sábado, 5 de dezembro de 2020

ARENGA 474

             

              Considerando ser a juventude a força motriz do mundo, os jovens não devem desprezar a atividade de meditar sobre temas filosóficos porque a falta disso dá origem ao analfabetismo político que impede entender o motivo pelo qual os currículos escolares se limitam ao lado puramente material da vida. Não obstante deverem os jovens se preocupar com a segurança da manutenção, principalmente pela certeza de virem a ter dependentes, razão pela qual não podem descuidar da profissionalização, nem por isso devem ser indiferentes à atividade meditativa ou filosófica. Só assim poderão se tornar convictos da necessidade de contribuir em vez de parasitar sua sociedade como faz quem vive na ilusão de conquistar bem-estar por meio de riqueza pessoal. Obrigados a viver em sociedade, e se na sociedade ou todos estão bem ou ninguém estará bem, não é racional fazer opção pelo não estar bem como fazem os adeptos da insustentável cultura capitalista geradora de pobreza, miséria e violência.

Sendo a filosofia nada mais do que o exercício da atividade de pensar, evidente não se poder abrir mão dela sob pena de se igualar ao irracional. Veja-se a precisão deste pensamento filosófico do clérigo Jean-François Paul de Gondi, Cardeal de Retz: Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito. Aí está encerrada uma questão indiscutivelmente irretocável. É por terem perdido a vergonha que nossas autoridades não merecem respeito de quem merece respeito.

Tendo sido o ser humano dotado pela natureza da faculdade de poder pensar, por que não fazer uso deste presente se usando-o podemos nos elevar além do mundo das feras onde, por falta do seu uso, teimamos em permanecer ao nos limitarmos a trabalhar, comer, cagar e trepar? O comportamento de quem retribui com ninharia a vitalidade de quem mal pode comer e dormir além de privar-se do convívio familiar a fim de atender ao apito insistente do emprego em nada difere da perseguição insana dos animais que têm presas e garras contra os animais despossuídos destes instrumentos.

São tantas as coisas que precisam ser endireitadas face ao estado calamitoso em que vivem os seres humanos que se tornaram enjoativas as referências às coisas erradas que precisam ser concertadas. Se aqueles que têm o poder de fazê-las as fazem justamente para serem erradas, dentro de tal ambiente jamais deixarão de ser erradas. Daí que só um novo panorama social substituindo o atual pode trazer a sociedade desejada por quem almeja viver civilizadamente, isto é, diferente da vida grotesca e fútil de povo.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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