quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ARENGA 466


De todas as línguas faladas na Terra, nenhuma delas tem um termo capaz de expressar o grau da estupidez que orienta o comportamento humano. Para os grandes pensadores, povo é termo tão pejorativo que viver no meio dele provoca um mal-estar corresponde ao causado por uma doença. Realmente, e nem precisa ser um grande pensador para se sentir incomodado no meio de uma malta para a qual a vida se resume no momento presente, como se o amanhã não lhe reservasse uma UTI onde curtir o resultado da passagem dos anos. Isso se tiver dinheiro para custear a despesa porque se não tiver amargará um corredor de hospital onde chorar. A euforia dos festejamentos dá a entender que a vida é uma alegria eterna, embora a miséria à volta denuncia coisa tão diferente que uma criança atingida por bala perdida, o que é comum nesse belo país de triste sorte, perambulou prá lá e prá cá até morrer sem atendimento médico. E esta história de povo civilizado aqui e ali é uma grande mentira porquanto em qualquer lugar povo é a mesma massa bruta de seres tão bestiais que seu comportamento não é diferente do comportamento das feras, porquanto também se destroem mutuamente. Além disso, nunca foi mais do que capacho sobre o qual falsos líderes pisoteiam. Aí está a imprensa noticiando que os ingleses das bundas brancas tidos como civilizados abastecem conta nos infernos fiscais para sua adorada rainha. O mesmo comportamento antissocial demonstram também os suíços quando procuram proteger os corruptos brasileiros cujos crimes dão origem à falta de socorro que salvasse a vida das criancinhas que morrem por falta de tudo. Entretanto, se o desatino é geral, aqui entre nós dá para qualquer Zemané perceber tratar-se do povo ainda mais povo do que o povo dos outros lugares. É de um ridículo indescritível o quadro em que pseudo cientistas políticos entrevistados por papagaios de microfone papagaiam ambos chavões seculares sobre democracia, respeito à opinião pública, vontade do povo, tripartição de poderes, justiça, economia, pesquisa de intenção de voto, campanha eleitoral, financiamento de campanha, eleição, democracia. Tudo é uma baboseira cujo ridículo não tem tamanho uma vez que o financiamento resulta na dependência do eleito ao financiador que conquista o voto da turba através dos espetáculos promovidos pelos molambos mentais denominados “famosos” e “celebridades”. A badalada democracia nada mais é do que uma forma de se ter bandidos ou “salvadores da pátria” eleitos e reeleitos indefinidamente pela malta de ignorantes políticos frequentadores de igreja e futebola, enquanto que a tal de economia resulta em que a massa bruta de povo, para ter água, luz, comida, estrada, casa, estudo para os filhos, segurança e assistência à saúde é obrigada a transformar mastodontes espirituais em multimilionários. Cada uma destas atividades canaliza montanhas de dinheiro para as contas de comparsas dos politiqueiros nos inferno fiscais.

Das entrevistas entre a papagaiada de microfone e os “cientistas” políticos nada resulta porque discorrem sobre problemas sociais, sem, entretanto, nenhuma alusão às causas desses problemas, ignorando o fato de não se poder resolver um problema enquanto perdurarem suas causas. Numa destas entrevistas um papagaio de microfone perguntava ao entrevistado o motivo da violência no Irã. A resposta dá como causa o mal desempenho da economia, o desemprego e a corrupção, caindo assim no ridículo porque aqui entre nós estas coisas são ainda em maiores proporções do que em qualquer outro lugar no mundo. É a própria imprensa que noticia ter sido registrado no Brasil o maior número de mortes violentas nos últimos 10 anos e que a corrupção toma conta de todas as instituições, inclusive da justiça.

A causa de todos os problemas que afligem todos os povos do mundo está no fato de terem todos os governos do mundo por único objetivo atochar o ferro no povo para que este os mantenha em suntuosos palácios nos quais a vida é tão auspiciosa quanto a vida dos deuses olímpicos. O Grande Mestre do Saber, Politzer, reconhece esta realidade quando afirma no livro Princípios Fundamentais de Filosofia, no capítulo A LUTA DE CLASSES ANTES DO CAPITALISMO, diz o seguinte: “... a luta das classes oprimidas conseguiu tão somente a modificação do regime da propriedade privada, substituindo uma forma de exploração por outra”. Se esta realidade é camuflada nos grupos “civilizados”, entre nós ela está aí escancarada para ser vista por quem tem olhos de ver. Tão escancarada que “autoridades” cuja despensa é abastecida pelo povo diz na cara desse povo estar cagando para sua opinião. Portanto, se não se pode resolver problema sem eliminar suas causas, de que adianta papagaiar sobre os problemas que nos afligem enquanto se procura impedir a ação saneadora da Lava Jato visando expurgar a ratazana da administração pública causadora destes problemas? Enquanto atua a ratazana, a massa bruta se esbalda na comemoração do nascimento de Cristo e da mudança de um ano para outro entre tiroteios que atingem os festeiros até dentro de suas casas durante os festejamentos, sem que nem de longe lhes passe pelo lugar onde quem pensa tem a cabeça que os administradores públicos ainda fora da cadeia só não estão lá dentro porque são eles mesmos que fazem as leis e os meios de fraudá-las através de mil e um recursos, no topo dos quais está o Foro Privilegiado que descamba no mais alto órgão da justiça, o STF, onde a conivência de juízes que até perseguem seus colegas zelosos do dever protela o julgamento até acontecer outra artimanha malandra contra o bicho povo chamada prescrição.

