sexta-feira, 15 de abril de 2022

ARENGA 651

 

Por nobreza de espírito, pela preocupação com o futuro de uma juventude tão facilmente manipulável pela inexperiência, pela inconformação com as injustiças da justiça, seja lá qual for a razão, o certo é que desde sempre houve pensadores que percebendo ser a maioria absoluta dos sofrimentos humanos causados pelos próprios seres humanos, dedicaram-se à sublime tarefa à qual também se dedicou Cristo, de fazer ver à humanidade procedimentos que se adotados evitariam a maioria dos tormentos que não obstante desnecessários motivam tanta infelicidade à qual se submetem de bom grado estes seres eternamente sofridos e enganados por inescrupulosos aproveitadores que deles se utilizam impiedosamente como ponte para uma vida isenta de necessidades. Nem poderiam mesmo os seres humanos serem capazes de procedimentos baseados em espiritualidade elevada se apenas há pouco tempo de sua existência viviam no topo das árvores em matas virgens, tendo frutos muitos dos quais venenosos e insetos por alimento. De tal mentalidade só se pode mesmo esperar guerras, fome, peste, debilidade mental da juventude,  administração pública corrupta, excesso de riqueza ao lado de excesso de pobreza, aproveitadores vis se locupletando com a vitalidade de quem precisa vender a força/trabalho para sobreviver, instituições governamentais transformadas em antro de banditismo, legalização do crime, tamanha deterioração mental que em vez de evoluir, a política  regrediu à teocracia medieval, vulgaridade e maus costumes superando atitudes nobres e bons costumes,   pessoas de mentalidade das mais medíocres sendo notícia constante na imprensa como celebridades. Estas são apenas pequena amostra das distorções que encontram defesa em consciências prostituídas a soldo de adeptos da desordem para os quais esta seria a melhor forma de vida não obstante a realidade de ser incontestavelmente intolerável para quem superou a mentalmente reles, medíocre e obscura daqueles que por serem impedidos de aprender a realidade da vida se veem presos à condição de massa bruta de povo. A realidade da vida não se aprende em escolas porque as escolas têm por objetivo escondê-la e ensinar irrealidades. Daí doutores com a mesma mentalidade de analfabetos em assuntos pertinentes à atividade de viver. No tocante a crendices, por exemplo, a única diferença entre doutores e analfabetos é que doutores não escrevem em seus carrões FOI DEUS QUE MIM DEU. 

Nesse ponto cabe refletir sobre o motivo pelo qual os chamamentos à verdade não surtem efeito, ao contrário do que acontece com os chamamentos à falsidade que têm tanto êxito a ponto de serem recebidos de braços abertos a repugnância às ideias de cooperação defendidas pelos socialistas e, inversamente, a simpatia com que de braços ainda mais abertos do que os do Cristo do Corcovado são recebidas as ideias de competição defendidas pelos adeptos da privatização que resulta em locupletação por parasitas que enriquecem vendendo bens adquiridos com dinheiro da coletividade. O fato de andar a humanidade sempre sempre na contramão encontra explicação nos seguintes raciocínios:

1 – As primeiras reflexões entraram na mente humana quando a humanidade ainda estava nos cueiros e desconhecia a ideia de sociedade.

2 – Conforme mestre Platão, o comportamento do adulto depende do que ele aprendeu em criança.

3 – Se, em criança, a humanidade aprendeu falsidades como dependência de divindades e de liderança exercida por outros seres humanos que também aprenderam as mesmas falsidades e que por isso também desconheciam a realidade de que a dependência devia ser de solidariedade, cooperação, paz e tranquilidade, e que para isto as próprias pessoas em lugar de um deus inexistente é que devem buscar por si mesmas. Para tanto basta saber não ser correto do ponto de vista da harmonia social ter mais que o necessário para se viver com dignidade, evitando ser indiferentes à necessidade dos demais. A vida em sociedade requer contenção dos desejos sexuais, vingança ou quaisquer outros que fossem contrários à paz entre os membros da sociedade. Sem observação de tais princípios não há de se esperar outro tipo de sociedade senão este pandemônio considerado sociedade humana.  

Temos, pois, que sendo o comportamento determinado pelas convicções, e que as convicções são determinadas pelas crenças, e que as crenças uma vez estratificadas na mente tornam-se tão difíceis de serem removidas quanto as rochas, como nos ensinam grandes mestres do saber, tendo sido a crença dos seres humanos, como vimos, fundamentada no aprendizado de falsidades, têm, necessariamente tais seres de ter falsidades enraizadas na personalidade, do que resulta comportamentos incompatíveis com racionalidade.

Daí que os seres humanos aceitam mentiras e rejeitam verdades. Além da dificuldade em erradicar das mentes as falsidades aprendidas em criança, e de haver empenho deliberado em ensinar mentiras e evitar que sejam ensinadas verdades, de tal procedimento resultam crenças como a existência de deus e de não se dever especular sobre seus mistérios, apequenando o raciocínio de tal forma que se acredita haver vantagem em se conformar com os infortúnios em vez de especular sobre como evitá-los.

