Nem todo
mundo no mundo se enquadra na classificação de enchedor de latrina. Observando
a vida e comparando o que se ouve com o que se vê, algumas pessoas aprenderam
na mais eficiente de todas as escolas, a escola da vida, muito mais do que o ensinamento
ministrado nas escolas do sistema deseducacional de formar imbecis capazes do bafafá
que faz a imprensa em torno da biografia de Mick Jagger, inclusive em que
circunstâncias ocorriam as trepadas que ele dava com uma garota brasileira,
também do mundo iletrado das “celebridades” e da pornografia do mundo do
“fashion”. Não há limite para a estupidez humana. Está aí na imprensa uma
destas “autoridades” propondo que o governo patrocine viagens para eventos
religiosos, o que é demonstração do desprezo que essa espécie de “autoridade”
tem pelo povo quando expõe sua intenção, não se sabe a troco de quê, de ajudar
a arrecadação da igreja angariando mais pagadores de dízimo, não obstante expor
em perigo a integridade física dos idiotas que enchem as estradas em busca de
proteção divina e ficam espichados no asfalto. A raça humana, como criança, é
só insensatez. Adultos apaixonados pelos requebros corporais do senhor Mick
Jagger e suas trepadas demonstram completa imaturidade mental, não passando de tremenda
imbecilidade sua indiferença ante a possibilidade de desabastecimento coletivo
de comida e água. É mais importante para estas mentes deformadas as trepadas de
Mr. Jagger. Para haver sensatez no mundo
é preciso que se esvaziem as escolas que ensinam a desunião e o excessivo apego
à materialidade. Esvaziar também as igrejas que ensinam a mentira, e, do mesmo
modo, esvaziar as festas depois de certa maturidade intelectual e declínio do
vigor físico e correspondente aumento do vigor mental. Nada proveniente destas
reuniões presta para coisa alguma, e a falta de senso observada por todo canto é
a evidência desta inutilidade das reuniões nas escolas, igrejas e nas festas e celebrações
a “famosos” e “celebridades”. Muito mais vantajoso em termos de atitudes positivas
para o bem-estar geral seria trocar o assunto destas reuniões por uma iniciação
à atividade de pensar. Reunirem-se para meditar. No momento em que o assunto deixar
de ter por preferência as “celebridades” e os “famosos” e passar a ser a
situação de desconforto que já começou a acontecer para um futuro cada vez mais
perto e ameaçador, aí, com a maior das certezas, haveriam de sair soluções para
as várias enfermidades que afetam a humanidade, principalmente as mentais, de
onde brota a insensatez da autodestruição. Mas enquanto se aprende não haver
necessidade de pensar, bastando apenas obedecer, o que é um aprendizado às
avessas, comportamento de extrema burrice só equiparável ao comportamento do
burro de carroça que apenas vai, sem necessidade de saber para onde vai. Enquanto
as mentalidades se formarem com base no que é ensinado às crianças, os ainda
brutos seres humanos estarão se engalfinhando nas desavenças e na matança das
guerras para as quais não há mais justificativa porquanto todos pensam não
haver mais motivo para preocupação com a fome, como acontecia no tempo em que
só se comia quando se encontrava o que comer. Estando todos absolutamente
certos da garantia de segurança alimentar, contando, inclusive, com o reforço
da possibilidade de uma chuva de codornas assadas e muito saborosas ainda que
sujas de areia, não deve haver mais motivo para atacar outro ser humano.
