Quando eu era menino, coisinha de
apenas uns sessenta e cinco anos atrás, ouvia uma história de um alienado
mental constantemente ridicularizado por imbecis. (A história não falava em
imbecis. Mas, como qualificar quem atormenta alguém já naturalmente atormentado?).
Certo dia, porém, a debilidade levou seu portador ao desespero e ele arrebentou
um dos muitos bobos que frequentemente o atormentavam para espanto dos demais. Quando
em julgamento pela agressão praticada, o advogado de defesa da infeliz criatura
assumiu uma atitude estranha de riscar palitos de fósforo e ficar a procurar
algo pelos cantos da sala e debaixo das mesas, o que irritou o juiz. Inquirido
pelo juiz sobre aquele procedimento esquisito em ambiente tão sério, o advogado
respondeu que queria mostrar haver um limite para a tolerância como demonstrou
o próprio senhor juiz, homem de esmerada educação ao se irritar por apenas alguns
segundos ante um quadro desagradável, que dizer daquele infeliz que sempre
viveu a suportar humilhações?
Esta história tem tudo a ver com
nossa situação de bobos (quase todos) ou humilhados (aqueles que pensam). Ela,
a História, mostra que a paciência tanto se esgota no alienado mental como no homem
de letras. O detalhe importantíssimo é que os governantes estão tão embevecidos
em sua posição de mando que acreditam poder nos manter na condição de eternamente
atormentados, tão bobos que vivemos a correr para prover suas necessidades
quaisquer que sejam elas. Até templos para homenagear a memória de quem a
imprensa diz ser ladrão. Nada pode faltar para as autoridades. Nem mesmo as
orgias sexuais não só em luxuosas casas de prostituição que o povo paga para as
autoridades, mas também lá bem alto no céu azul em luxuoso avião pago pelo povo
bobo que tá mais a fim de saber qual foi o resultado do jogo.
O comportamento das autoridades
de total embevecimento com as maravilhas que o poder pode proporcionar quando
aliado à ignorância impede que as autoridades se lembrem dos exemplos registrados
pela História de como terminou este tipo de procedimento por parte de
governantes alheios aos anseios da população. Nem toda a população é
constituída de bobos. Além disso, mesmo uma grande parte dos bobos também já está
insatisfeita por não poder chegar até àquelas coisas que a televisão lhe
inculca na cuca como sendo só maravilha e, além disso, de facílimo acesso, e
quem não comprar é viado ou fi de puta. A indiferença de governantes pelos
anseios da sociedade já terminou em tanta infelicidade que incluiu corpos
separados das cabeças.
O modo como os politiqueiros administram
a sociedade não pode ser aceito por quem não seja bobo porque ele levará a
sociedade à derrocada total. Não haverá outra definição senão derrocada total para
o resultado da produção de tantas quinquilharias e indiferença para com a
violência e apelo às compras que inclui mulheres seminuas nas mais variadas
posições excitantes. Quem quer que se dedique por algum tempo a pensar no modo
bobo como vive o povo brasileiro haverá de se recusar a seguir os mesmos passos. Ele
nem mesmo sabe para onde está indo e nem mesmo pensa nisso por estar
impossibilitado de pensar face à preguiça cerebral implantada em sua cabeça
pela cultura BBB, Fazenda e manchetes na imprensa dando conta de pesquisa para
saber quais os homens com as maiores rolas do mundo. Um povo com tal magnitude
intelectual não constrói uma sociedade decente.
A maior injustiça a que pode um
ser humano ser submetido é viver em meio ao barulho e à impossibilidade de
conversar sobre algo que não seja futebola, axé, último modelo de celular,
fazer compras ou colocar flores na calçada da boate queimada no Rio Grande do
Sul ou fazer orações. Se os bobos de lá não fossem tão bobos a ponto de “não se
meter em política” e cobrassem da administração municipal o cumprimento de suas
obrigações, ajudando-a inclusive, a esta altura seus jovens não estariam
precisando de funerais.
A falta de discernimento de bobo
leva a humanidade a recusar sistematicamente o destino inevitável que tem: a
morte. “Ninguém quer a morte. Só saúde e sorte” já dizia o poeta. Como,
entretanto, a danada da morte não depende de querer ou não querer, inclusive já
morreu o jovem poeta criador desta sentença verdadeira apenas para jovens que
ainda não tiveram oportunidade de aprender como é que a vida é e para velhos
que já perderam a oportunidade de aprender.
Nossa sociedade está tão à deriva
que um professor precisa ter vários empregos para apenas sobreviver enquanto um
bobo iletrado recebe quarenta mil reais para conversar bobagens por uma hora de
relógio sobre futebola. Nossas crianças assistem debates e mais debates sobre a
venda de vagina pela mesma imprensa que se diz guardiã dos interesses de seus
leitores.
Estamos tão bobos que temos
deputado condenado à cadeia por crime comprovado contra nós, mas que em vez de
estar no xilindró, lugar de bandidão, está bem a gosto na companhia de seus
pares na câmara dos politiqueiros que devia ser CÂMARA DOS DEPUTADOS FEDERAIS
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, a receber suas vantagens de deputado pagas
pelo povo bobo e fazendo discursos enxovalhando a justiça que o condenou.
Estamos tão à deriva que
aceitamos coisas inaceitáveis para não bobos. Se nós pagamos às autoridades para
que elas organizem um sistema judiciário para condenar bandidos, como podemos
aceitar que a autoridade não aceite que esta justiça tenha validade quando ele
é o bandido? Temos vários ex-presidentes ladrões, denunciados nos livros
Privataria Tucana, Honoráveis Bandidos e O Chefe. Entretanto, inexplicavelmente,
estão todos aí jurando de pé junto que trabalha pela felicidade de seu povo que
vive a chorar nos corredores do hospital por pura birra uma vez que a saúde no
governo do PT é simplesmente beleza
pura.
Que triste sina tem esse povo tão
bobo que vive a chorar na televisão e a brincar nos palcos e nos estádios
construídos com o dinheiro de lhes amenizar os sofrimentos? É um comportamento
tão desinteligente o do brasileiro que o leva a ser constantemente
ridicularizado até por outros bobos como atores incultos. Vestir roupa
confeccionada com lixo hospitalar americano é coisa normal para o brasileiro
bobo que não só tira isso de letra, mas também encara numa boa o roubo
escancarado do dinheiro de lhe proporcionar melhores condições de vida. É com a
bobagem de contar com a eterna bobagem do povo que os politiqueiros roubam a
grana de pagar o estudo garantido pela Constituição Federal a todo momento
invocada por eles como inviolável, mas que deixa de ser quando anunciam
espalhafatosamente como eficiência do seu trabalho o empréstimo de dinheiro a
juros para que o estudante pobre possa estudar. Se esse dinheiro já foi passado
aos politiqueiros através dos impostos, é uma deslavada safadeza emprestar de
volta esse mesmo dinheiro ao seu dono, o povo, que nem sequer sabe disso por
ser constituído de bobos.
O que está ocorrendo com a
eleição dos presidentes do senado federal e da câmara federal, que não merecem
ter os nomes iniciados com letra maiúscula em função de sua pequenez, é uma
afronta monumental para quem tem vergonha na cara. É realmente boba uma juventude que assiste
impassível à substituição do seu Congresso Nacional por uma pocilga de
negociatas corruptas praticadas por ladrões piores que os assaltantes de rua,
porquanto não se arriscam. Não há nível de desclassificação para um congresso
que elege bandidos para sua presidência. A disfunção cerebral dos politiqueiros
não lhes permite perceber não haver necessidade nem futuro nisso.
Haja saco!
Haja saco!
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