A realidade é haver um trabalho que a custo de ouro fomenta a aceitação do que deve ser rejeitado e rejeita o que deve ser aceitado. De outra forma seria impossível que seres capazes de raciocinar aceitassem haver pobreza no mundo se há recursos suficientes para que tal não acontecesse. Um exemplo: aqui ao lado, o livro A Lei, do economista e filósofo francês Frédéric Bastiat, afirmando o seguinte na página 24: “Provém a nós, de Deus, o dom que inclui todos os outros...”.  Não existindo nenhum deus, como mostra a razão, tal afirmação significa haver farta quantidade de anos luz a separar a humanidade da capacidade de raciocinar e tirar conclusões próprias. Daí a facilidade com que artimanhas têm conseguido sucesso em assegurar a manutenção  do parasitismo e em fazer com que a humanidade finque pé na incapacidade de formar sociedade baseada em verdades e de entender que em vez de deus e riqueza os bens dos quais depende a vida, na realidade, se encontram tão distantes disso que esta crença está levando o mundo à falência dos recursos naturais dos quais depende a existência, sob indiferença total e universal.

 Vivendo os seres humanos nas mesmas condições das feras, disputando território entre si, fica evidente estar sendo inútil o empenho no sentido de elevar a mentalidade destes seres brutos e tão desprovidos de discernimento que o rendimento do seu trabalho é desbaratado debaixo do seu nariz por líderes do pé de barro de forma tão escandalosamente depravada que a riqueza feita pelo trabalho dos liderados está sendo usada até para pagar processo cirúrgico de endurecimento da rola de militares na sociedade brasileira que em estupidez não é diferente das demais sociedades do mundo se também lá líderes de pés de barro parasitam seus liderados e empregam em material de destruição e em benefício próprio a riqueza produzida por aqueles que esperam contar com uma administração correta dos recursos que produzem. Patrocinar endurecimento de rolas dá a entender que a exuberância do homossexualismo e a depravação dos costumes em nossa sociedade está levando o povo a fazer questão de rolas duras. Tendo a depravação sido transformada em motivo de fama e celebridade, torna-se difícil, mas não impossível influenciar os seres humanos a exemplo do que se faz com irracionais, civilizar seu comportamento e se chegar à civilização, desde que haja eficiente trabalho voltado para despertar a juventude do torpor imbecilizante em que foi envolvida.   

Talvez seja ridículo este cantinho de pensar se arvorar a desmistificar a questão da persistência humana em comportamentos irracionais, achando-se capaz de entender assunto que parece escapar a mestres do saber. Mas ninguém tira da cabeça desse cantinho que a incapacidade humana de aprender boas maneiras está na questão levantada pelo mestre Rousseau de não se poder ser claro com quem é desatento. É, pois, na desatenção, na não observação de encontrar em perigo, onde está o Nó Górdio da dificuldade de aparar as arestas da brutalidade humana. Se qualquer pessoa, por mais estúpida que seja, tendo consciência de estar sob ameaça terá sua atenção totalmente tomada pela prioridade de assumir providências de autoproteção tanto mais enérgicas quanto maior for a amaça, o povo, entretanto, tendo sua atenção aprisionada no pão e circo, embora ameaçado de se tornar tão insalubre o ambiente em que vive a ponto de impossibilitar sua sobrevivência a exemplo do acontecido com os dinossauros,  a falta de atenção para com esta realidade explica as pipocações de foguetórios, requebramento de quadris nas variadíssimas modalidades de axé, alvoroço de campeonatos esportivos, e quando incomodados, buscam conforto em orações.

Vai daí que os alertas de perigo a um povo desatento não produzirão mudança de comportamento sem torná-lo consciente de estar em perigo, o que só poderá ser feito despertando-o do enfeitiçamento do pão e circo que segurando a mentalidade na infância faz adulto se engalfinhar porque a bola passou pelo goleiro, faz adulto pensar que não lhe diz respeito se o político rouba porque não estará roubando nada seu, faz rico sonegar impostos, faz pais estimular inocentes crianças à religiosidade, a ver celebridades onde só há imbecilidade, participar de concurso de beleza ou esconder dos filhos o assunto sexualidade que um dia despertará inevitavelmente. Tudo isso dá prova de desatenção ao resultado desastroso de tais comportamentos incutidos pela anticultura do farinha pouca meu pirão primeiro da qual resultam ouvidos de mercador e eternização da falsa realidade de nada haver a se opor, nenhum problema a ser resolvido, embora a cada dia a imprensa mostra coisas socialmente tão perigosas como trilionários esnobando a cara de bilhões de esfarrapados, exuberância da corrupção e autoridades totalmente desacreditadas, situação que já resultou em revoluções como a Francesa e Russa.

 

Um comentário:

  1. Entendo perfeitamente o que o autor deste texto demonstra com as suas palavras, a temeridade do fim da sociedade mundial. As pessoas que deveriam estar mudando está velha concepção de pensar, ou seja, pensar nos próprios umbigos, poderiam seguir os ensinamentos dos verdadeiros líderes e ter como foco o bem estar daqueles que hoje não têm uma vida digna.
    Milhares de seres humanos não se alimentam, estão sem abrigo, sofrem sem nenhuma possibilidade de adquirir conhecimentos, consequentemente, o mundo não tem harmonia e como resultado os humanos poderão destruir o planeta.

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