Um ninho de pássaros com
filhotes em grande frenesi e incontido alvoroço, com os biquinhos escancarados
ao máximo para receber o alimento que seus pais tanto ingerem quanto lhes
trazem sem cessar, lembra o alvoroço das eleições, lembra os políticos e lembra
os reis midas do mundo, e o campo de onde os papais pássaros caçam o alimento
lembra a população. Principalmente a população brasileira. Embora seja a mesma
coisa no mundo inteiro, no Brasil, por ser apenas um pouco mais maior a
ignorância humana, posto que ainda colônia, dá prá se perceber com maior
nitidez a semelhança visto ser dispensável a necessidade de fingimento comum
nas sociedades “civilizadas”.
Por se deixar levar ao
sabor dos acontecimentos é que a humanidade alimenta as mais diversas paradoxais
situações, nenhuma delas em seu proveito porque não há um só indivíduo no mundo
que não gostaria de viver de modo diferente do que está vivendo. Nem podia ser
diferente visto ter sido a vida conduzida à situação insustentável de depender
de um consumismo desenfreado que tem como resultado destruir o planeta do qual
depende o tipo de vida almejado, sendo a indiferença dos prejudicados o
combustível da força motriz que inviabiliza a possibilidade de se ter o tipo de
vida que a todos faz falta, razão reclama, e que para ser alcançado é necessidade
haver empenho nesse sentido.
Embora seja grande e
crescente o inconformismo com o tipo de vida entre os seres humanos, a rebeldia
tem se limitado a queixumes e violências, atitudes que além de improdutivas,
partem de número inexpressivo de pessoas visto estar a maioria ligada no pão e
circo e que por estar também convicta de que a deus cabe a condução do mundo,
deixa de conduzi-lo, inviabilizando a possibilidade de poderem todos ter o tipo
de vida que gostariam e que jamais poderão ter se a riqueza da qual depende um
tipo de vida com algum conforto foi apossada por apenas um por cento das
pessoas.
Tão intrigante quanto ao
porquê de ter a humanidade se permitido chegar a tamanho descompasso é sua
indisposição de engendrar o tipo de vida desejado por cada um individualmente.
Se todos, um a um, querem outra forma de vida, para alcançá-la basta unir numa
só vontade as vontades individuais e pôr mãos à obra na materialização da
vontade de viver bem, o que vale qualquer sacrifício posto ser a vida a mais
fabulosa escola que pode existir, como haverão de perceber um dia os jovens, desde
que, como em qualquer escola, se disponha a aprender.
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