A única
coisa que falta para que a humanidade viva melhor é que cada um dos seres
humanos desperte para a necessidade de se conhecer a si mesmo a fim de saber o
quanto seu procedimento independe de sua vontade. Nota-se tremenda contradição
entre o fato de ser a vida o bem mais precioso, como todos dizem, mas, ao mesmo
tempo em que assim se pensa, a mortandade pelo ferro e pelo fogo tem sido a
nota dominante no comportamento humano desde sempre. Esta contradição não deixa
dúvida de que as pessoas certas de ser a vida o bem mais precioso não estão
agindo por sua própria vontade matando-se mutuamente porque ninguém se desfaz
espontaneamente do bem mais precioso de que dispõe. A loucura se torna ainda
maior quando mata e morre por se acreditar que isto agrada a um Deus que se
acredita e afirma de pé junto ser de uma bondade infinita. O comportamento
resultante do que se aprende é de completos idiotas. Os poucos iluminados que
alcançaram o privilégio de conhecer como funciona a vida em sociedade devem
fazer algum tipo de esforço para mostrar a esta juventude de bosta que ela está
totalmente sem rumo e vai acabar dentro de um tremendo buracão porque é o que
acontece sempre com quem anda a esmo. Uma vez que se é obrigado a viajar pelos
caminhos da vida, que se escolha o melhor deles para viajar. A escolha do
melhor caminho, entretanto, como toda escolha implica em exercícios mentais, maiores
especulações são indispensáveis a fim de que se chegue a conclusões
presumivelmente acertadas no sentido de se formar uma coletividade na qual se
desfrute de bem-estar. Todas as tentativas já feitas nesse sentido falharam exatamente
por não terem tido examinadas cuidadosamente as consequências da ação levada a
efeito para a mudança. Mudança feita na base da violência não leva a lugar
algum. A violência é o inverso da sensatez e da sabedoria, e própria dos
irracionais. Como a mente esclerosada da velharia que comanda o mundo o faz
ainda na base da violência desnecessária das guerras de saque, seu embotamento
não permite a percepção da necessidade de novos comportamentos, razão pela qual
carece uma juventude capaz de perceber estar o mundo sendo dirigido de modo
completamente errado como se pode ver pelo fato de ainda existirem reis e
rainhas de verdade, além dos “reis” das brincadeiras, tão inúteis e bobos
quanto os primeiros.
Estando defasado o sistema de organização
social, faz-se extremamente necessário que as pessoas que conseguiram superar a
miopia que não deixa ver ser absurdo resumir a vida às bobagens que prendem a
atenção dos jovens cuja mentalidade pequena os faz pensar haver importância no seu
mundo fútil de exagerado apelo à sensualidade e à burrice, mundo no qual as
personalidades mais importantes são as “celebridades” e os “famosos” cujos
assuntos preferidos giram em torno de quem usa ou não usa cueca e calcinha. Do
descaso da juventude quanto às coisas sérias das quais depende a qualidade do
futuro resultarão grandes sofrimentos para as futuras gerações. Enquanto a
juventude for composta de bois, vacas e bezerros, os assuntos relevantes serão
preteridos por futilidades e muita ignorância.
O esforço
para alertar a juventude de bosta quanto ao rumo perigoso que segue não deve ser
encarado como ato de bondade, mas sim de cumprimento do dever de avisar ao
inocente em perigo que ele está correndo perigo. Desta obrigação não foge aquele
que aprendeu como é que funciona a vida coletiva. A percepção pela intuição e
observação requer alguma finura mental. Como manada não pode atender a tal
requisito, só quem lê os Grandes Mestres do Saber estão absolutamente certos em
cultivar a harmonia não só com a natureza, mas também entre os componentes da
coletividade por ser completamente impossível pessoas que se odeiam viverem
juntas sem que o resultado seja um ambiente impróprio para quem busca algum
refinamento espiritual, coisa que os bichos em forma de gente nem sabem o que
é, mas que todos deveriam buscar. A realidade que passa despercebida à manada é
que o asfalto e o concreto não são saudáveis e nem tão bonitos quanto a
paisagem bucólica com rios nos quais se possa entrar sem medo. Mas como os jovens
não sabem disso é preciso ensinar-lhes pelo motivo de estar a infelicidade
tendo espaço maior do que a tranquilidade pela qual todos correm atrás,
situação indicativa de algo tão errado quanto está errado plantar árvores ao
