quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

ARENGA 596


Entre todos os assuntos relacionados com a desarrumação que dá origem à infelicidade em que vivem os seres humanos, a religiosidade é a que mais merece reflexão a respeito. Grandes pensadores concluíram ser ela um mal muito grande. Entretanto, apenas o gênio Nietzsche ao comparar a religiosidade à feiticeira Circe, que transformou seres humanos em porcos, portanto, seres irracionais, avisou à humanidade que a religião elimina nas pessoas a capacidade de raciocinar. Para isto é que serve o aviso de que os mistérios divinos devem ser acatados sem qualquer necessidade de reflexão, o que atrofia o raciocínio. Quando pessoas sabidamente inteligentes, ainda que descrentes, dizem respeitar a religiosidade das outras pessoas estão prestando um desserviço à humanidade porque não pode merecer respeito algo maléfico.

Está na imprensa sobre o assunto Porta dos Fundos que a cartunista Laerte afirmou não se dever fazer humor com assuntos relacionados à religiosidade. Entretanto, sendo considerada ser a bíblia a palavra de deus, seu conteúdo tem coisas hilariantes, como, por exemplo, Êxodo 21,2:  Se o boi chifrar um escravo ou uma escrava, o dono do animal terá de pagar trezentos e sessenta gramas de prata ao proprietário do escravo, e o boi deve ser apedrejado até a morte”. Além de condenar um boi a morrer sobre pedradas por obedecer ao instinto de chifrar que lhe foi atribuído pelo próprio deus que, apesar de ser de bondade infinita, segundo se afirma, fala sobre a escravidão com uma falta de cerimônia como nem mesmo fazem os economistas ao evitar falar de escravidão quando se referem ao emprego.

Embora intelectuais desperdicem bilhões de palavras para mostrar aos inocentes a farsa monumental que é a religiosidade, esta realidade salta aos olhos quando se observa ser maior a força da religião entre os menos esclarecidos, portanto, os mais facilmente vitimados por ludíbrios. Este fato facilmente observável, por si só deveria despertar para que a realidade de ser a figura de deus fruto da maldade humana em seu eterno objetivo de enganar as pessoas a fim de tirar delas alguma vantagem. Se já é notória a realidade de terem os políticos por objetivo a locupletação às custas do povo que lhes permite a opulência em que vivem, o mesmo não acontece quando se trata de religiosidade, embora a realidade seja a mesma porquanto seus chefes, do mesmo modo que os chefes políticos, têm sua opulência sabidamente custeada pelo povo porque é ele, o povo, e não deus quem fornece o dinheiro com o qual são construídos os templos monumentais onde se reúnem inutilmente pobres diabos mentais em busca de nada.

Faz-se extremamente necessário que as pessoas de discernimento lutem denodadamente contra a obscuridade em que vivem os seres humanos. Não deve haver trégua nesta luta sob pena de se sacrificar a juventude facilmente conduzida para os infortúnios por conta da ignorância que fomenta a avareza dos ajuntadores de riqueza cuja religiosidade é tão grande quanto a maldade de atrofiar o raciocínio da juventude. No blog Outras Palavras, matéria jornalística sobre a alienação dos jovens é ilustrada pela figura de um burro com um tapa-olho formado por dois telefones celulares. Inté.




Nenhum comentário:

Postar um comentário