quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

arenga 660

 

  

Há político aconselhando ao presidente da república recém-empossado no cargo a fazer vistas grossas aos criminosos que depredaram o centro do poder político na Capital Federal, em flagrante desrespeito à ordem democrática que institui alternância no poder. Sendo lamentavelmente de conhecimento geral que noventa e nove por cento dos políticos têm personalidade antissocial, adeptos, portanto, do individualismo egoísta que explica as injustificáveis privatizações, injustificáveis porque trabalhadores de empresa pública podem trabalhar em pé de igualdade com trabalhadores de empesa privada, dependendo apenas de administração.

Sendo notório o comportamento dos políticos, com raríssimas exceções, a recomendação para fazer de conta que nada aconteceu de grave, certamente partiu de quem visa proteger-se contra futuro possível chamamento prestar contas por atos indevidos.

Mas, de modo algum deve um governo fazer vistas grossas a deslizes, principalmente em se tratando de deslize de autoridade que o povo paga bem pago para agir com correção. Embora não seja o que acontece, é justamente por não acontecer que a roubalheira grassa por todo canto, o que justifica as palavras do Cardenal de Hertz de que quando os que mandam perdem a vergonha os que obedecem perdem o respeito.

Se governo existe para pôr termo à selvageria dos ainda não domesticados seres humanos, não pode estar a anuir com desmandos como tem acontecido, o que se explica no fato de não terem também os governantes sido domesticados.

É uma situação deveras bizarra esta de esperar que seres tão chucros quanto feras pelo fato de serem investidos de autoridade adquiram como por passe de mágica as qualidades requintadas necessárias à atividade de liderança. O modo como está o mundo organizado, com alguns tendo demais e outros tendo de menos e guerras como na bíblia, além de destruição da natureza, são fatos que provam não haver possibilidade de se esperar que seres humanos possam engendrar civilização sem que haja um trabalho voltado nesse sentido. Como o trabalho que há é voltado no sentido contrário, a selvageria permanecerá como vê na contracapa do livro O Mundo Em Queda Livre, de Joseph Stiglitz: “No mundo em desenvolvimento, muitos olham para Washington e veem um sistema de governo que permitiu que Wall Street escrevesse as regras em seu próprio proveito, pondo em risco toda a economia global. E quando chegou o dia da verdade, Washington pediu aos mesmos senhores de Wall Street e seus parceiros que administrassem a recuperação – de modo que Wall Street recebeu quantidades de dinheiro que estavam além da imaginação mais fértil e desbragada dos maiores corruptos do mundo.” E, na página 177, ainda sobre o mesmo assunto: “Os banqueiros que levaram o país a este estado de confusão deveriam ter pagado pelos seus erros. Em vez disso, receberam bilhões de dólares” “apenas com taxas bancárias arbitrárias, os bancos cobravam mais de seus clientes que tudo o que o país investia em educação e saúde.” Isto aí é o típico comportamento da fera que age como se coubesse um búfalo em seu estômago. 

 

 

 

 

 

 

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