domingo, 10 de dezembro de 2017

ARENGA 462


“A Folha de São Paulo apresenta a seus leitores, com exclusividade, a coleção Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Nela, estão reunidos alguns dos mais importantes autores e obras clássicas da história e da economia, da sociologia e da literatura, que permitem redescobrir o país e toda a riqueza e complexidade da cultura brasileira. Às voltas com a comemoração dos 500 anos do Descobrimento, o leitor vai entender como e por que o Brasil se tornou o que é”.

Assim começa a apresentação dos dois volumes de OS DONOS DO PODER, de autoria do intelectualíssimo doutor Raimundo Faoro. Entusiasmado com a possibilidade de encontrar uma obra que desvendasse o mistério que mantém um país de imensas riquezas como o Brasil em situação de tal penúria que a única coisa ouvida de seu povo é justificado queixume de misererê. Além disso, também intrigado pela realidade ainda não explicada de ser o povo do mundo inteiro submetido à obrigação de cumprir fielmente o dever de sustentar uma plêiade de parasitas que em troca de muita mentira e discursos vazios se autodenominam EXCELÊNCIAS, REIS e RAINHAS, todos com contas nos infernos fiscais, esnobes que se consideram semideuses,  acreditando encontrar no livro Os Donos do Poder, que um brasileiro desnudasse tal mistério, comprei os dois volumes da obra citada, mas perdi tempo e dinheiro porque os intelectuais não fazem outra coisa senão tergiversar inutilmente sobre questões que nada têm a ver com nossa qualidade de vida, dando a impressão de estar tudo muitíssimo bem, embora esteja o tudo tão mal que o mundo se encontra à beira da extinção. Foi apenas mais uma das decepções a que são acometidos todos aqueles que superaram o analfabetismo político e passaram a saber que as tergiversações dos intelectuais quando não são apenas demonstração de erudição inútil, como se vê da página 273 do primeiro volume de Os Donos do Poder, quando o autor emprega a palavra PRÓDROMOS para expressar PRELIMINARES, COMEÇOS, OU PRINCÍPIOS. Tais tergiversações podem mesmo ser grandemente nocivas à evolução social rumo a uma sociedade civilizada como é a declaração do intelectualíssimo senhor Vargas Llosa ao afirmar que o capitalismo teve pleno êxito em proporcionar bem-estar social, ou ainda dos egressos das Harvards e das Sorbones do mundo que afirmam ser a concorrência a forma ideal para se viver em sociedade, quando ninguém que não seja tão imbecil a ponto de se ligar em igreja e futebola sabe perfeitamente que a desunião fomentada pela competição da concorrência é a fonte de onde provêm todos os males do mundo uma vez que ela se apoia na enganação, esperteza, mentira, falsidade e desonestidade, elementos indispensáveis à formação das grandes riquezas oriundas da competição que pessoas amorais em sua monumental ignorância social exibem mundo afora, numa clara demonstração de ter sido a criminalidade convertida em mérito. Absolutamente nada justifica que filósofos modernos como Huberto Rohden, na página 19 do livro Porque Sofremos, afirme ter Deus criado o homem, ignorando que segundo o historiador Edward McNall Burns, página 792 de História da Civilização Ocidental, segundo volume, já por volta de quinhentos anos antes de Cristo o pensador Anaximandro recusava esta teoria cuja falsidade veio finalmente a ser confirmada depois pelos estudos de Darwin e seus seguidores. Mesmo um adolescente menos imbecil do que os futucadores de telefone pode perceber a semelhança entre nós e os demais animais. Tivesse o ser humano sido criado por Deus seria algo muito melhor do que um saco ambulante de bosta e doenças. Além disto, será que também como os analfabetos que lotam as igrejas o filósofo contesta a ciência ao afirmar que o mundo existe há mais de seis ou sete mil anos e que somos frutos de uma lenta evolução que vem ocorrendo há milhões de anos? Como perder tempo com inutilidades é o forte dos intelectuais, o filósofo acredita que a palavra CRIAR é mixuruca para expressar a ação de Deus e a substitui por CREAR. Quem duvidar, dê uma olhadinha na página 19 do livro Porque Sofremos. A religiosidade é uma estupidez tão grande que seus adeptos têm seu Deus como uma suntuosidade cuja capacidade não tem limites, mas que não foi capaz de fazer com que o homem procedesse como desejava ao ser enganado por algo tão insignificante como uma cobra.

Tão inútil quando o CREAR e o PRÓDROMOS dos filósofos e os intelectuais é saber no que o Brasil se tornou. Em que se tornou o Brasil? Para desgosto de quem evoluiu de povo para gente, ele se tornou em algo tão repugnante que seus políticos deram origem à afirmação de que OS POLÍTICOS E AS FRALDAS PRECISAM SER TROCADOS COM FREQUÊNCIA PELO MESMO MOTIVO. E o motivo é a sujeira. Realmente, no Brasil a política exala o mesmo cheiro do conteúdo das fraldas. A coisa atingiu níveis tão alarmantes de desmandos que embora ninguém desconheça serem as assembleias de “representantes” do povo um antro de criminalidade, a mais alta corte de justiça do país atribui à bandidagem que as integram o direito de absolver seus membros da condenação imposta por algum juiz cumpridor do dever.  Se nas outras partes do mundo, disfarçadamente, o povo faz papel de burro de carroça ao trabalhar para sustentar parasitas em troca da ração que lhe mantém vivo, aqui no Brasil dispensa-se o disfarce e os parasitas debocham na cara do seu povo festeiro apesar de infeliz. Aqui, abertamente, funcionários do mais alto escalão da justiça acobertam crimes de políticos corruptos de forma tão acintosa que agridem verbalmente a imagem dos funcionários de segundo escalão que por estarem mais em contato com a ansiedade social tentam combater a ação perniciosa de tais criminosos. Bandidos cujos crimes dão origem à miséria da qual provém a violência que infelicita o povo contam com aliados em absolutamente todas as instituições públicas e privadas, não excluindo nem mesmo as de ensino, o que denuncia ter sido as instituições de ensino transformadas em escolas que ensinam criminalidade. O fato de ter sido o juiz Sergio Moro hostilizado por estudantes brasileiros e portugueses em Portugal quer dizer que os jovens atuais, mirando um futuro desonesto, repudiam a ação daquele juiz contra criminosos. Para encurtar conversa, a imprensa diz que os imbecis do Brasil comem cinco mil vezes mais a quantidade de veneno que comem os imbecis da Europa que também o comem. Ou não é um completo imbecil quem come veneno sabendo que ele mata? Inté.

 

 

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