segunda-feira, 18 de setembro de 2017

ARENGA 449


               A manchete do jornal Folha de São Paulo “TEMER PROMOVERÁ OUTRA RODADA DE CARNÇA ÀS HIENAS”, nem de longe parece fazer referência a um presidente da república de um país e a câmara dos deputados eleita pelo povo deste mesmo país. Entretanto, a triste realidade é o absurdo de ter sido o povo desta desqualificada república de bananas podres a que chamam impropriamente de país submetido a tamanha degradação moral que seu presidente é denunciado pela segunda vez de cometer crime contra a  república que preside, mas como a denúncia só pode ser apurada se os representantes do povo denominados de hienas pelo jornal quiserem, então, o presidente supostamente criminoso distribui dinheiro público (a carniça da manchete) à rodo para as hienas (os deputados) e eles recusam a aceitação da denúncia. Enquanto isto, os papagaios de microfone apologistas do pão e circo anunciam que a Lady Gaga cancelou as apresentações que faria na Europa, que a rainha da Inglaterra vai ser avó mais uma vez e fazem alarde sobre o requebramento de quadris que envolve o povo numa incontida euforia num festival no Rio de Janeiro onde a única coisa que não falta são tiroteios, mortes e medo. E, por incrível que possa parecer, há imbecis que acompanham os corruptos que por medo condenam a Operação Lava Jato, entre eles altas autoridades, absolutamente todas de rabo preso nos crimes contra o país.

Na verdade, a única coisa de se estranhar na bestialidade que tomou conta da sociedade brasileira é o alarde que se faz em tono desta bestialidade, porque ela sempre existiu e nem poderia deixar de existir por ser tão natural no brasileiro quanto a sede ou a fome, uma vez que seu instinto de rato é mais dominante do que no próprio rato. Se a roubalheira incontida nunca foi percebida é porque nunca existiu uma Operação Lava Jato que expusesse as chagas morais desta sociedade constituída por seres cuja mentalidade provém de um cérebro que em vez de sangue é irrigado por caldo de bosta. Se o comportamento do adulto é ditado pela personalidade, e a personalidade é ditada pelo que se aprendeu na infância e juventude, considerando que a sociedade resulta do comportamento de seus integrantes, os integrantes da nossa sociedade tiveram a imundície mental como companheira desde o berço. Na página 72 do livro 1822 de Laurentino Gomes, sobre a história do nosso país, consta a seguinte declaração sobre os brasileiros, quando sua sociedade ainda usava cueiros: “Em seus negócios, prevalece a astúcia mesquinha e velhaca, principalmente quando efetuadas as transações com estrangeiros, aos quais pedem o dobro do preço que acabarão por aceitar por sua mercadoria, ao passo que procuram desvalorizar o que terão de obter em troca, utilizando-se de todos os artifícios ao seu alcance. Salvo algumas exceções, são pessoas inteiramente destituídas do sentimento de honra, não possuindo aquele senso geral de retidão que deve presidir toda e qualquer transação entre homens”. Tempos depois, segundo informa o jornalista bisbilhotador Alex Ferraz, do jornal Tribuna da Bahia, o Grande Mestre do Saber Charles Darwin, depois de conhecer de perto os brasileiros, teria declarado que eles não possuem as qualidades que dignificam o homem. Portanto, em vez do alarde em torno das canalhices, o que há realmente para se alardear é que depois de tanto tempo ainda não se tenha corrigido nos brasileiros o defeito do qual resulta neles a personalidade de rato e falta de pudor, uma vez que a personalidade pode ser moldada pela educação. Tanto pode que por conta de um tímido passo na inevitável marcha rumo à civilização, que infelizmente ocorre muito vagarosamente, mudou-se o costume de matar ou decepar a mão do ladrão para o costume de recolhê-lo à prisão com o objetivo de corrigir o defeito da antissocialidade em sua personalidade de criminoso, tornando-o sociável. Desta forma, todo o converseiro nojento em torno da ladroagem que resulta em malas, cuecas, meias e caixas de sapato recheadas de dinheiro, em vez disso, o que deveria estar em discussão era o porquê da inexistência de uma educação voltada a ensinar boas maneiras sociais aos requebradores de quadris frequentadores de igreja, axé e futebola.

Mas a deseducação social não é privilégio da ratazana brasileira porque a desonestidade caracteriza o comportamento humano em qualquer lugar do mundo, sendo flagrada apenas nos agrupamentos mais jovens e, portanto, mais inexperientes na arte de dissimular a canalhice em que foi convertida a nobre tarefa de administrar o dinheiro público, visto que absolutamente todos responsáveis por ela se arvoram a deuses do Olimpo numa vida faustosa em deslumbrantes palácios. O brasileiro não é assim tão diferente das outras sociedades humanas uma vez que todas são lideradas por líderes tão falsos que suas preocupações com os liderados não vão além de mantê-los enganados com migalhas enquanto lhes esfolam o rabo na obrigação de os manter abastecidos de tudo aquilo de que necessitam. Sempre foi assim, e assim continuará sendo enquanto o povo tiver por únicas atividades trabalhar, orar e brincar, encarando a vida com a mesma felicidade insignificante que faz a alegria do bêbado, mas que no dia seguinte terá de se ver com a tristeza da ressaca. A realidade é que no mundo inteiro, povo nunca deixou de ser o burrico sobre o qual o carroceiro atrela a carroça para ganhar o pão, com a diferença de que o pão arrancado do lombo e suor do povo é Pão de Ló para regalo de parasitas denominados Excelências. O ser humano terá de arcar com consequências funestas enquanto permanecer em seu procedimento antissocial de ter na vida a riqueza por objetivo em detrimento da satisfação de desfrutar do bem-estar que a tranquilidade pode proporcionar, mas que nunca foi buscada em tempo algum de sua existência, apesar de muito se falar em paz.

