O mundo é muito interessante. São
mais de sete bilhões de seres humanos divididos em dois grupos de idiotas:
enganados e enganadores. No frigir dos ovos, estão todos enganados. Os
enganadores não são mais do que um por cento dos seres brutos que compõem a
humanidade. Tirando fora estes idiotas, sobram os idiotas enganados que por nem
desconfiar serem enganados, vivem a curtir as festas com as quais os
enganadores lhes enganam. Entretanto, quem observou a vida durante oitenta e um
anos percebe que ambos estão enganados. Os enganadores, embora dizendo ter a
paz e a felicidade por objetivo, vivem infelizes e desassossegados pelo medo de
se tornarem objeto do desespero dos enganados. Estes, embora também visando o
mesmo objetivo de felicidade, são tão infelizes quanto aqueles porque parte
deles está agrilhoada a um emprego que lhes suga a vitalidade em troca do
sustento, portanto, escravos em todo o sentido da palavra. Pior ainda que os
enganados pelo emprego são os que nem emprego têm por ser impossível haver
emprego para todos, restando-lhes o desassossego da fome. O escritor Edmilson
Movér me disse um dia que minhas ideias só seriam entendidas daqui a duzentos
ou trezentos anos. A princípio, não vi fundamento no que ele disse visto não
ser eu intelectual e falar a mesma linguagem chula do povo. Assim, não
conseguia entender o porquê da dificuldade de ser entendido. Mais recentemente,
todavia, começo a perceber haver razão no raciocínio do meu amigo escritor e
ensaísta. Quanto mais velho e experiente fico, quanto mais contato tenho com o
povo, também mais convencido fico de ser inteiramente impossível que as pessoas
possam perceber outra realidade que não esta falsa realidade repassada de
geração a geração através de pais absolutamente equivocados ao ensinar a seus
filhos serem Deus e dinheiro as coisas mais importantes da vida. Este é um
entendimento tão equivocado que embora tendo cada um dos mais de sete bilhões
de seres humanos por objetivo primeiro e acima de tudo uma vida tranquila, absolutamente
nenhum deles logrou alcançá-la. Continuará inalcançável tal objetivo enquanto
seus perseguidores se apoiarem em falsos os princípios tais como a submissão a falsos
líderes sem se cogitar da necessidade de participar o grupo inteiro da
administração pública da qual depende sua qualidade de vida, ficando tamanha
responsabilidade a cargo de apenas alguns seres totalmente desprovidos do
altruísmo inerente aos líderes, o que se deve ao fato de ser ainda demasiadamente
forte nos seres humanos a falta de percepção da necessidade de cooperação e
solidariedade entre eles. Esta é uma condição indispensável para se poder levar
a vida com menor dose de sofrimentos. A modalidade de ser a riqueza pública
entregue a meia dúzia de seres humanos tão brutos quanto os demais fracassou e
continuará no fracasso enquanto o interesse da massa bruta de povo continuar
fora do que se passa nos bastidores da política, dando preferência a assuntos
do tipo desta notícia na imprensa: Ana Hickmann responde com bom humor
comentário sobre sua bunda.
O fato de
não ter ainda o ser humano superado o estado de natureza bruta foi observado
pelo Grande mestre do Saber Richard Dawkins de acordo com o pensamento exposto na
página 40 do livro O Gene Egoísta, de que para se construir uma sociedade na
qual os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente para o bem-estar
comum não se deve contar com ajuda da natureza biológica uma vez que nascemos
egoístas. Aqui o grande pensador acionou a tecla que faz aparecer na tela toda
a causa da infelicidade humana e que outra não é senão o fato de serem as
pessoas tão natureza quanto os bichos do mato, razão pela qual ainda decorrerão
anos luz sem que a humanidade seja capaz de alcançar desenvoltura mental suficiente
para entender que a vida coletiva não pode abrir mão de um sentimento
altruístico. É tão extraordinária a insignificante da capacidade de percepção do
ser humano que eles estão convencidos de terem sido criados há apenas seis mil
anos por uma entidade mitológica e a partir de um punhado de terra. Entretanto,
se a vida não for destruída antes do surgimento de uma juventude inteligente, a
humanidade poderá escolher melhor caminho. O próprio autor de O Gene Egoísta,
na mesma página 40, dá uma dica nesse sentido da seguinte forma: “Os nossos genes podem nos instruir para
sermos egoístas, mas não somos necessariamente forçados a obedecê-los a vida
toda. Pode penas ser mais difícil para nós aprender o altruísmo do que seria se
estivéssemos geneticamente programados para sermos altruístas”. Esta
conclusão do Grande Mestre do Saber mostra que a humanidade pode muito bem
passar da animalidade para a espiritualidade quando assim o desejar.
É de se
observar, entretanto, que mesmo os Grandes Mestres do Saber não se empenham
diretamente na necessidade de se ter por objetivo primeiro a qualidade de vida
acima de qualquer outra coisa, inclusive das especulações filosóficas que nada
têm a ver com o objetivo por todos visado de ter uma vida com o menor número
possível de sofrimentos. É mesmo Richard Dawkins que mostra à humanidade a
desnecessidade de se viver tão mal que se perde em elucubrações alheias ao
objetivo de se viver melhor, como se vê do capitulo de O Gene Egoísta,
intitulado – Por Que As Pessoas Existem? – que começa assim: “A vida inteligente de um planeta atinge a
maioridade no momento em que compreende pela primeira vez a razão de sua
existência. Se criaturas superiores vindas do espaço um dia visitarem a terra,
a primeira pergunta que farão, de modo a avaliar o nível da nossa civilização,
será: “Eles já descobriram a evolução?”. Ora, o nível de evolução
espiritual de um povo pode ser aferido pela qualidade de vida desfrutada por
esse povo, o que independe de conhecer a realidade de ser ele fruto da evolução
e não da mentira da Criação. O bem-estar coletivo é fruto da boa aplicação do
erário. Quando a humanidade aprender esta verdade, o mundo será infinitamente
melhor. Nada, absolutamente nada pode justificar os gastos com milhões de armas
e homens treinados para brigar. Enquanto perdurar tal mentalidade, haverá uma
igreja e uma farmácia a cada esquina e infelicidade em todo canto. Inté.
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