“A Folha de São Paulo apresenta a seus leitores, com
exclusividade, a coleção Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Nela, estão
reunidos alguns dos mais importantes autores e obras clássicas da história e da
economia, da sociologia e da literatura, que permitem redescobrir o país e toda
a riqueza e complexidade da cultura brasileira. Às voltas com a comemoração dos
500 anos do Descobrimento, o leitor vai entender como e por que o Brasil se
tornou o que é”.
Assim
começa a apresentação dos dois volumes de OS DONOS DO PODER, de autoria do
intelectualíssimo doutor Raimundo Faoro. Entusiasmado com a possibilidade de
encontrar uma obra que desvendasse o mistério que mantém um país de imensas
riquezas como o Brasil em situação de tal penúria que a única coisa ouvida de seu
povo é justificado queixume de misererê. Além disso, também intrigado pela
realidade ainda não explicada de ser o povo do mundo inteiro submetido à
obrigação de cumprir fielmente o dever de sustentar uma plêiade de parasitas que
em troca de muita mentira e discursos vazios se autodenominam EXCELÊNCIAS, REIS
e RAINHAS, todos com contas nos infernos fiscais, esnobes que se consideram
semideuses, acreditando encontrar no
livro Os Donos do Poder, que um brasileiro desnudasse tal mistério, comprei os
dois volumes da obra citada, mas perdi tempo e dinheiro porque os intelectuais
não fazem outra coisa senão tergiversar inutilmente sobre questões que nada têm
a ver com nossa qualidade de vida, dando a impressão de estar tudo muitíssimo
bem, embora esteja o tudo tão mal que o mundo se encontra à beira da extinção. Foi
apenas mais uma das decepções a que são acometidos todos aqueles que superaram
o analfabetismo político e passaram a saber que as tergiversações dos
intelectuais quando não são apenas demonstração de erudição inútil, como se vê
da página 273 do primeiro volume de Os Donos do Poder, quando o autor emprega a
palavra PRÓDROMOS para expressar PRELIMINARES, COMEÇOS, OU PRINCÍPIOS. Tais
tergiversações podem mesmo ser grandemente nocivas à evolução social rumo a uma
sociedade civilizada como é a declaração do intelectualíssimo senhor Vargas
Llosa ao afirmar que o capitalismo teve pleno êxito em proporcionar bem-estar
social, ou ainda dos egressos das Harvards e das Sorbones do mundo que afirmam
ser a concorrência a forma ideal para se viver em sociedade, quando ninguém que
não seja tão imbecil a ponto de se ligar em igreja e futebola sabe
perfeitamente que a desunião fomentada pela competição da concorrência é a
fonte de onde provêm todos os males do mundo uma vez que ela se apoia na
enganação, esperteza, mentira, falsidade e desonestidade, elementos
indispensáveis à formação das grandes riquezas oriundas da competição que
pessoas amorais em sua monumental ignorância social exibem mundo afora, numa
clara demonstração de ter sido a criminalidade convertida em mérito. Absolutamente
nada justifica que filósofos modernos como Huberto Rohden, na página 19 do
livro Porque Sofremos, afirme ter Deus criado o homem, ignorando que segundo o
historiador Edward McNall Burns, página 792 de História da Civilização
Ocidental, segundo volume, já por volta de quinhentos anos antes de Cristo o
pensador Anaximandro recusava esta teoria cuja falsidade veio finalmente a ser
confirmada depois pelos estudos de Darwin e seus seguidores. Mesmo um adolescente
menos imbecil do que os futucadores de telefone pode perceber a semelhança
entre nós e os demais animais. Tivesse o ser humano sido criado por Deus seria
algo muito melhor do que um saco ambulante de bosta e doenças. Além disto, será
que também como os analfabetos que lotam as igrejas o filósofo contesta a
ciência ao afirmar que o mundo existe há mais de seis ou sete mil anos e que
somos frutos de uma lenta evolução que vem ocorrendo há milhões de anos? Como
perder tempo com inutilidades é o forte dos intelectuais, o filósofo acredita
que a palavra CRIAR é mixuruca para expressar a ação de Deus e a substitui por
CREAR. Quem duvidar, dê uma olhadinha na página 19 do livro Porque Sofremos. A
religiosidade é uma estupidez tão grande que seus adeptos têm seu Deus como uma
suntuosidade cuja capacidade não tem limites, mas que não foi capaz de fazer
com que o homem procedesse como desejava ao ser enganado por algo tão
insignificante como uma cobra.
Tão inútil
quando o CREAR e o PRÓDROMOS dos filósofos e os intelectuais é saber no que o
Brasil se tornou. Em que se tornou o Brasil? Para desgosto de quem evoluiu de
povo para gente, ele se tornou em algo tão repugnante que seus políticos deram
origem à afirmação de que OS POLÍTICOS E AS FRALDAS PRECISAM SER TROCADOS COM
FREQUÊNCIA PELO MESMO MOTIVO. E o motivo é a sujeira. Realmente, no Brasil a
política exala o mesmo cheiro do conteúdo das fraldas. A coisa atingiu níveis
tão alarmantes de desmandos que embora ninguém desconheça serem as assembleias
de “representantes” do povo um antro de criminalidade, a mais alta corte de
justiça do país atribui à bandidagem que as integram o direito de absolver seus
membros da condenação imposta por algum juiz cumpridor do dever. Se nas outras partes do mundo,
disfarçadamente, o povo faz papel de burro de carroça ao trabalhar para sustentar
parasitas em troca da ração que lhe mantém vivo, aqui no Brasil dispensa-se o
disfarce e os parasitas debocham na cara do seu povo festeiro apesar de
infeliz. Aqui, abertamente, funcionários do mais alto escalão da justiça
acobertam crimes de políticos corruptos de forma tão acintosa que agridem
verbalmente a imagem dos funcionários de segundo escalão que por estarem mais
em contato com a ansiedade social tentam combater a ação perniciosa de tais
criminosos. Bandidos cujos crimes dão origem à miséria da qual provém a
violência que infelicita o povo contam com aliados em absolutamente todas as
instituições públicas e privadas, não excluindo nem mesmo as de ensino, o que
denuncia ter sido as instituições de ensino transformadas em escolas que
ensinam criminalidade. O fato de ter sido o juiz Sergio Moro hostilizado por
estudantes brasileiros e portugueses em Portugal quer dizer que os jovens
atuais, mirando um futuro desonesto, repudiam a ação daquele juiz contra
criminosos. Para encurtar conversa, a imprensa diz que os imbecis do Brasil
comem cinco mil vezes mais a quantidade de veneno que comem os imbecis da
Europa que também o comem. Ou não é um completo imbecil quem come veneno
sabendo que ele mata? Inté.
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