segunda-feira, 10 de setembro de 2012

BRUTALIDADE


 

Para o poeta, povo é manada. Para mim, povo é conjunto de monstros indiferentes a fatos como uma pobre menina ainda com restos de sangue do parto e com o cordão umbilical ser abandonada à própria sorte numa rua. Concomitantemente, um soldado que chegava da igreja com sua pequena filha foi assassinado na presença da criança que se viu em meio a disparos de revólver sobre seu pai. Seis jovens foram amarrados antes de serem mortos a tiros e facadas.

Estas notícias foram por mim ouvidas na manhã desta segunda-feira pela rádio CBN juntamente com a notícia de que um dos canalhas do corrupto e fedorento mundo do futebola estava encantado com a velocidade com que se desenvolvem as obras das festas para os imbecis do enlameado mundo dos esportes.

Como classificar quem nada sente diante de tanto sofrimento? Monstro é pouco para estes palhaços às risadas em cartazes prometendo o que nunca fizeram e para os que ainda lhes dão atenção.

O destino daqueles seis pobres jovens, segundo os ratos das igrejas, foram vítimas deles próprios por não se utilizarem do livre arbítrio. A estupidez não deixa ver a estas pessoas incapazes de enxergarem um palmo na frente do nariz que a culpa é desta sociedade de ignorantes que gastam em festejamento o dinheiro de dar educação e trabalho àquelas pobres seis crianças que devem ter passado por horrores. O destino daqueles infelizes será o mesmo de muitas destas pobres criancinhas cujos pais seguram nos braços para levar às igrejas. A menininha que viu seu pai ser assassinado estava voltando com ele de um culto religioso. Quanto mais orações, mais infelicidade. Só não vê quem tem tapa-olho.

Escrever sem saber é a única maneira que tenho para diminuir minha angústia de viver em meio a pessoas tão estúpidas. Como pode alguém viver em festa enquanto pessoas sofrem horrivelmente? Tal indiferença é sintoma de algum tipo de paranóia. Pode ser que a burrice, a falta de caráter e a indignidade próprias desse povinho desqualificado de tudo que não seja baixeza já tenha atingido um estado de loucura coletiva e apenas eu permanecesse lúcido a ponto de ainda ficar mais angustiado ao perceber que esta gentalha a aplaudir a festança de 2014 amargará na velhice a indiferença da previdência social e derramará lágrimas nas filas do SUS(TO). Tal certeza também me infelicita, principalmente por saber que podemos viver de modo menos sofrível quando a maioria for constituída de não idiotas.

Quem disse que o brasileiro não tem dignidade foi o mestre Charles Darwin. Haverá alguém no mundo com tão grande capacidade de percepção das coisas?

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