segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ATÉ QUANDO TANTA INDIGNIDADE?


Quando eu era menino, coisinha de apenas uns sessenta e cinco anos atrás, ouvia uma história de um alienado mental constantemente ridicularizado por imbecis. (A história não falava em imbecis. Mas, como qualificar quem atormenta alguém já naturalmente atormentado?). Certo dia, porém, a debilidade levou seu portador ao desespero e ele arrebentou um dos muitos bobos que frequentemente o atormentavam para espanto dos demais. Quando em julgamento pela agressão praticada, o advogado de defesa da infeliz criatura assumiu uma atitude estranha de riscar palitos de fósforo e ficar a procurar algo pelos cantos da sala e debaixo das mesas, o que irritou o juiz. Inquirido pelo juiz sobre aquele procedimento esquisito em ambiente tão sério, o advogado respondeu que queria mostrar haver um limite para a tolerância como demonstrou o próprio senhor juiz, homem de esmerada educação ao se irritar por apenas alguns segundos ante um quadro desagradável, que dizer daquele infeliz que sempre viveu a suportar humilhações?

Esta história tem tudo a ver com nossa situação de bobos (quase todos) ou humilhados (aqueles que pensam). Ela, a História, mostra que a paciência tanto se esgota no alienado mental como no homem de letras. O detalhe importantíssimo é que os governantes estão tão embevecidos em sua posição de mando que acreditam poder nos manter na condição de eternamente atormentados, tão bobos que vivemos a correr para prover suas necessidades quaisquer que sejam elas. Até templos para homenagear a memória de quem a imprensa diz ser ladrão. Nada pode faltar para as autoridades. Nem mesmo as orgias sexuais não só em luxuosas casas de prostituição que o povo paga para as autoridades, mas também lá bem alto no céu azul em luxuoso avião pago pelo povo bobo que tá mais a fim de saber qual foi o resultado do jogo.

O comportamento das autoridades de total embevecimento com as maravilhas que o poder pode proporcionar quando aliado à ignorância impede que as autoridades se lembrem dos exemplos registrados pela História de como terminou este tipo de procedimento por parte de governantes alheios aos anseios da população. Nem toda a população é constituída de bobos. Além disso, mesmo uma grande parte dos bobos também já está insatisfeita por não poder chegar até àquelas coisas que a televisão lhe inculca na cuca como sendo só maravilha e, além disso, de facílimo acesso, e quem não comprar é viado ou fi de puta. A indiferença de governantes pelos anseios da sociedade já terminou em tanta infelicidade que incluiu corpos separados das cabeças.

O modo como os politiqueiros administram a sociedade não pode ser aceito por quem não seja bobo porque ele levará a sociedade à derrocada total. Não haverá outra definição senão derrocada total para o resultado da produção de tantas quinquilharias e indiferença para com a violência e apelo às compras que inclui mulheres seminuas nas mais variadas posições excitantes. Quem quer que se dedique por algum tempo a pensar no modo bobo como vive o povo brasileiro haverá de se recusar a seguir os mesmos passos. Ele nem mesmo sabe para onde está indo e nem mesmo pensa nisso por estar impossibilitado de pensar face à preguiça cerebral implantada em sua cabeça pela cultura BBB, Fazenda e manchetes na imprensa dando conta de pesquisa para saber quais os homens com as maiores rolas do mundo. Um povo com tal magnitude intelectual não constrói uma sociedade decente.

A maior injustiça a que pode um ser humano ser submetido é viver em meio ao barulho e à impossibilidade de conversar sobre algo que não seja futebola, axé, último modelo de celular, fazer compras ou colocar flores na calçada da boate queimada no Rio Grande do Sul ou fazer orações. Se os bobos de lá não fossem tão bobos a ponto de “não se meter em política” e cobrassem da administração municipal o cumprimento de suas obrigações, ajudando-a inclusive, a esta altura seus jovens não estariam precisando de funerais.

A falta de discernimento de bobo leva a humanidade a recusar sistematicamente o destino inevitável que tem: a morte. “Ninguém quer a morte. Só saúde e sorte” já dizia o poeta. Como, entretanto, a danada da morte não depende de querer ou não querer, inclusive já morreu o jovem poeta criador desta sentença verdadeira apenas para jovens que ainda não tiveram oportunidade de aprender como é que a vida é e para velhos que já perderam a oportunidade de aprender.

Nossa sociedade está tão à deriva que um professor precisa ter vários empregos para apenas sobreviver enquanto um bobo iletrado recebe quarenta mil reais para conversar bobagens por uma hora de relógio sobre futebola. Nossas crianças assistem debates e mais debates sobre a venda de vagina pela mesma imprensa que se diz guardiã dos interesses de seus leitores.

Estamos tão bobos que temos deputado condenado à cadeia por crime comprovado contra nós, mas que em vez de estar no xilindró, lugar de bandidão, está bem a gosto na companhia de seus pares na câmara dos politiqueiros que devia ser CÂMARA DOS DEPUTADOS FEDERAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, a receber suas vantagens de deputado pagas pelo povo bobo e fazendo discursos enxovalhando a justiça que o condenou.

Estamos tão à deriva que aceitamos coisas inaceitáveis para não bobos. Se nós pagamos às autoridades para que elas organizem um sistema judiciário para condenar bandidos, como podemos aceitar que a autoridade não aceite que esta justiça tenha validade quando ele é o bandido? Temos vários ex-presidentes ladrões, denunciados nos livros Privataria Tucana, Honoráveis Bandidos e O Chefe. Entretanto, inexplicavelmente, estão todos aí jurando de pé junto que trabalha pela felicidade de seu povo que vive a chorar nos corredores do hospital por pura birra uma vez que a saúde no governo do PT  é simplesmente beleza pura.

Que triste sina tem esse povo tão bobo que vive a chorar na televisão e a brincar nos palcos e nos estádios construídos com o dinheiro de lhes amenizar os sofrimentos? É um comportamento tão desinteligente o do brasileiro que o leva a ser constantemente ridicularizado até por outros bobos como atores incultos. Vestir roupa confeccionada com lixo hospitalar americano é coisa normal para o brasileiro bobo que não só tira isso de letra, mas também encara numa boa o roubo escancarado do dinheiro de lhe proporcionar melhores condições de vida. É com a bobagem de contar com a eterna bobagem do povo que os politiqueiros roubam a grana de pagar o estudo garantido pela Constituição Federal a todo momento invocada por eles como inviolável, mas que deixa de ser quando anunciam espalhafatosamente como eficiência do seu trabalho o empréstimo de dinheiro a juros para que o estudante pobre possa estudar. Se esse dinheiro já foi passado aos politiqueiros através dos impostos, é uma deslavada safadeza emprestar de volta esse mesmo dinheiro ao seu dono, o povo, que nem sequer sabe disso por ser constituído de bobos.

O que está ocorrendo com a eleição dos presidentes do senado federal e da câmara federal, que não merecem ter os nomes iniciados com letra maiúscula em função de sua pequenez, é uma afronta monumental para quem tem vergonha na cara.  É realmente boba uma juventude que assiste impassível à substituição do seu Congresso Nacional por uma pocilga de negociatas corruptas praticadas por ladrões piores que os assaltantes de rua, porquanto não se arriscam. Não há nível de desclassificação para um congresso que elege bandidos para sua presidência. A disfunção cerebral dos politiqueiros não lhes permite perceber não haver necessidade nem futuro nisso.
Haja saco!

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