Na orelha da primeira
capa do livro Economia Da Desigualdade, de Thomas Piketti, uma pergunta leva a crer
que para os intelectuais quem não faz parte do seu seleto grupo é tão incapaz
de raciocinar quanto a massa festiva de torcedores, carnavalescos e
frequentadores de igreja, indiferente a tudo que exija raciocínio, mas mão é
assim porque há quem seja capaz de ver ingenuidade na pergunta do escritor que
é a seguinte: “A desigualdade é consequência da concentração do capital nas
mãos de poucos?”. Ora, e do que mais poderia ser a desumana desigualdade
social senão do apoderamento de toda a riqueza existente por avaros ignorantes
do que seja vida social? Os bens de que as pessoas necessitam só podem ser
adquiridos com o dinheiro a que o escritor se refere como capital. Se esse
dinheiro está concentrado em mãos de poucas pessoas, nada fica para as demais senão
migalhas. Desta distorção resulta a desigualdade da qual decorre a maioria dos
males que afetam a humanidade porque eles provêm da pobreza que é fonte de
doenças, fome, revolta e violência.
Por outro lado, na
página 15 do livro Brasil Dos Humilhados, o filósofo Jessé de Souza também faz uma
pergunta que se a humanidade fosse menos estúpida, capaz de raciocinar, e
atentasse para a pergunta do doutor Jessé de Souza, como Arquimedes, sairia pelada
da banheira da ignorância gritando eureca! Descobri o motivo das agruras! De
todas as agruras! Isto porque na importantíssima questão levantada pelo doutor
Jessé é onde se esconde a resposta para absolutamente todos os males de que
padece a humanidade. Embora pareça simples, a resposta à pergunta “Por que
mentir sobre como realmente funciona o mundo social?” revela uma
realidade desconhecida por noventa e nove vírgula nove por cento dos seres
humanos. Embora eles nem desconfiam, vivem uma farsa do tamanho do mundo.
No livro Economia Da
Desigualdade, referindo-se às artimanhas dos banqueiros para enganar os
clientes, o autor diz que a falta de conhecimento (das pessoas) faz parte do
negócio (dos banqueiros). Prá todo lado que se volte depara-se com um engodo.
Quando falsos líderes políticos se misturam com a multidão suada e desagradável
para lavar escadas de igrejas, estão enganando aquela pobre gente a fim de se
fazer popular e merecedor dos votos que lhes assegurarão o direito de parasitar
a sociedade do mesmo modo como fazem os falsos líderes religiosos quando induz
o povo desprovido de entendimento a comprar feijão milagroso ou a pagar por
cerimônias de batismo, casamento ou recomendação de almas a deus, do mesmo modo
como faziam os egípcios de cerca de quatro mil anos atrás quando compravam de
sacerdotes fórmulas mágicas que lhes permitiriam entrar no reino celeste de
Osíris. (História da Civilização Ocidental, de Edward Burns, I volume, página
54).
O propósito dos líderes
da humanidade é mantê-la incapaz de evoluir mentalmente que é para não ser capaz
de perceber a triste realidade de viver sem saber que a vida não é o que pensam
que é. E, infelizmente, nesse objetivo funesto, têm os falsos líderes tido
sucesso absoluto como mostra o fato de haver reis por atividades de nenhuma
importância do ponto de vista do desenvolvimento mental, mas não haver um só
rei em função de atividade que contribua para o desenvolvimento intelectual.
Com o mesmo intento de ludibriar é que existe a religiosidade. Não é à toa que
as pessoas mais simples, as mais desprovidas de conhecimento, são também as
mais religiosas. O deus de quem essa gente espera receber aquilo que só ela
mesma é capaz de fazer é mais uma farsa. Por ter sido criação do homem quando a
mulher era relegada à insignificância é que deus é masculino. Se cavalo ou
porco também criassem um deus, ele teria a forma de cavalo ou porco, afirma o
filósofo.
Sendo enganar os
liderados o objetivo dos líderes, a humanidade incorre em erro irreparável
deixando seu destino a cargo deles, de modo que a organização social não se
sustenta e o sistema educacional mostra esta realidade de modo insofismável. Na
página 10 do livro História Geral E Do Brasil, de Cláudio Vicentino e Gianpaolo
Dorigo, encontra-se uma ilustração onde aprece garotos em sala de aula, com s
seguinte explicação: “Alunos do antigo ensino primário, no Instituto Muniz
Barreto, Rio de Janeiro, em 1904. Neste nível de ensino e nesta época, a
história religiosa era mais difundida do que a história das civilizações.
Sabendo-se que a personalidade do adulto, como observou mestre Platão, resulta
do que aprendeu em criança, do ensino de religiosidade resultam adultos desmotivados
para analisar os fatos, e por isso mesmo, incapazes de perceber serem vítimas
de engano para tomar seu destino em suas próprias mãos, como devia ser. Tais adultos
são indiferentes a distorções como um sistema tributário no qual pobres pagam
mais imposto do que ricos, como era na França de 1789, e que foi um dos motivos
da grande Revolução.
Encerramos esta prosa
observando que por incapacidade de analisar a vida, as pessoas convivem indiferentemente
com grandes contradições, sendo a mais grave ser a coisa pública considerada de
ninguém. O absurdo chega ao ponto de haver gastos por autoridades de
conhecimento vetado ao povo que paga.
Como dizíamos lá em
cima, é tudo contrassenso. Quando, em louvável atitude, Castro Alves bradou “Ó
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?” em protesto contra a escravidão, não
observou, como também não observa ninguém, que deus aprova a escravidão em
várias passagens da bíblia, inclusive em vários versículos do parágrafo 21 de
Êxodo.
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