz; o GENOCÍDIO INDÍGENA, que gerou o desrespeito e a discriminação social; a ESCRAVIDÃO NEGRA, “a mais nefasta de todas”, que estruturou a desigualdade social das maiores do mundo; e A CAPITALISTA LEI DE TERRAS”. Desinteligentemente, recorre-se às igrejas à medida que aumentam as dificuldades, resultando desse procedimento impróprio mais dinheiro canalizado para o Tesouro da Casa do Senhor, como o saque a Jericó (Josué 6:24). Na página 150 do livro Filosofia, de Stephen Law, Editora Zahar, há um dos raríssimos raciocínios lúcidos sobre religião. Mostra a relatividade das experiências religiosas, o que desnuda a mentira de sua eternidade. “Se católicos veem a Virgem Maria, romanos antigos viam Zeus, e os nórdicos antigos viam Odin”. Desse modo, conclui o filósofo, tais experiências não passam de criação da mente. Através do Mito da Caverna, Platão mostrou o quanto a mente pode estar condicionada a ter por realidade a irrealidade que leva uns a encarar como horror a cepação de cabeças por ordem de Deus enquanto os cepadores estão certos de agirem corretamente do ponto de vista da religiosidade. Tanto é inútil cepar fora a cabeça de jovens quanto a esperança de resultar algum benefício em se beijar a mão do Papa ou o Papa beijar o pé do sofredor. Apesar de inúteis tais atitudes, estas inutilidades ocupam a atividade de pensar da humanidade em peso, razão pela qual não sobra tempo para se pensar se é realmente necessário viver de forma tão despropositada que o criador dos bens indispensáveis à vida no mundo, portanto, o verdadeiro soberano, o senhor povo, seja relegado à insignificância absoluta. Em torno disso é que se deve voltar a atividade de pensar. O que leva o povo a ser indiferente à condição vil a que foi submetido de não poder satisfazer suas necessidades primárias? Nosso povo, sobremodo, se encontra tão separado da realidade que a parcela dele tida como a mais esperta em termos de viver, os cariocas, justificam a seguinte observação contida no Caderno Opinião do Jornal do Brasil de 16/06/2017, em matéria intitulada NO RIO DE JANEIRO DA CRISE, CARNAVAL DEVERIA SER TROCADO POR PASSEATA DE LUTO.  A reflexão exposta no jornal é uma prova viva de comportamento ilógico ante as condições de penúria que envolvem aquele povo. Lá está o seguinte pensamento lúcido:No Rio de Janeiro onde falta remédio e segurança, onde a Uerj está fechada, os professores estão sem receber, há mais de 5 milhões de desempregados, querer priorizar a verba para o carnaval é de um sadismo hitleriano. Ou quem sabe não faz parte da tática do "pão e circo", dos romanos? Aqueles que defendem que não haja corte de verba no carnaval deveriam se envergonhar, principalmente no momento em que o Brasil vê o Rio como a "caixa podre" que todo o dia expele mau cheiro. Carnaval é a festa do povo, e é justamente o povo que está sendo humilhado, sacrificado, agredido, sem trabalho, sem escola, sem saúde... Seria muito mais justo que o carnaval fosse trocado por uma grande passeata de luto e de revolta contra os saqueadores do estado. Que não houvesse só uma quarta-feira de Cinzas. Que os outros quatro dias fossem também quarta-feira de Cinzas. Não se aguenta mais aquele refrão que, na época, era bonito, mas que hoje seria digno de enterro: "Para tudo se acabar na quarta-feira". O Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, é uma eterna quarta-feira de Cinzas. Tudo já se acabou: a felicidade, o emprego, a saúde, a segurança e até a liberdade”.

É, pois, mais do que necessário voltar os pensamentos para a direção certa. Como pode um povo em tal estado de miserabilidade optar por festa em vez da solução dos problemas que o afligem? Algo de muito estranho acontece com o povo e a explicação é tão clara como água cristalina no copo de cristal onde eu tomava uísque antes de ter o estômago estragado pelo tempo que tudo estraga e que estragará também a vitalidade dos jovens, embora eles não acreditem, uma vez que a juventude é constituída de espécimes de povo, portanto, infensa à nobreza da atividade de pensar. A explicação para a apatia popular à meditação deve-se exclusivamente ao pão e circo mencionado no jornal. A atenção tanto de seres racionais quanto irracionais tende a ser atraída para o lugar de onde vem algum tipo de estardalhaço. Assim, para que as pessoas não deixem a condição reles de povo e perceba a realidade em torno de si, os espetáculos mirabolantes chamam para si a atenção do povo, permitindo os acontecimentos ora mostrados pela Operação Lava Jato combatida pelos promotores do pão e circo sob a indiferença do bicho povo.  

