quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

ARENGA 464


400 mil poupadores tungados por bancos morreram sem ver acordo de reparação. Com este título, pode-se tomar conhecimento no blog do Josias de Souza, da resposta à pergunta sobre o que mais teria chamado a atenção dele, o entrevistado, Dr. Luiz Fernando Casagrande, advogado dos poupadores roubados. Eis a resposta do advogado: “Primeiro, a constatação de que temos o Judiciário mais caro do mundo em relação ao PIB. Mesmo assim, não conseguimos resolver em duas décadas um litígio que atingia 2 milhões de pessoas. O Judiciário é caro e ineficiente. Em segundo lugar, me impressionou muito a força que os bancos têm no STJ. Eles ganharam todas as teses que levantaram para reduzir o montante da dívida. Isso forçou os poupadores a aceitarem um acordo que não contempla o que eles queriam.” Esse “queriam”, está mal colocado porque, na verdade, não só queriam, como também tinham pleno direito. O dinheiro teria de ser devolvido com o mesmo poder de compra que tinha na época em que foi desapropriado pelo governo. Portanto, o “queriam” não esclarece toda a realidade.

Demonstrações de que povo é sinônimo de burro de carroça estão à toda prova. Entre os comentários à entrevista acima citada, um deles diz que em nosso país só há espertos e canalhas que fazem do povo bobo. Verdade que nosso povo é um burro que puxa carroça mais pesada que a carroça de outros povos. Entretanto, todos os povos do mundo não fazem outra coisa senão também puxarem sua carroça. Falta um despertar para a realidade de viver a humanidade uma farsa monumental. Tudo são falsidades, e o povo do mundo inteiro, ricos e as várias espécies e subespécies de não ricos haverão de amargar as consequências de uma vida fundamentada em falsidades. Fala-se numa tal de democracia como se fosse uma bênção para os sofrimentos humanos, quando, na verdade, é uma grande mentira. Ficando a escolha dos mandatários a cargo do povo, o resultado é serem eleitos aqueles que mais promovem o sofrimento desse mesmo povo que os escolheu. Tomando-se por exemplo os Estados Unidos, país cujo espírito tem a forma de cifrão. Ali, apesar de uma destas pesquisas idiotas revelar que a senhora Hillary Clinton é a personalidade mais admirada por aquele povo da bunda branca, ela perdeu a eleição para o monstruoso Trump de cujas ações decorrerão ainda maiores sofrimentos não só para aquele povo adorador de riqueza e infelicitado pelo medo dos inimigos, mas também para o mundo inteiro ante a opção feita pelo presidente escolhido de manter a agressão à natureza para não prejudicar a sede de riqueza dos Reis Midas. O engodo da democracia, entre nós, está refletida na eleição dos declarados inimigos do povo que perseguem abertamente os funcionários públicos cumpridores do dever de zelar pela sociedade, e protegem os criminosos de forma tão aberrante a ponto de se perdoar o crime de corrupção por ser considerado um crime não violento, quando, na realidade, é muito mais violento do que o crime à mão armada que vitima apenas um, enquanto o crime de corrupção vitima a sociedade inteira.

A humanidades só terá infelicidades enquanto perdurar a cultura do acúmulo de riqueza e de pobreza, cultura que se perpetuará enquanto o povo não passar de massa de maldar nas mãos de um por cento da humanidade. A vida só poderá ser agradável quando o povo sair da condição de massa bruta e for capaz de entender o que se passa por trás de notícias como esta no jornal Folha de São Paulo: “Os brasileiros que andam céticos sobre o futuro ganharam de presente nos últimos dias do ano duas histórias que fazem pensar no que ainda dá certo no país. Mesmo quem nunca tinha prestado atenção na cantora Anitta pôde perceber como ela foi longe. Aos 24 anos, rebolando numa favela carioca com um biquíni de fita isolante, sem vergonha de expor as imperfeições do próprio corpo, ela atraiu a atenção de milhões de pessoas para o clipe de sua nova música na internet.” Algo de verdadeiramente estranho acontece com um povo que se liga em coisas assim estando diante de uma situação em que as maiores autoridades não só protegem os crimes contra a administração pública, mas também os praticam. Não menos necessária de ponderação é a notícia que os papagaios de microfone dão sobre o fato de Neymar chegar de jatinho em Barra Grande, na Bahia, onde há um luxuoso hotel que dizem ser de propriedade de Duda Mendonça, portanto, adquirido com dinheiro roubado do povo que nem sequer desconfia dos motivos pelos quais professores recebem salários miseráveis e são agredidos, enquanto jogador de futebola vai curtir descanso milionário. A falsidade da vida é tão grande que mediocridades são elevadas à categoria de “famosos”, “celebridades” e reis, na verdade, personalidades simplesmente ridículas e ávidas por riqueza, que se acham realmente importantes, o que se deve a ser elevado seu grau de ignorância. O fato de multidões prestigiarem estes idiotas lembra o conto de Machado de Assis A Igreja do Diabo, no qual tendo o Diabo resolvido fundar sua igreja, teve multidões ao pé de si, do mesmo modo que a turba de mendigos espirituais de atores de Hollywood correm atrás do estelionatário fundador da igreja da Cientologia.

