sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

ARENGA 595


Malthus não se enganou quando disse que a humanidade pereceria por falta de comida, como supõem os fanáticos da tecnologia cujos benefícios trazem embutidos mais prejuízos sociais do que lucros. O entusiasmo demonstrado pelos papagaios de microfone que em troca da despensa abastecida juram de pés juntos ser o agribiuzinesse beleza pura contrasta frontalmente com o constante da página 175 do livro Capitalismo e Colapso Ambiental, de Luiz Marques, estudioso de assuntos de meio ambiente, que segundo Maria Helena Semedo, diretora geral de recursos naturais da FAO, a menos que se abandonem as práticas agropecuárias atuais, a quantidade de terra agricultável e produtiva em 2050 será apenas um quarto do que era em 1960. Por ser simplesmente estarrecedor, tal notícia, vindo de quem estuda o assunto da degradação ambiental, deveria causar comoção na juventude, vítima maior da fome inevitável com a desertificação das terras férteis. Aí está, pois, a confirmação da teoria de Malthus segundo a qual faltaria comida no mundo. A promessa de que a tecnologia produzirá alimento independentemente de terra tem tanto futuro quanto se mudar de planeta como se muda de apartamento. Mas a juventude prefere o mundo do pão e circo cujas figuras maiores são os “famosos” e as “celebridades”, marionetes que se acreditam realmente terem motivos para serem famosos e célebres apesar de não passarem de grandes imbecis que não sabem fazer um O com um copo. Desta forma, caso a burrice não a extermine antes, a humanidade será exterminada pela ação socialmente criminosa do ajuntamento de riqueza nas mãos de mentalidades arcaicas como as do agribiuzinesse que não obstante ser fabricador de cânceres é endeusado sob completa indiferença da juventude futucadora de telefone.

A humanidade é um contrassenso de cabo a rabo. O alvoroço em torno de reivindicação de educação para os filhos é uma estupidez do tamanho do mundo por não se cogitar do tipo de educação prestada e a que deve ser reivindicada. Educação é acumulação de conhecimentos adquiridos por meio de informações passadas de uma fonte para o educando. Acontece que se as informações não correspondem à realidade ter-se-á uma educação também dissonante da realidade e da qual resultarão comportamentos como os que orientam os seres humanos de forma tão equivocada que permitem a avaros ajuntadores de riqueza a destruição do ar, da água e do envenenamento dos alimentos. A coisa é simples como dois e dois: uma velharia com ranço de museu, viciada em ajuntar riqueza, assumiu o comando do mundo com mão de ferro e é quem determina como deve se comportar a humanidade de acordo com seus interesses que são diametralmente opostos aos interesses da sociedade humana. Tão opostos que embora obrigados a viverem em comunidade, os seres humanos vivem cada um por si competindo uns com os outros como se fossem inimigos em vez de companheiros. No que diz respeito à vida em sociedade, a educação resultante das informações provenientes desta velharia ultrapassada é contraditória com o bem-estar almejado por todo ser humano. Não obstante tão absurda realidade, a juventude, a maior prejudicada por tal tipo de educação, se reúne como faz no programa do Serginho Groisman para discutir sobre educação, quando, na verdade, está sendo tão deseducada que desconhece a contradição entre competição e vida comunitária, assunto que apesar da importância não merece ali uma palavra sequer. Desta deseducação social resulta o conformismo com a divisão dos seres humanos entre os que podem tudo e os que nada podem. A orientação da velharia de mentalidade medieval resultou na transformação da nobre arte da política em antro de aproveitadores tão pernósticos e convencidos de si que se autodenominam excelências, quando, na verdade, são parasitas que desfrutam de vida regalada custeada pelo trabalho da classe trabalhadora que produz o dinheiro com o qual fazem pose na revista Forbes. O fato de ser a população do mundo inteiro indiferente a tal situação é prova evidente de ser pior do que educação nenhuma uma educação baseada em informações falsas.

Como a estupidez humana é ilimitada, o mesmo que acontece com a educação também acontece com todas as demais coisas das quais depende a boa convivência social, como a questão da segurança. Aos jovens é dito que segurança depende de haver muitas cadeias e policiais que promovam a efetiva prisão de todos que cometem crimes, o que é um erro monumental. Só há segurança se não houver ocorrência de crimes. A má distribuição de renda é a causa principal dos crimes. Num dos livros ali na estante está dito que se perguntou a um sábio o que fazer para evitar os ladrões, ao que o sábio respondeu que a maneira mais eficiente de evitar ladrões é não ter o que lhes desperte a cobiça. Os crimes inevitáveis, decorrentes de disfunção da personalidade, são poucos em relação aos causados pela necessidade de atender necessidades. Portanto, corrigindo o desbaratamento da riqueza com o pão e circo e impedindo que párias sócias se apossem de montanhas de riqueza, a consequência será uma drástica redução da criminalidade.

Toda questão se resume no desconhecimento da existência de uma entidade que se chama sociedade ou vida coletiva que demanda tantos cuidados quanto a vida privada. Esta inobservância de vida coletiva pode ser observada nas coisas simples como o comportamento de um casal que chegou no momento em que o elevador abriu a porta e que indiferente à minha presença e mais duas pessoas que esperavam, embarcou como se não houvesse mais ninguém.

Merece muita reflexão o fato de ter o povo adotado o mesmo comportamento dos irracionais, principalmente a juventude. Há, na imprensa, ilustrando matéria jornalística, a figura de um burro cujo tapa-olhos são dois telefones celulares. Inté.






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