Os historiadores costumam considerar a história da humanidade a partir dos primeiros agrupamentos humanos ocorridos no Egito e na Mesopotâmia, e que chamam impropriamente de as primeiras civilizações, desconsiderando de certa forma os tempos chamados bárbaros, quando o homem tinha o mesmo comportamento das feras, o que dá a entender ter a raça humana se elevado a uma superioridade comportamental que distinguisse seu comportamento do comportamento das feras, quando, na realidade, como as feras, também depende de matar outros animais para viver. Demonstram os seres humanos brutalidade ainda maior do que a brutalidade das feras porque matam seus semelhantes apenas para lhes tomar o que possuem.

O período impropriamente denominado de civilização, os historiadores dividem em quatro fases, cada uma com sua cultura. Entretanto, no que diz respeito à servidão a que o é povo submetido, nada mudou. Se no período denominado Idade Antiga os seres humanos eram comidos por feras para diversão de seus senhores, no período seguinte, denominado Idade Média, eram eles submetidos à servidão imposta pelos senhores feudais, e nos dois períodos subsequentes, denominados Idade Moderna e Contemporânea, foi o povo submetido primeiro ao jugo de colonizadores que lhe fustigava o rabo na tarefa de lhes abastecer das riquezas existentes nas colônias, e, depois, da mesma forma, submetido ao jugo de uma escravidão disfarçada de emprego. Para justificar esta nova escravidão os egoístas ajuntadores de riqueza através de prostitutos da consciência propagam mil e um argumentos que apesar de cinicamente antissociais, dizem tratar-se da justiça de um monstro denominado livre mercado, aberração social que vê justiça no fato de ser uma pessoa atingida por catástrofe ser forçada a pagar valor exorbitante por um copo d’água. É através do monstro Mercado que os empregadores obrigam os empregados a construírem imensas riquezas para lhes servir de deleite porque ninguém precisa de imensa riqueza para viver uma vida agradável. Na página 81 do livro Justiça, de Michael J. Sandel, editora Civilização Brasileira, no capítulo Filosofia do Livre Mercado, o autor se refere ao pensamento do filósofo Robert Nozick, na verdade, em termos de vida social, uma grande sacanagem que é a seguinte: “Cobrar impostos do rico para ajudar o pobre é coagir o rico. Isso viola seu direito de fazer o que quiser com aquilo que possui”. No final da página 77, outra sacanagem: “... nada há de injusto na desigualdade econômica desde que ela não resulte do uso da força ou de fraude, mas das escolhas feitas em uma economia de mercado”. No final da página 78, outra barbaridade social diz o seguinte: “... temos o direito de fazer o que quisermos com aquilo que nos pertence, desde que respeitemos os direitos dos outros de fazer o mesmo”.

Tudo isto vai de encontro a uma vida social equilibrada. Tanto isto é realidade que por seguir esta falta de lógica o mundo se encontra aos frangalhos e a infelicidade bate em absolutamente todas as portas e o medo de uma hecatombe nuclear não pode ser considerado exagero. Em termos de comportamento socialmente equilibrado, é nessa monstruosidade em que veio dar o mundo chamado de civilizado, no qual se justifica que apenas um por cento das pessoas possuam noventa e nove por cento da riqueza existente, o que exige da humanidade mais um salto para passar da atual quarta fase denominada Contemporânea para uma quinta fase na qual vislumbrem reais indícios de civilização. O primeiro passo nesse sentido é dispensar a humanidade de ser tutelada, comportamento que lhe justifica a alcunha de manada uma vez que é obrigada a fornecer os meios para custear uma sociedade sem direito a usufruir dos recursos de que ela dispõe como proteção às adversidades, direito este restrito a um grupinho de parasitas que subjuga o mundo com aquiescência de noventa e nove por cento dos seres humanos sempre enganados e satisfeitos.

 Em oposição ao governo absoluto dos reis, os opressores da humanidade inventaram um negócio de poder tripartite e uma tal de democracia, garantindo que daquele momento em diante o poder seria exercido em nome do povo através de representantes por ele escolhidos. Considerando que esse negócio de poder é conferido pela posse da chave do cofre que guarda a riqueza pública, estas garantias nunca passaram de palavras vazias de políticos porque os supostos representantes do povo têm objetivos bem diferentes dos de cumprir o dever de zelar pela sociedade que representam, como mostra a Operação Lava Jato detratada por quem parasita a sociedade e seu séquito de baba ovo. Tão enviesada se encontram as coisas por aqui que as cadeiras do parlamento são ocupados por hienas às quais é servida carniça. Triste povo. Triste país. Tristíssima juvente. Inté.       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  


      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

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