Este nosso belo país de triste sorte
é mesmo singular. A estupidez de seu povo supera de longe a estupidez que
caracteriza a humanidade a ponto de torná-la incapaz de enxergar além da ponta
do nariz. Veja-se, por exemplo, a exorbitância da estupidez que caracteriza a
sociedade dos americanos tanto por uma injustificada presunção de superioridade
quanto pela incapacidade de aprender com a lição do horror do onze de setembro cuja
selvageria não foi capaz de ensiná-la ser impossível praticar violência sem se
tornar vítima de violência. Povo algum escapa da estupidez. Aí estão povos mais
antigos cuja experiência secular já lhes devia ter agraciado com algum
entendimento sobre a vida, continuando, não obstante esta experiência, na
vidinha medíocre de escravos sorridentes de parasitas políticos e religiosos
que lhes exploram com seu consentimento tanto quanto são explorados os povos
por eles considerados inferiores.
A diferença entre a estupidez de um
povo tido como civilizado e a estupidez de um povo ainda colonizado restringe-se
ao fato de que para os “civilizados” a Casa Grande distribui mais migalhas do
que distribui a Casa Grande dos povos ainda colonizados, e além disso também disfarça
o jugo da espada canônica que ajuda a política a manter a Senzala sossegada. Entre
os colonizados a espada canônica atua tão abertamente que seus esgrimidores
ocupam altos postos na administração pública do mesmo modo como era na Idade
Média. – A expressão ESPADA CANÔNICA foi cunhada por Machado de Assis em Iaiá
Garcia para aludir à ajuda que a religião presta à política na tarefa satânica
de alienar a massa bruta de povo fazendo com que ela busque em deus o bem-estar
que depende da correta aplicação do erário –. Feita a ressalva e voltando ao
nosso assunto temos que em contraprestação à ajuda da espada canônica a
política isenta de impostos as imensas fortunas que as igrejas e os doadores de
campanha eleitoral arrancam dos incautos, e estes, sorridentes, arcam com mais
este peso no seu lombo de burro de carroça.
Tamanha demonstração de estupidez
exige de quem superou a fase tristonha/alegre
de povo nunca esmorecer da tentativa de levar algum esclarecimento a estes
pobres esfarrapados mentais, incapazes de perceber que uma qualidade melhor de
vida está em suas próprias mãos e não nas mãos de nenhuma espécie de líder
porque não existe no mundo alguém capaz de pôr acima dos seus os interesses de outra
pessoa. Só depois de desbastada a estupidez será possível ficar evidente a
falsidade do discurso da liderança na qual se deposita esperança uma vez que o
mundo piora a cada dia. Fazem papel de bobo entusiastas esperançosos em algo de
bom vindo de falsos líderes. Estão enganados quanto à realidade da vida.
Daí ser impropriedade falar em povo
civilizado em parte alguma do mundo porque povo algum cogita da necessidade de
se descobrir uma forma inteligente que exclua a violência e seja capaz de
livrá-lo da liderança dos falsos líderes
que retribuem com promessas vãs o bem-bom de uma vida isenta das dificuldades
de seus liderados. Este será o tipo de vida a ser vivida enquanto às crianças for
ensinado não haver motivo para que se busque outro tipo de vida. Daí a
necessidade de haver empenho num esforço sem trégua no sentido de despertar na
massa bruta de povo a necessidade de desenvolver a capacidade de raciocinar
sugerida pelo Grande Mestre do Saber Paulo Freire, para o bem das futuras
gerações que, para o bem da humanidade, espera-se, não venham a também se
tornarem inúteis futucadores de telefone incapazes de um único gesto
inteligente. Inté.
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