Sara me disse ter causado espanto entre seus colegas do curso de gastronomia o fato de ter um marido ateu. Entretanto, para pelo menos no que diz respeito ao marido dela, ou seja, eu, ser ateu é apenas ter aprendido a realidade de se viver uma grande farsa com os Grandes Mestres do Saber, que sabem infinitamente mais sobre a vida do que representantes de Deus capazes de cometer crimes contra a sociedade. Para se chegar à conclusão de se estar no caminho errado é suficiente verificar que a humanidade nunca dispensou a proteção divina ou da riqueza, não obstante a infelicidade que desde sempre atormenta os seres humanos. Se o povo não percebe o engodo em que vive é por falta do discernimento que o pão e circo não lhe permite ter, atrofiamento mental que se mostra de várias maneiras como, por exemplo, dar dinheiro ao governo para que o governo diga ao povo estar trabalhando em seu benefício, quando tudo à volta são só malefícios.

Algo sobre o que voltar o pensamento é a explicação para o fato de ter sido a parcela realmente dinâmica da sociedade, a juventude, levada a um total desinteresse pela qualidade de vida. O que será que leva os jovens a tomarem por ídolos chutadores de bola ou apresentadores de programas medíocres de nenhum incentivo mental e de baixíssimo nível espiritual, quando não amoral ou pornográfico? O que leva jovens a deixarem seus países para a imbecilidade de andarem vários quilômetros na Espanha com a única finalidade de passar por onde passou Santiago Compostela? Por que não pensar sobre o motivo pelo qual semianalfabetos são elevados à categoria de famosos e celebridades? Estes assuntos, sim. Devem ocupar a atividade de pensar porque são eles a base do conformismo do povo com sua condição inaceitável de seres inferiores. Se há exagero na filosofia de que todos nascem iguais e livres, maior exagero há na falsidade de ser necessário haver pessoas cujo destino seja servir a nababos senhores tão ignorantes da realidade da vida quanto seus serviçais, o povo, único sacrificado pelos incêndios, enchentes, secas e doenças curáveis.

No livro 1822, Laurentino Gomes nos dá amostra perfeita da serventia que tem o povo. Quando o governo de D. Pedro I se encontrava em palpos de aranha para não ser derrotado na revanche dos portugueses conta o que se chama impropriamente de Independência do Brasil, coisa irreal porque este pobre país de juventude alienada nunca deixou de ser submisso aos gringos. Apesar de sua pobreza endêmica, montanhas de dinheiro são levadas para fora por macacos deslumbrados pelo American Way Of Life. Mas isto é outra história. A falta de homens para enfrentar os portugueses deu origem à seguinte situação narrada na página 168: “Em 1826, o Ceará ofereceu 3.000 recrutas ao imperador. Embarcados para o Rio de Janeiro no porão de um navio, 553 deles morreram de fome e sede durante a viagem”. “O pavor do serviço militar entre a população pobre do interior era tão grande que muitos jovens amputavam dedos dos pés e das mãos na tentativa de fugir ao recrutamento”.  E na página 170 consta que ter sido enviado para a Alemanha (prova de que povo é povo em qualquer lugar do mundo) um alemão chamado Schaffer destinado a recrutar mercenários alemães para ajudar na luta pela “independência”. O episódio é descrito pelo historiador da seguinte maneira: “Em anúncios publicados nos jornais alemães, o esperto Schaffer prometeu mundos e fundos em nome do imperador brasileiro a quem se dispusesse a migrar para o Brasil. Os benefícios incluíam viagem paga, um bom lote de terra, subsídio diário em dinheiro do governo nos dois primeiros anos, cavalos bois, ovelhas e outros animais em proporção ao número de pessoas de cada família, concessão imediata de cidadania brasileira, liberdade de culto religioso e isenção de impostos por dez anos. Era tudo mentira. Ao chegar ao Brasil, os alemães recrutados por Schaffer descobriram que, antes de tomar posse da tão sonhada terra, iriam para a guerra. Muitos morreram enquanto suas famílias esperavam meses antes de serem encaminhadas para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Deixadas à mingua, só a garra e o espírito de solidariedade as salvaram da miséria ou da morte enquanto esperavam em vão que seus pais e maridos retornassem dos campos de batalha”. O destino do povo tem sido tão cruel que até parece perder ele a razão de existir caso venha a deixar de ser massacrado. Conduzido como boiada, o povo é indiferente a si mesmo. Não deve isto ser objeto de especulação mental? Há alguma coisa esquisita no fato de alguém não se preocupar nem com seu futuro e nem com o futuro principalmente dos filhos. Inté.

 

 

 

  

 

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