A história dos seres humanos mostra que também eles, como os peixes que pulam para dentro da boca do urso, do mesmo modo, buscam sua própria destruição. O que há de extraordinário nessa equivalência de comportamento do homem com o peixe suicida é que os peixes são movidos unicamente pelo instinto que os leva a assim proceder em virtude da necessidade de reprodução, enquanto os seres humanos, dispondo da capacidade de racionar, motivos há que os levam a abrir mão da necessidade de fazer descendentes, de forma que tamanha diferença não deveria permitir tamanha semelhança de comportamento uma vez que os seres humanos se destroem mutuamente a exemplo do que fazem os peixes. Mesmo raciocinando, os seres humanos tergiversam sobre o real e o ideal, mas sem nenhuma conclusão prática porquanto o mundo se encontra muito distante do ideal uma vez que a infelicidade supera de longa o desejo de felicidade que existe em cada ser humano indistintamente. Vez em quando, a experiência adquirida através da observação da vida dá lugar a algum avanço da capacidade de raciocinar, mas o apego ao que é recusa-se a marchar rumo ao que deve ser, e esse comportamento negativo leva à manutenção do primitivismo de quando a noção de sociabilidade se resumia apenas ao relacionamento instintivo entre pais e prole, comportamento que mesmo depois de se ter passado das cavernas para as cidades continua orientando o modo de ser do homem moderno, convencendo-o equivocadamente da possibilidade de se dar bem cuidando apenas de seus interesses particulares sem levar em conta a vida comunitária, resultando daí uma sociedade na qual seus membros atuam contra ela. Esse é o grande problema humano para o qual os intelectuais não apontam suas armas mentais. Ao contrário, muitos deles, estranhamente, fazem pronunciamentos por força de um emprego afirmando ser a competição a melhor forma de se viver em sociedade. Para encurtar conversa, a fim de se perceber haver algo de extremamente descabido no comportamento humano basta atentar para o fato de serem as pessoas realmente menos importantes aquelas consideradas em todo o mundo as mais importantes. Por trás disso estão as mãos e, principalmente, os pés do pão e circo.

O único problema que dá origem a todos os outros problemas é simplesmente a ausência de interesse demonstrada pelos seres humanos ao limitarem ao jogo de cartas marcadas do ato de votar sua participação na aplicação do dinheiro que eles entregam a falsos líderes para que eles façam dele o que bem quiserem. Aí está o aumento de combustíveis do qual decorrerá aumento de todas as coisas em consequência do estrago que a ratazana fez na Petrobrás. Enquanto a turba futucadora de telefone se empolga pelo fato de ter sido aquela empresa ressarcida em um e meio bilhão, ela foi condenada a indenizar investidores americanos em nove e meio bilhões e ainda terá de indenizar também os investidores tupiniquins com o dinheiro que falta para amenizar o sofrimento de quem chora no corredor do hospital e das crianças desassistidas. É inteiramente impossível esperar que dos cupinchas dos Reis Midas do mundo travestidos de governantes possa provir alguma tranquilidade para ninguém, nem para eles próprios, uma vez que de sua atuação resultaram a iminência de uma hecatombe nuclear e a danificação do mecanismo psíquico da juventude em função do vício na parafernália eletrônica que os monstros de cujas bocas escorre baba de dragão inoculam nos jovens em troca de fortunas imensas. A música que os falsos líderes tocam para o povo dançar é música fúnebre. A única coisa que falta para que a realidade apareça é o povo reconhecer que enquanto durar o analfabetismo político seu papal na história será o de capacho. Os falsos líderes mantêm o povo à rédea curta. Logo eles providenciarão para que em vez de nascer de ponta-cabeça o povo já nasça de quatro. Inté.

 





 

 

 

 

 

 

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