Para bom entendedor meia palavra é quanto basta, diziam as pessoas de outros tempos em relação aos incapazes de entender a diferença entre o que é sensato e o que não é. O comportamento de destruir o que nos é indispensável para viver demostra que nem todas as palavras de todos os dicionários do mundo são capazes de levar um mínimo de sensatez aos bichos humanos que de tão estúpidos se autodeclaram SAPIENS na mesma presunção com que também se dignos de fama e celebridade os brutamontes mentais cujo único mérito é a sensualidade para as mulheres e, para os homens, os músculos que darão lugar a pelancas. Tamanha é a capacidade destrutiva do ser humano que Hobbes foi demasiadamente elegante quando se referiu à voracidade humana comparando ao lobo o indivíduo dessa espécie, quando a verdade é que cada ser humano representa maior perigo a outro ser humano do que uma grande matilha de lobos.
Facilmente se observa que onde quer que apareça o monstro humano é acompanhado do pior inimigo não só da sua espécie, mas também de qualquer outra espécie. A maldade humana já se manifesta na tendência das inocentes crianças a destruir brinquedos e matar passarinho.
É tão grande a maldade humana que a humanidade está condenada por si mesma e ser infeliz, e é tão grande sua estupidez que em vez de corrigir a causa de sua infelicidade, não o faz. Ao contrário, está certa de que aquele que sofre é porque merece sofrer, quando não é verdade porque o sofrimento decorre unicamente do procedimento terrivelmente equivocado de encarar a vida apenas sob aspecto material. A ninguém ocorre haver uma vida social a merecer ainda maiores preocupações dedicadas aos cuidados que merecem as atividades de morar, comer, vestir, educar e proteger. No tocante ao instinto de reprodução, ou é encarado como solução para a monotonia inevitável que se segue ao SÓ VOU SE VOCÊ FOR dos primeiros tempos quando ainda não se sabia ser mentira e falso o que nos ensinaram sobre a vida. Há uma vastidão de experiência em quem afirmou que se o amor é um sonho, o casamento é o despertador.
A única certeza a que pode levar a meditação sobre a atividade de viver é que se vive de mentira em mentira. Nada, absolutamente nada de tudo que nos transmite é verdadeiro. Do batismo à extrema unção, é só falsidades. Ninguém observou isto melhor do que Platão. Ao materializar na ALEGORIA DA CAVERNA seu pensamento, Platão mostrou na prática como é que a falsidade passa por verdade.
É de clamar aos infernos o comportamento de se resignar com o SEJA FEITA A VONTADE DE DEUS ao se ver diante de um infortúnio porque não existe problema sem solução. Este comportamento de infinita estupidez é nada mais que uma das muitas mentiras convergentes para o caudal de falsidades que afastam a humanidade da realidade da vida.
Aqui na página 11 do excelente livro HOMO DEUS, do mestre Yuval Noah Harari, face aos milhões de mortes por fome, peste e guerras, muitos pensadores e profetas concluíram que a fome a peste e a guerra deviam fazer parte do plano cósmico de deus ou de nossa natureza imperfeita, e que apenas o fim dos tempos nos livraria delas. Tais pensadores e profetas não pensaram que não existiríamos depois do fim dos tempos para que fôssemos livres da fome, da peste e da guerra? Todo a infelicidade humana em por única causa o não despertar para a necessidade de comparar o que se ouve com a realidade.