terça-feira, 25 de outubro de 2022

ARENGA 655

 

Grandes são as alegrias e festejamentos nos quais a juventude desgasta boa parte do vigor que lhe faltará mais tarde quando os tempos de festas derem lugar a tempos em que os escoiceadores de bola, cantadores de bobagens, celebridades, famosos de araque e reis de pau oco passarem a ter menor valor do que os profissionais de saúde. Antes da chegada dos tempos de remédios, consultas médicas e hospitais, fervilha nos espetáculos circenses incontrolável massa de desavisados como formigas e moscas fervilham em torno de mel derramado. É tão grande a falta de lógica em tudo isso que figuras ridículas de nenhum valor que não sejam vulgaridades despontam como celebridades e famosos para um povo enganado para consagrar a tais tipos um valor que eles não têm. É totalmente inaceitável em nome de civilidade que a opinião de tipos intelectualmente desprezíveis possa ter valor político, e mais inaceitável ainda sua pretensão de ocupar o mais algo cargo da administração pública, o de presidente da república. Totalmente injustificável que habilidade em brincadeiras confira maior reconhecimento da sociedade do que habilidade de profissionais altamente qualificados para prestar relevantes serviços à comunidade como os que por duas vezes salvaram minha vida. É graças a eles que posso continuar tentando levar à juventude mensagens de alerta para a necessidade de procurar novos caminhos por onde caminhar porque estes pelos quais tem caminhado vai lavá-la inevitavelmente a desastre de proporções desconhecidas e terríveis.

Não se trata de ser pessimista. Mas a alegria não pode ser duradoura se logo mais adiante a tristeza espera pelo momento de substituí-la. Assim, encurtar as rédeas da tristeza torna mais robusta a alegria. E para isto basta meditar sobre se a vida no momento histórico em que vivemos está realmente a oferecer maiores possibilidades para alegria ou para tristeza. Alguma reflexão sensata sobre esta questão levará à conclusão de que a alegria atual é induzida por uma instituição oriunda do império romano chamada pão e circo. Engendrada por parasitas para manter a humanidade a seu serviço, seres avaros de extrema maldade, inspirados por satanás, aproveitando da facilidade com que as pessoas podem ser induzidas para o bem ou o mal, optaram pelo mal, e por meio de infinita rede de comunicação levam toda a humanidade a se envolver com atividades lúdicas em detrimento dos assuntos realmente importantes. Desta forma, vêm estes seres incompatíveis com vida social tendo êxito absoluto em manter todas as demais pessoas fora do seu grupelho de insaciáveis ajuntadores de riqueza estar correto serem elas mantidas na condição de serviçais de sua avareza, tralhando para que eles usufruam desse trabalho em troca de recompensa suficiente apenas para não faltar a vitalidade necessária ao serviço de fazer funcionar suas máquinas de fazer riqueza. Tornar importantes assuntos de nenhuma importância é como o pão e circo dos parasitas tem sucesso absoluto na arte maligna de anular a inteligência latente nos seres humanos, alienando-os de interesse por assuntos tão relevantes como a inviabilidade de futuro para seus filhos em função da corrosão impiedosa dos recursos dos quais depende a vida de nosso planeta.

Mas esta alienação tem também por objetivo o analfabetismo político que leva frequentadores de igreja, axé e futebola a fazer as piores escolhas para os cargos públicos importantes, resultando da má escolha tamanha deterioração da tão importante ação política que dela depende tanto o bem-estar social e individual quanto a própria vida. Pois, não obstante tamanha importância, das más escolhas devidas ao analfabetismo político resultou em ter sido a política assenhoreada por bandidos perigosos que contam com proteção da justiça.

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