sábado, 16 de maio de 2020

ARENGA 608


A indiferença e mesmo a contribuição para a péssima qualidade de vida à qual a humanidade se acostumou tanto que nem sabe viver mal é manifesta falta de discernimento resultante da imaturidade que não só leva os seres humanos a buscar em deus conforto para seus sofrimentos, mas também se comportar feito bobos chorando e lamentando em incessantes reclamações sobre coisas erradas, quando, na verdade, absolutamente tudo está errado. Note-se, por exemplo, a inconsequência monumental que é colocar a responsabilidade pela tarefa de fazer com que as coisas estejam certas nas mãos de autoridades interessadas justamente em que nada esteja certo. Quaisquer reclamadores chorões que estivessem no bem-bom que em se encontram as autoridades nada teriam a reclamar e nada haveriam de querer mudar. A busca pela comodidade é própria de qualquer ser vivente, e as autoridades estão absolutamente certas de estarem completamente bem estando completamente erradas. Como é a certeza que manda, principalmente quando se conta com a indiferença dos prejudicados, não há motivo para virem as autoridades a abrir mão de uma situação que têm certeza de lhes ser confortavelmente cômoda. Cabe, pois, aos hospedeiros das autoridades parasitárias em vez de choramingar ou se conformar com a esperança de uma vida no além semelhante à vida das autoridades aqui na Terra, buscar e secar com o balde da inteligência o poço onde são germinadas as coisas erradas.

Pode-se começar a luta insurgindo contra a indiferença com que pessoas intelectualmente ilustres e bem preparadas passam indiferentes ao largo do assunto do qual depende o bem-estar social, igualando-se muitas delas aos desprovidos de conhecimentos que estão certos de que só deus resolve as coisas, comportamento inaceitável quando se conhece a história das religiões. Portanto, faz-se necessário esmiuçar o que leva um intelectual a ser religioso porquanto não podem desconhecer tratar-se de monumental embuste. Um mínimo de inteligência basta para perceber que a impossibilidade de satisfazer as necessidades é o grande erro a ser corrigido pela política e não por deus porquanto morrerá tísico quem para matar a fome depender de chuva de codornas assadas ou multiplicação de pães. (Como pode alguém acreditar que choveu codornas assadas?). Assim é que om a riqueza que possibilitaria satisfazer as necessidades coletivas aprisionada por monstros de cuja boca escorre baba de dragão, conhecidos como Reis Midas do mundo, encabeçados por grandes empresários liderados por banqueiros, fica fora do alcance qualquer perspectiva de comodidade.

Ante coisa tão simples, a intelectualidade do mundo limita-se a referências sobre coisas erradas. Veja-se, por exemplo, o intelectualíssimo Joseph E. Stiglitz ao afirmar em O Mundo Em Queda Livre que o capitalismo não pode funcionar se as recompensas privadas não tiverem relação com ganhos sociais. É claro que está errado qualquer um sistema econômico cujos ganhos não sejam revestidos em benefício da coletividade. Incorre o autor em tamanha redundância sabendo melhor que ninguém nunca ter tido o capitalismo ganhos sociais por objetivo. Ao contrário, pode o capitalismo ser comparado a uma gigantesca pá carregadeira enchendo gigantescas caçambas de dinheiro que os pobres produziram com seu trabalho para ser descarregado nas caixas fortes do ricos donos do mundo, o que configura exatamente o contrário de ganhos sociais, realidade do conhecimento do doutor Stiglitz poque mais adiante no mesmo livro ele se refere nas páginas 176 e 177 sobre a crise imobiliária americana quando então o governo injetou bilhões de dólares para salvar os bancos tidos pelo capitalismo como de utilidade pública por fazer o dinheiro circular onde ele seja necessário, o que, na verdade, é mais um embuste para se juntar aos muitos outros por meio dos quais se exerce a função antissocial de favorecer o parasitário sistema financeiro onde só há ganhos para os ricos. É de pleno conhecimento do citado autor que o sistema financeiro pratica crime contra a sociedade porque afirma no começo da página 177 terem os banqueiros recebido bilhões de dólares em vez de pagarem pelos seus erros.

Como se vê, a desorganização do mundo provém de uma organização adredemente engendrada para ser socialmente desorganizada, fato visível na realidade de sobressaírem socialmente pessoas vulgares e de nenhuma nobreza de atitude em detrimento das legítimas celebridades.

Há desinteresse em se conectar à realidade ou interesse e manter a desconexão em que se vive e aqui está exemplo ilustrativo desta realidade: na página 30 do livro Os Erros Fatais do Socialismo, do intelectualíssimo F. A. Hayek, (Nobel de Economia), como é próprio de quem se envergonha de algo que tem de dizer por força da necessidade de omitir a verdade, por meio de uma enrolação denominada O HOMEM NATURAL NÃO SE ENCAIXA NA ORDEM AMPLIADA afirma não se poder esperar que o homem natural se sinta bem sendo privado de seus mais fortes instintos. Toda esta baboseira para dizer o indizível de ser inadequado o socialismo. Mas como inadequado uma ideologia que visa fazer com que a riqueza pública sirva indistintamente a todos os membros da sociedade em vez de servir apenas a alguns deixando os outros ao léu? Se a igualdade absoluta é inadequada e deve mesmo ser muito chata, jamais terão bons resultados procedimentos dos quais resultem alguns possuíram para o desperdício enquanto outros passam necessidades das mínimas coisas. Na mesma linha de inconsequências continua o Nobel de Economia afirmando não ser aceitável que o homem natural abra mão dos mais fortes instintos. Ora, senhor Nobel de Economia, o homem natural tende necessariamente a ser substituído pelo homem social, exigência da qual não pode abrir mão uma sociedade civilizada. O homem puramente natural só é aceitável em sociedade bárbara como ainda é a sociedade humana. A repressão dos instintos primitivos visa resguardar a incolumidade das pessoas que vivem em meio a outras pessoas. O instinto sexual, por exemplo, em ser puramente primitivo sou natural, se não reprimido leva inevitavelmente ao estupro. A vida social não pode admitir a prevalência da força bruta como acontece entre as feras. Portanto, doutor Nobel de Economia, não adianta querer esconder o sol com a peneira porque a civilização demora, mas chegará caso a barbárie não destrua antes a humanidade.

Coroando o leque de distorções com as quais se procura preservar as coisas erradas, na mesma página 30 o Nobel de Economia diz ser falsa a afirmação de ser a cooperação melhor do que a competição, ideia falsa, mentira deslavada a título de que não se sabe. Tal aberração lembra quando o papagaio de microfone da rede Record comentava um crime bárbaro e terminava dizendo que o homem sem deus é capaz de tudo. Tal afirmação, embora falsa porque sou um homem sem deus e incapaz de cometer crime de qualquer espécie, para a turba mentalmente esfarrapada tal estupidez é motivo para altas reflexões. Assim é levada a vida, de falsidade em falsidade, ao gosto de cretinos interessados em que nada esteja certo. Cabe, portanto, promover com inteligência a reviravolta de transformar em seres pensantes a turba robotizada de futucadores de telefone, frequentadores de igreja, axé e futebola a fim de trazê-la à realidade, apressando  o trabalho que a evolução vem fazendo com a lentidão com que a corrente de água rói a pedra que lhe constitui obstáculo e que poderia ser simplesmente retirada do lugar. Inté.  


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