Sendo o povo o verdadeiro responsável pelos recursos de custear as despesas da sociedade humana, nunca, jamais, em tempo algum, pode ele permanecer na condição de mero espectador do que está sendo feito desses recursos. Absolutamente nada pode justificar uma apatia tão grande a ponto de ser indiferente aos gastos astronômicos com templos religiosos, palácios e mais palácios para políticos, imensas fortunas absorvidas em esporte e corrupção. Aliás política e religião são os dois gumes da peixeira de escalpelar o povo. Na página 32 do livro 1808, de Laurentino Gomes, tem-se o seguinte sobre a política e a igreja: D. João Morava no palácio de Mafra, mistura de palácio, igreja e convento. Tinha 264 metros de fachada, 5.200 portas e janelas e 114 sinos. O refeitório media cem metros de comprimento. Sua construção levou 34 anos e chegou a mobilizar 45.000 homens. O mármore tinha vindo da Itália. A madeira, do Brasil. Ficou pronto em 1750, no auge da produção de ouro e diamantes em Minas Gerais. Além dos aposentos da corte e de seus serviçais, havia trezentas celas usadas para alojar centenas de frades. Era nesse edifício gigantesco e sombrio que D. João passava seus dias longe da família, entre reuniões com ministros do governo e missas, orações e cânticos religiosos”.

Enquanto pais desnaturados não perceberem o engodo da religião estarão levando suas inocentes crianças para as igrejas onde aprenderão a serem tão estúpidas quanto eles ao acreditarem que seu bem-estar depende de Deus e não da política. Aprenderão haver um motivo nobre no gesto ridículo do Papa beijando o pé do presidiário ou um boneco em forma de criança, coisas sobre as quais faz-se necessário meditar profundamente. O Natal que a massa bruta encara com respeito, na verdade, é um meio de aumentar a riqueza dos Reis Midas do Mundo. Em matéria intitulada O NATAL DAS CRIANÇAS CLANDESTINAS, publicada no blog Outras Palavras, escola de alfabetização política, o jornalista Nuno Ramos de Almeida declara com todas as letras: Para mim, o Natal sempre foi uma merda. A religiosidade é a maior das mentiras que envolve a humanidade. Por trás do manto de bondade há um mundo de maldade. Na página 362 do livro Deus Um Delírio, acusado de hostilidade contra a religiosidade, seu autor, Richard Dawkins, diz o seguinte: “... essa hostilidade que eu ou outros ateus às vezes expressamos contra a religião limita-se a palavras. Não vou atacar ninguém com bombas, decapitar ninguém, apedrejar ninguém, queimar ninguém em fogueiras, crucificar ninguém nem lançar aviões contra arranha-céus só por causa de uma discordância ideológica”. Entretanto, tais ponderações passam ao largo da capacidade de entendimento da malta ignorante com os filhos escanchados no pescoço rumo às igrejas. A religiosidade é algo tão estúpido que analfabetos contestam cientistas. Para os religiosos, na verdade brutamontes espirituais, as coisas do mundo só existem há seis mil anos e nós já surgimos no mundo do mesmo modo como somos hoje.

Enquanto o povo, principalmente a parte jovem dele, permanecer na condição de massa de moldar nas mãos dos escravocratas e imbecis ricos donos do mundo a vida não será diferente da vida do burro de carroça cuja atividade se limita a produzir uma riqueza da qual não usufrui, comer, trepar e cagar. Ou a massa bruta de povo substitui por civilidade a personalidade do bicho que já fomos, ou então estará eternamente destinada a levar ferro. É o próprio representante da classe que ajuda os ricos a atochar o ferro no povo que assim o declara. Ninguém menos do que o economista Joseph E. Stiglitz, no primeiro parágrafo do prefácio do livro O Mundo Em Queda Livre, diz o seguinte: “Na grande recessão que começou em 2008, milhões de pessoas, nos Estados Unidos e em todo o mundo, perderam casas e empregos. Muitos mais sofreram a angústia de temer que lhes ocorresse o mesmo, e quase todos os que pouparam dinheiro para a aposentadoria ou para a educação dos filhos viram seus investimentos reduzir-se a apenas uma fração do seu valor. A crise, que teve início nos Estados Unidos, logo se tornou global: dezenas de milhões de pessoas pelo mundo afora perderam seus empregos – só na China foram 20 milhões – e dezenas de milhões caíram na pobreza”.

Esse é o destino da massa bruta de povo que ignora o malefício que recairá sobre seus filhos em decorrência do compra-compra. Como urubus ante uma carniça, avançam os biltres aos montes para as lojas, queimam o dinheirinho sofrido no pipocar de fogos de artifício, esperneiam no axé, no futebola e nas igrejas, para regozijo de seus escravizadores, enquanto é tão fácil pensar de qual fonte provém tanta estupidez. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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