quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

arenga 594


O intelectual Jessé de Souza afirma na página vinte do livro Subcidadania Brasileira, o seguinte: “O que separa o americano do brasileiro é que o primeiro legaliza a corrupção de modo profissional, deixando para os amadores do Brasil expedientes como esconder dinheiro ilegal na cueca. Outra distinção é que o americano não atenta contra a própria economia como faz a Lava Jato”.
O que será que se passa na cabeça dos intelectuais? Em seus “Best-Sellers” não há uma vírgula sequer sobre a necessidade de preocupação com a vida comunitária. No tocante à sociabilidade, isto é, no tocante a uma forma de se viver uma sociedade menos infeliz, os intelectuais são tão inúteis quando os políticos e os ministros do STF.
É sabido que todo governo, por mais desgraçado que seja, é defendido por intelectuais que em troca da despensa abastecida juram de pés juntos ser o melhor dos governos, não obstante o miserere nos corredores de hospitais, caso em que se configura a prostituição da consciência, isto é, opinião emitida a troco de pagamento. Outros intelectuais, mesmo aqueles cuja hombridade não permite vender seus conhecimentos, apesar de escreverem sobre


os mais diversos assuntos, não mostram qualquer preocupação quanto a deterioração da qualidade da vida social causada pela concentração nas mãos de alguns gatos pingados da riqueza que a classe trabalhadora produz a duras penas.

É contra todos os princípios sociais uma cultura que permite a viciados em riqueza açambarcar para si sós quantidade de riqueza suficiente para atender às necessidades de milhões de pessoas condenadas à miserabilidade. Por isto é que não se pode admitir que pessoas intelectualmente ilustres sejam indiferentes à tal situação. O texto citado em negrito, de autoria do intelectualíssimo Jessé de Souza, é exemplar sobre a indiferença dos intelectuais quanto à necessidade de lutar por uma sociedade sem tamanha e brutal exclusão social. Todo aquele que adquiriu discernimento suficiente para elevá-lo acima da vala comum habitada por frequentadores de igreja, axé, futebola, “famosos” e “celebridades”, ou seja, o ambiente dos engabelados pelo pão e circo, incapazes de vislumbrar a realidade de que a vida conduz a uma velhice que apesar de demandar remédios e cuidados, em vez disso, reserva para estes mendigos espirituais corredores de hospitais onde lamentar as consequências funestas da indiferença quanto a vida comunitária. Em seu mundinho particular de intelectuais, o intelectual em questão parece desconhecer que nem todos nos encontramos na vala comum dos incapazes de raciocinar, no que se engana redondamente. A separação que aquele escritor procura fazer entre brasileiro e americano reflete o mesmo babaovismo pelas coisas do estrangeiro tão comum no brasileiro e que denuncia comodismo com a situação de colonizado. Em seguida, afirma terem os americanos legalizado a corrupção, o que é uma grande mentira porque sendo a corrupção um crime de lesa pátria, teria tal crime deixado de ser crime se foi legalizado? Se assim for, os americanos são mais safados e estúpidos do que os brasileiros porque aqui, embora se tente evitar a prisão dos corruptos a corrupção continua sendo crime. Por último, afirma o intelectual deslumbrado pelas coisas do estrangeiro, que a Operação Lava Jato é um atentado contra a economia. Ora, senhor intelectual, esta é a mesma “prosa” da gatunagem que surrupiam o erário. Se impor honestidade no trato da coisa pública prejudica a economia é por haver algo de muito errado com esta tal de economia. Quanto a isto, aliás, o fato de estar noventa e nove por cento da riqueza do mundo em mãos de apenas um por cento da população não deixa dúvida de haver realmente algo de muitíssimo errado com a economia.  Inté.











 












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