sábado, 6 de fevereiro de 2021

ARENGA 477

 

 

Um ninho de pássaros com filhotes em grande frenesi e incontido alvoroço, com os biquinhos escancarados ao máximo para receber o alimento que seus pais tanto ingerem quanto lhes trazem sem cessar, lembra o alvoroço das eleições, lembra os políticos e lembra os reis midas do mundo, e o campo de onde os papais pássaros caçam o alimento lembra a população. Principalmente a população brasileira. Embora seja a mesma coisa no mundo inteiro, no Brasil, por ser apenas um pouco mais maior a ignorância humana, posto que ainda colônia, dá prá se perceber com maior nitidez a semelhança visto ser dispensável a necessidade de fingimento comum nas sociedades “civilizadas”.

Por se deixar levar ao sabor dos acontecimentos é que a humanidade alimenta as mais diversas paradoxais situações, nenhuma delas em seu proveito porque não há um só indivíduo no mundo que não gostaria de viver de modo diferente do que está vivendo. Nem podia ser diferente visto ter sido a vida conduzida à situação insustentável de depender de um consumismo desenfreado que tem como resultado destruir o planeta do qual depende o tipo de vida almejado, sendo a indiferença dos prejudicados o combustível da força motriz que inviabiliza a possibilidade de se ter o tipo de vida que a todos faz falta, razão reclama, e que para ser alcançado é necessidade haver empenho nesse sentido.

Embora seja grande e crescente o inconformismo com o tipo de vida entre os seres humanos, a rebeldia tem se limitado a queixumes e violências, atitudes que além de improdutivas, partem de número inexpressivo de pessoas visto estar a maioria ligada no pão e circo e que por estar também convicta de que a deus cabe a condução do mundo, deixa de conduzi-lo, inviabilizando a possibilidade de poderem todos ter o tipo de vida que gostariam e que jamais poderão ter se a riqueza da qual depende um tipo de vida com algum conforto foi apossada por apenas um por cento das pessoas.

Tão intrigante quanto ao porquê de ter a humanidade se permitido chegar a tamanho descompasso é sua indisposição de engendrar o tipo de vida desejado por cada um individualmente. Se todos, um a um, querem outra forma de vida, para alcançá-la basta unir numa só vontade as vontades individuais e pôr mãos à obra na materialização da vontade de viver bem, o que vale qualquer sacrifício posto ser a vida a mais fabulosa escola que pode existir, como haverão de perceber um dia os jovens, desde que, como em qualquer escola, se disponha a aprender.

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