lado das casas e estender a fiação elétrica sobre as cabeças de quem anda pelas
ruas. É tão insensato o comportamento humano que a qualidade da água e dos
alimentos resultará uma velhice mais infeliz do que ela tem necessariamente de
ser. Da inimizade com a leitura de bons livros nasce o impedimento da evolução
espiritual, única forma de superar a ignorância monumental em que se encontram
os jovens. Do mesmo modo, a falta de curiosidade para observar se o que se ouve
é condizente com a realidade leva a comportamentos irracionais como conversar
com estátua e transformar lembrança de defunto em santo. Enfim, só o que pode
corrigir tanta brutalidade, insensatez, burrice e ignorância, é cultivar a
extraordinária qualidade de pensar, magnífico instrumento para orientar o
caminho certo com que a natureza nos distinguiu dos irracionais. A arte de
pensar ou meditar, segundo o historiador Geoffrey Blainey, se não me engano,
desenvolveu-se entre os gregos em função da topografia sisuda da Grécia com
seus acidentes geográficos que de certa forma induzem à meditação,
circunstância que teria sido o motivo pelo qual os gregos foram levados a se
tornarem os maiores pensadores da história humana. Havia por lá uns caras
chamados sofistas que ganhavam dinheiro ensinando a pensar. Tem pelaí um livro
chamado O Mundo de Sofia que é um livro danado de bom para também ensinar a
pensar, o que significa que com quarenta e alguns reais um montão de gente pode
ser iniciado nas viagens do pensamento das quais resulta o desenvolvimento da
inteligência que leva à sabedoria que faz concluir pela desvantagem de viver
apenas no mundo ilusório de correr atrás de riqueza material e pessoal em vez
de se buscar uma riqueza espiritual e coletiva necessária ao enfrentamento da
vida quando encerrar a lida e chegar à conclusão de que as coisas são
completamente diferentes das imaginadas, o que só ocorrerá quando não se
aguentar mais ficar em pé direito e andar arrastando os pés limpando o passeio
como se fosse gari.
Comentar um
pequeno trecho do livro citado é um exercício mental que vale a pena uma vez se
tratando de exercitar o pensamento. A leitura do final da página 99 e começo da
seguinte dá excelente explicação sobre um assunto muito em voga no tempo dos
sofistas, assunto de que também se ocuparam Sócrates e Platão, e que é aquele
negócio aparentemente esquisito a que eles se referiam como “aquilo que é
eterno e imutável” e “aquilo que flui”. O trecho a que me refiro do livro O
Mundo de Sofia esclarece esse negócio com a figura de um cavalo, o que me levou
à lembrança do meu cavalo lá dos tempos em que eu era vaqueiro na fazenda do
meu pai e tinha um cavalo chamado Roxoforte que foi meu companheiro por muitos
anos e do qual tenho grata lembrança. Pois, o Roxoforte que se encontrava
arreado e à minha espera para irmos campear é a coisa que flui referida pelos
filósofos. Quer dizer, que vira bufa, desaparece, envelhece e morre como morreu
meu Roxoforte de agradáveis cavalgadas e algumas estripulias como roubar
melancia de madrugada nas vizinhanças onde houvesse o fruto. A esta altura,
Roxoforte estará na mesma situação em que logo estarei e em que todos estarão:
apenas a caveira. Mas a figura de um cavalo que vem à mente ao se ouvir a
palavra “cavalo” é eterna e imutável. No caso do meu cavalo Roxoforte, o que eu
montava virou bufa, desapareceu, escafedeu-se para sempre. Mas sua figura
continua viva na minha lembrança. Embora esta lembrança não possa ser eterna
porque existe apenas enquanto eu existir, mas a lembrança da figura simpática de
um cavalo estará eternamente configurada na mente de quem quer que ouça a
palavra “cavalo”, e seria uma coisa eterna e imutável. Para quem a vida se
resume em comer e encher latrinas, a atividade de pensar em outra coisa que não
comer e cagar é pura bobagem. Entretanto, sem tais exercícios mentais, o que
sobra é um aglomerados de cagões que nem se mancam de se considerarem
civilizados, posição tão longe de ser alcançada por eles que o vaticano ainda
usa o método primitivo de se comunicar por sinais de fumaça com a massa de
ignorantes que se ajunta na Praça de São Pedro para ler a mensagem saída de uma
chaminé anunciando a transformação de um comedor de macarrão em santo padre.
Também apropriado para seres não pensantes o fato de se anunciar o funerai de um
imortal. Inté.
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